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Diretor de 'Suburbia' quer mostrar periferia sem caricaturas

3 nov 2012 - 10h36
(atualizado às 10h38)
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Geraldo Bessa

A liberdade artística é um dos grandes trunfos de Luiz Fernando Carvalho. E em Suburbia, seu mais novo trabalho na TV Globo, ele exibe novamente sua autonomia dentro da emissora. "Ninguém me pediu um trabalho voltado para a classe C. Falei das minhas ideias e do meu conceito para a direção da casa e eles toparam. Inclusive, sem uma grande estrela protagonista nos créditos", conta o diretor de séries "cabeças" e artesanais como Capitu e Afinal, O Que Querem As Mulheres?.

Na série de oito episódios, o diretor carioca conta a história de amor entre Conceição e Cleiton, de Erika Januza e Fabricio Boliveira: uma paixão intensa ambientada em Madureira, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. "A história deles é crua e sem firulas! Assim como a realidade. As gravações marcaram o meu reencontro com o subúrbio e foram uma experiência de transgressão com o que há de pitoresco e caricato das expressões humanas na tevê", filosofa o diretor de 52 anos, 25 destes dedicados à televisão, onde estreou como diretor em Helena, novela da extinta Manchete.

Dos diretores de núcleo da TV Globo, você é um dos únicos que comete ousadias na forma e no conteúdo de suas produções. O que Suburbia agrega a essa trajetória?

Luiz Fernando Carvalho - Esse trabalho é minha volta ao básico. Suburbia não tem produção artesanal e muito menos estética lúdica. Eu trabalho com a rua, com o povo, com atores estreantes, em um processo de desconstrução de todos os trabalhos de tom barroco que desenvolvi nos últimos anos. Eu me orgulho muito de trabalhos como Hoje é Dia de Maria e A Pedra do Reino. E acredito que passar por esses clássicos foi fundamental para chegar até esse novo projeto.

Por quê?

Luiz Fernando Carvalho - Para desconstruir algo, é preciso primeiro construir. É um exercício. Não só para mim, mas para toda a minha equipe. Eu prezo muito pelas pessoas que embarcaram nas minhas ideias nestes últimos trabalhos. E a gente fez esse processo de limpeza de visão juntos.

A TV Globo tem apostado cada vez mais em produções voltadas para a classe C e Suburbia dialoga diretamente com esse segmento. Houve alguma pressão para você enquadrar seu novo trabalho na linha de novelas como Avenida Brasil?

Luiz Fernando Carvalho - De forma alguma. Suburbia é um dos meus trabalhos mais autorais. Pelas últimas novelas, é perceptível o interesse da Globo no subúrbio, mas ninguém da emissora me solicitou uma série falando sobre esse universo. A história de Suburbia já estava na minha cabeça e anotações há mais de 10 anos. Quando me pediram uma produção inédita, abri minha gaveta e resolvi contar essa história. São produções tão diferentes, que é impossível traçar qualquer comparação.

Você assina o roteiro de Suburbia junto com o escritor Paulo Lins, autor do livro que deu origem ao filme Cidade de Deus. Como foi o processo de criação a quatro mãos?

Luiz Fernando Carvalho - Quando surgiu a oportunidade de levar minhas ideias de Suburbia ao ar, pensei logo nele para me ajudar nessa empreitada. A gente trabalhou em cima da realidade, não aquela coisa inventada e estereotipada das novelas, mas uma periferia real. Poética, mas real. Nosso primeira conversa já deu a entender que o processo seria tranquilo. Falamos muito sobre política, raça e preconceito. Eu admiro muito o trabalho dele e nossas ideias foram se encontrando sem grandes atritos.

Diferentemente de outras produções com a sua assinatura, a nova série foi inteiramente gravada em externas. Quais as complicações de um trabalho desse estilo?

Luiz Fernando Carvalho - Não dá para retratar o subúrbio no estúdio. Fica feio e "fake". É extremamente mais trabalhoso e caro gravar apenas em locações. Fico dependente de uma séries de questões envolvendo clima e até segurança pública. Mas foi a opção mais acertada. Estivemos em bairros como Madureira, Quintino, Ramos, Piedade, na Ilha de Paquetá e em algumas regiões de Jacarepaguá. No final, a periferia do Rio de Janeiro não serviu apenas como cenário de uma história de amor, ela virou personagem.

Luiz Fernando Carvalho, pose, TV Press
Luiz Fernando Carvalho, pose, TV Press
Foto: Luiza Dantas/ Carta Z Notícias / TV Press
Fonte: TV Press
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