Diretor espera recuperar a audiência da Record com 'Pecado Mortal'
A história de Alexandre Avancini com a Record sempre foi de conquistas. Seu primeiro trabalho na emissora, Prova de Amor, foi a novela com maior média geral de audiência nessa nova fase da teledramaturgia, 17 pontos. E ele também foi responsável pela direção do fenômeno Mutantes, que, concorrendo com as primeiras semanas de A Favorita, da Globo, chegou a marcar média de 23 pontos. Agora, voltando à parceria com Carlos Lombardi, com quem já emplacou sucessos como Kubanacan e Uga Uga, na Globo, Avancini tem uma tarefa árdua pela frente: retomar os dois dígitos de Ibope que a emissora vinha mantendo com seus folhetins. "Os investimentos estão sendo feitos e Lombardi é um autor que faz tramas cheias de frescor. Acho que começamos bem e temos condições de melhorar esse quadro atual", avalia.
Suas novelas na Record costumavam ficar mais de um ano no ar. Mas há tempos a Record enfrenta problemas com audiência e termina as tramas antes do tempo. Pecado Mortal pode voltar com essa prática?
Não, nossa previsão é encerrar em maio. Apesar de termos certeza de essa ser a novela mais cara e mais trabalhosa que já fizemos, temos uma previsão de 180 capítulos. Um número que eu acho ideal. Novela que é estendida além do ponto geralmente não termina legal. Não temos a intenção de forçar a barra com essa. Podemos até prolongar por uma semana, mas não muito além disso.
Uma novela de época demanda um cuidado diferente. Como funciona para vocês as cenas de ação?
Fizemos treinamentos com armas da época e temos contratos diferenciados com alguns donos de carros antigos. Teve uma coisa engraçada que aconteceu, logo nas cenas de tiroteio do primeiro capítulo. Quando eu estava olhando o material, já na edição, percebi que iam bater na gente se ficasse do jeito que estava. Hoje, temos pistolas que dão dezenas de tiros, mas na época não. E não havia uma única cena de recarga de munição. Como fazer isso se os revólveres só tinham seis balas? A gente se policia para estar mais atento a esses detalhes. Já peguei carro com logo da montadora errada, que não era da época específica. Aí apagamos. Esse tipo de atenção a gente tem de ter mesmo.
Você diz que essa é, com certeza, sua novela mais cara e trabalhosa. Como funciona a expectativa em relação à audiência?
Nossa meta sempre foi voltar aos dois dígitos. Ficamos satisfeitos com a estreia, quando conseguimos dar 11 pontos de média. Mas sabemos que estamos em um processo de retomada. Viemos de alguns trabalhos que ficaram abaixo desse plano, então trabalhamos principalmente para reconquistar o público que já tínhamos. Nosso ideal é, primeiro, voltar ao patamar anterior. E, é claro, se possível, elevar ele.
A Record, depois de Prova de Amor, parece ter encontrado um espaço em tramas de ação para conquistar o público na teledramaturgia nacional. Mas, depois, passou a deixar mais de lado esse gênero. Por quê?
É inteligente criar seu espaço, sua identidade como emissora no cenário nacional. O SBT está fazendo isso agora, em uma movimentação que nós já fizemos com Mutantes e Rebelde, para público infantil. Mas a retomada das novelas na Record foi um processo e, na época, não tínhamos esse tipo de planejamento. Como no Brasil não temos muitas emissoras, essa prática não é comum aqui. Mas nos Estados Unidos, pelo número grande de canais que há lá, cada um se especializa em um tema. Hoje, já temos um pouco esse espaço de novo, só que no gênero bíblico.
A proposta da Record sempre pareceu ser a de ampliar os horários de teledramaturgia da emissora. Vocês chegaram a ter três faixas de exibição, por um curto período, mas hoje têm só uma. A queda de audiência foi o que motivou essa redução?
Existem fatores externos que, atualmente, nos desestimulam um pouco. Hoje, por exemplo, não temos investimentos maciços em teledramaturgia em função da Copa do Mundo. Os investidores querem só futebol. O Brasil passa por uma recessão também, o que está fechando o mercado publicitário. Se tivéssemos mais um horário de novelas atualmente, não teríamos dinheiro do mercado publicitário para preenchê-lo. O que aconteceria é que os investimentos em uma se dividiriam em duas novelas. Não valeria a pena.