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Ana Rosa: "a emoção não é uma torneirinha que você abre"

26 fev 2012 - 12h38
(atualizado às 12h39)
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Mariana Trigo

O largo sorriso de Ana Rosa é uma das marcas registradas da atriz. Amante das personagens mais cômicas, a intérprete que mais fez novelas no Brasil - está em sua 59ª com Fina Estampa - se debruça sem saudosismos nas histórias de seus 48 anos de carreira na televisão. Desde que estreou em Alma Cigana, da Tupi, a primeira novela gravada em videoteipe.

No ar em Fina Estampa, esta paulista de Promissão criada em circo vive a fria e calculista Celina, uma avó que faz tudo para ficar com a guarda do neto Pedro Jorge, de Vitor Colman. Para isso, bate de frente com a médica Danielle, de Renata Sorrah, irmã do marido de sua filha falecida, que também não abre mão da criança.

A atriz de 69 anos, que tem preferência por personagens mais divertidas, torce para em breve fazer um papel de humor para comemorar sua 60ª personagem na teledramaturgia. "Adoro fazer humor! Mas aprendi que, nessa altura da vida, a gente não tem de ter expectativa nenhuma. Fiz participações ótimas em muitas produções e novelas inteiras que eram duvidosas", destaca.

TV Press - Suas personagens costumam ser diversificadas, mas a maioria é doce e mãezona. Como tem sido fazer a Celina, uma avó amargurada e durona?

Ana Rosa - A Celina é uma mulher que ficou muito trancada e traumatizada desde a morte da filha. Ela guarda esse rancor e desconta na Danielle e no marido. Quando ela finalmente consegue a guarda do neto, que era tudo que ela queria, ela é durona com o menino. Não acho que a forma dela educar seja completamente errada. Outro dia, ela tirou um joguinho eletrônico dele e deu um livro de Monteiro Lobato para ele ler. Acho isso maravilhoso. Mas a forma que ela faz isso é errada, sem carinho.

TV Press - De que forma você compôs essa personagem?

Ana Rosa - Há um tempo houve o caso do menino Sean Goldman, que teve a guarda disputada pelo pai americano e os avós brasileiros e maternos dele. Não que isso tenha servido de referência, mas lembrei desse caso. Ultimamente tenho sentido na Celina uma certa superioridade e um pouco de soberba na forma de tratar a Danielle. Lembrei muito do filme A Rainha, protagonizado pela Hellen Mirren. Ela está maravilhosa e também não desce do pedestal. Não procurei muitas referências para a Celina porque, quando o Wolf (Maya) me convidou, não sabia de que forma o caso seria desenvolvido. Eu reagiria de uma forma totalmente diferente num caso desses.

TV Press - Que forma seria?

Ana Rosa - Antes de mais nada, me colocaria no lugar da criança. O importante é ver com quem o menino ficaria mais feliz. Veria quem estaria dando a ele tudo que ele necessita em termos de atenção e carinho, além de uma educação bem dosada, sem ser rígida. Acho que, pela felicidade dele, talvez abrisse mão se ele preferisse ficar com a outra parte.

TV Press - Antes de Fina Estampa, você fez o início de Morde & Assopra. Por que saiu subitamente da história?

Ana Rosa - Logo na reunião de elenco da novela, antes da estreia, percebi que tinha muita gente na trama. Acredito que, muitas vezes, os autores escalam um elenco maior para terem diversos núcleos para mexer e desenvolver. É difícil escrever uma novela, se escreve praticamente um filme por dia. Mas meu núcleo ficou para escanteio. Três meses depois da novela no ar, o Papinha conversou comigo e disse que se sentia constrangido de continuar me dirigindo para fazer ceninhas. Já fiz outros trabalhos com o (diretor) Papinha e o (autor) Walcyr Carrasco. Eles já conhecem meu trabalho. Então decidimos, em comum acordo, que minha personagem sairia. Foi a saída mais honrosa. Mas foi uma experiência legal.

TV Press - Você está em sua 59ª novela na carreira. Como é olhar para trás e perceber que você acompanhou a teledramaturgia desde o teleteatro, da televisão ao vivo?

Ana Rosa - Estreei com 15 dias de vida no picadeiro. Mas só comecei a atuar profissionalmente com quatro anos de idade (risos). Na televisão, fiz tudo. As novelas se desenvolveram muito no aspecto técnico e o artístico ficou um pouco a desejar. Antes não existiam cenas externas. Cheguei a gravar em uma tenda cigana com cavalos e carruagens em um estúdio enorme. No decorrer desses mais de 40 anos, vejo que alguns capítulos são um filme de ação hollywoodiano. Não fica a dever a ninguém. Evoluímos muito. Veio a TV a cores e um dia ela ainda vai reproduzir cheiros, aromas das cenas. Cenicamente é que acho que a coisa pegou para os atores. Quando estreei, gravávamos direto, de um comercial até o outro, sem interrupção. Quando a gente entrava em cena, era para valer. Não parava. Era como no teatro. O diretor comia nosso fígado se a gente esquecesse o texto ou parasse no meio. Hoje, um ator faz uma cena linda e dramática, começa a gravar e recomeça por diversas vezes. A emoção não é uma torneirinha que você abre e fecha. Nesse sentido, acho que o trabalho do ator perdeu um pouco.

Ana Rosa, pose, mão no queixo, close
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Foto: Luiza Dantas/ Carta Z Notícias / TV Press
Fonte: TV Press
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