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Peça LGBT ‘Bruta Flor’ ganha nova montagem com atriz trans

Carol Marra interpreta mulher cisgênero que engravida do marido enrustido e homofóbico

23 mai 2018 - 15h44
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Fernando Zilli, André Pottes e Carol Marra: representação da intolerância contra a diversidade
Fernando Zilli, André Pottes e Carol Marra: representação da intolerância contra a diversidade
Foto: Victor Iemini/Divulgação / Sala de TV

Estreia nesta quarta-feira (23), no teatro União Cultural, na região da Avenida Paulista, em São Paulo, a nova temporada de ‘Bruta Flor’.

O espetáculo escrito por Vitor de Oliveira e Carlos Fernando Barros discute a intolerância contra gays e a homofobia internalizada.

Após o sucesso de público e crítica conquistado em 2016 e no ano passado, o diretor Marcio Rosário escalou outros atores para a peça realizada pela produtora Três Tons Visuais.

Daniel Silveira e Marcio Rosário, produtores de ‘Bruta Flor’: teatro engajado contra o preconceito
Daniel Silveira e Marcio Rosário, produtores de ‘Bruta Flor’: teatro engajado contra o preconceito
Foto: Divulgação / Sala de TV

A dramaturgia aborda o relacionamento de dois homens, Lucas (André Pottes) e Miguel (Fernando Zilli).

Amigos de infância, eles tiveram uma experiência sexual na adolescência. Reencontram-se adultos.

Enquanto um deles exprime sua homossexualidade livremente, o outro, casado com uma mulher, usa a homofobia como escudo para o desejo reprimido.

Carol Marra interpreta uma mulher cis após vários papéis de transexuais
Carol Marra interpreta uma mulher cis após vários papéis de transexuais
Foto: Vivi Pelissari/Divulgação / Sala de TV

A atriz Carol Marra faz uma participação especial. Transexual, a artista vive a esposa do jovem atormentado pela própria sexualidade.

“Nesta nova montagem, minha abordagem está mais profunda e visceral”, diz Rosário. “Há uma dose de espiritualidade, humor e erotismo.”

A trama do triângulo amoroso inclui momentos cômicos, ápices dramáticos e nudez artística, em um cenário lúdico e sob bela iluminação.

O blog conversou com o elenco de ‘Bruta Flor’.

Para o ator André Pottes, a única forma de sensibilizar as pessoas em relação ao combate à intolerância é contando histórias tocantes.

“A peça pode gerar um exercício de empatia no público, permitindo mudar o eixo de visão pelo qual as pessoas olham o mundo externo e também o interno”, afirma.

Na pele de um homem preconceituoso, que não consegue encarar a fluidez da própria sexualidade, Pottes buscou inspiração em pessoas reais.

“Meu personagem é a compilação de cada ignorância e preconceito que todos temos dentro de nós. Fomos criados em uma sociedade patriarcal e machista.”

Para o ator, o teatro tem papel imprescindível para a evolução da sociedade. 

“Enquanto houver teatro haverá provocação, e enquanto houver provocação haverá reflexão e possibilidade de mudança.”

Fernando Zilli tem a nudez usada para representar a liberdade sexual
Fernando Zilli tem a nudez usada para representar a liberdade sexual
Foto: Victor Iemini/Divulgação / Sala de TV

Com quase 2 metros de altura, Fernando Zilli interpreta Miguel, um homem gay livre de pudores. 

Em cena, a exposição do corpo escultural do ator ganha contexto político.

“Nada é gratuito em ‘Bruta Flor’. A nudez se faz absolutamente natural dentro da peça”, explica.

“O corpo é a base de tudo no palco. O meu, vestido ou despido, está sempre a serviço do personagem e da história.”

Carol Marra, transexual que fez cirurgia de redesignação sexual, interpreta uma mulher cisgênero, ou seja, cuja identidade sexual é a mesma do sexo biológico.

“Na Grécia Antiga, os atores faziam papéis masculinos e femininos. É muito normal eu viver uma mulher cis. Inclusive fico muito feliz com essa personagem, pois até hoje a maioria dos convites que recebi foi para interpretar transexuais”, relata.

Ela está disposta a qualquer desafio no teatro, no cinema e na TV: “Sou atriz. Posso fazer mulher, homem, transexual, árvore. Tudo é trabalho”.

Na opinião da artista, não são apenas os formadores de opinião que devem se dedicar às causas sociais.

“O mundo todo precisa se engajar na luta contra a homofobia e a transfobia. Não tem essa de ‘somos todos iguais’. Na verdade, somos todos diferentes e precisamos que essas diferenças sejam respeitadas. Assim, a sociedade será mais justa.”

No processo de composição de sua personagem, que engravida ao longo da peça, Carol Marra conversou com várias mulheres.

“Fiz contato com grávidas para entender a linguagem corporal de quem está gerando um filho. Observei muito o gestual”, relembra.

Ativista social, ela espera que a nova montagem de ‘Bruta Flor’ faça os espectadores saírem modificados do teatro.

“Quero que a gente plante a semente do amor no coração da plateia, e tomara que essa semente germine e tenhamos um mundo com mais amor e carinho.”

Serviço

‘Bruta Flor’ – Teatro União Cultural – Rua Mário Amaral, 209, Paraíso, São Paulo (SP).

Em maio: quartas e quintas às 21h.

Em junho: quartas às 21h.

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