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Meu amor pelo esporte vem da infância livre, diz Cris Dias

Jornalista comenta trajetória na Globo, o assédio na profissão e revela o entrevistado dos sonhos

20 ago 2018 - 10h34
(atualizado às 16h08)
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Inteligente e bem-humorada, Cris Dias sempre imprime sua personalidade nos programas que apresenta e nos boletins esportivos do Bom Dia Brasil. Tornou-se uma referência dentro do jornalismo da Globo.

Cris Dias se destaca pelo profissionalismo e o carisma ao noticiar os mais variados esportes
Cris Dias se destaca pelo profissionalismo e o carisma ao noticiar os mais variados esportes
Foto: TV Globo / Divulgação

Gaúcha, 37 anos, mãe de um garoto, é filha de um ex-jogador do Grêmio, César Oliveira. Em entrevista ao blog, a jornalista comenta a influência do esporte em sua vida, além de falar abertamente sobre algumas ‘bolas fora’ da profissão, como o machismo.

Como foi crescer com um pai jogador de futebol?

Ah, era engraçado. Eu era a única menina na arquibancada da Várzea (risos) e suspeito que meu interesse pelo futebol tenha começado aí. Imagina, meu pai era atacante, eu gritava e torcia muito pro time dele. Tive uma infância bem livre, em contato com a natureza, e pratiquei muitos esportes. Tudo que tive vontade, experimentei. Sempre recebi o estímulo dos meus pais até porque fazer esportes me deixava mais calma em casa. O meu negócio era estar em movimento, seja brincando na rua ou fazendo esporte na escola e no clube. Acho que o amor por esportes outdoor veio daí. E a resiliência, a disciplina e o respeito ao próximo sem dúvida estão atrelados ao esporte. Esporte é cidadania e educação.

Ouça agora o podcast Terra Futebol:

Pensou em atuar em outra área dentro do jornalismo?

Sim. Na faculdade, quase todo mundo da turma queria ir pro esporte. Aí estagiei nas editorias de economia, política e cidade até cair no esporte.

Como avalia esses 12 anos na Globo

Foram anos de muito aprendizado e experiências incríveis que o trabalho me proporcionou e até hoje me proporciona. E ainda me pagam pra fazer isso! (risos) Tenho a oportunidade de estar em lugares incríveis com pessoas interessantes em experiências únicas! Me sinto uma privilegiada. A Olimpíada no Rio foi marcante, estávamos ali, muito bem posicionados, vendo a história acontecer. E com um orgulho danado, porque foi lindo, ao contrário do que todos esperavam. A série Dias de Kite (na qual a jornalista pratica kitesurf em diferentes praias do País) é um prazer. Amo mostrar meu esporte preferido de um jeito lindo para as pessoas. Isso é transformador.

Muitas jornalistas já relataram preconceito e assédio ao cobrir esportes, especialmente o futebol. Passou por alguma situação desagradável ou testemunhou algo do gênero?

A gente às vezes sente o ‘desmerecimento’ porque é mulher, ou bonita. Ou isso ou aquilo. Não vou generalizar, dizer que todos os colegas são assim, mas até gente que amo às vezes é machista sem se tocar. É tão enraizado, cultural, que temos que falar pra conscientizar. Muitas mulheres são machistas e criam filhos assim. Temos que desconstruir isso exatamente dessa forma, fazendo o outro se colocar no lugar, ter empatia, entender o porquê incomoda tanto. Nunca diretamente passei por isso, mas já me senti desconfortável em várias discussões de redação, e também já soube e presenciei cenas lamentáveis com colegas. Fora o que vemos ao vivo! É um trabalho de desconstrução do machismo. E de reiterar o respeito, independentemente do gênero. Se algo me incomoda, se não quero, há de ser respeitado.

Acredita que a campanha ‘Deixa Ela Trabalhar’ gerou algum avanço contra o assédio às jornalistas?

Com certeza assustou alguns desavisados. E também serviu para as pessoas entenderem o limite do assédio, da brincadeira, do consentimento, do constrangimento. A campanha foi e ainda é muito importante no sentido da conscientização e do respeito.

Muitos jornalistas de TV fizeram a transição para o entretenimento. Você tem algum projeto ou se vê nessa área?

Não tenho projetos. Não sei se me vejo, mas acho que sim. Já fiz uma Olimpíada inteira dentro do ‘Mais Você’ (programa de Ana Maria Braga), e algumas outras coisas. Eu curto (risos).

A apresentadora pratica kitesurf, anda de camelo no Marrocos e curte uma praia na Espanha
A apresentadora pratica kitesurf, anda de camelo no Marrocos e curte uma praia na Espanha
Foto: Instagram @crisdiass / Reprodução

Quais seus ídolos esportivos e o entrevistado dos sonhos?

Ayrton Senna, ídolo máximo. Admiro muito o meu amigo Flávio Canto (judoca premiado), pela vida e obra. Adoraria entrevistar o Messi. Mas não por ser um ídolo óbvio. Ele é um ser meio misterioso, dissonante... Seria interessante.

Quem trabalha em TV é muito cobrado pela aparência. As mulheres sofrem ainda mais com isso. Como lida com essa questão?

Tento sublimar. Comigo nem rola tanto isso. Me mantenho saudável porque adoro praticar esporte. Mas essa ditadura da beleza é realmente cruel. Até porque, na minha profissão, a beleza não é o mais importante.

O futebol feminino no Brasil sofre para se manter. O que acha desse descaso com as jogadoras?

Acho terrível, ainda mais porque temos muitos talentos. É uma tristeza, mas é uma questão comercial. Acho que deveríamos fazer uma campanha para o futebol feminino no País. Fora do Brasil, algumas meninas se dão bem. 

Quais são suas maiores referências no jornalismo? Em quem se inspirou?

Tino Marcos, como repórter, é um gentleman, um poeta. Ana Paula Araújo (âncora do Bom Dia Brasil), que costumo chamar de a rainha do improviso. Rápida, sagaz, perspicaz. São muitas as inspirações! Me inspiro em cada um dos meus colegas, inclusive produtores, cinegrafistas e profissionais de outras áreas.

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