Adriana Garambone aproveita facetas de Maura em 'Poder Paralelo'
- Márcio Maio
- Direto do Rio
Se há uma mulher que sabe bem o que quer é Adriana Garambone. Formada nos palcos, o que a intérprete da recatada Maura de Poder Paralelo mais busca são personagens que exijam o máximo de sua capacidade de atuar. E é exatamente isso que ela mais valoriza na história de Lauro César Muniz. "Não há espaço para cenas rasas nas novelas do Lauro. Às vezes leio uma coisa e me questiono durante horas como vou conseguir transparecer aquilo", argumenta. Escolhida pelo próprio autor para a novela, Adriana emenda um trabalho em outro na Record desde 2005, quando encarnou a antagonista Adelaide em Essas Mulheres, escrita por Marcílio Moraes. E não esconde sua preferência por esse papel entre quase todos os outros de sua trajetória televisiva. "Nunca vou esquecer o prazer que tive ao fazer essa novela. Essas Mulheres e Poder Paralelo são meus grandes trabalhos na tevê", valoriza ela, que completa 40 anos em 2010.
Sua personagem em Poder Paralelo passou por várias mudanças ao longo dos capítulos. Foi difícil encontrar as nuances certas para definir cada fase?
Foi. Demorou um pouco para que eu entendesse bem essa mudança. O Lauro César Muniz escreve de uma maneira profunda, não existem cenas rasas na novela. Ao mesmo tempo, nos folhetins tudo é sempre corriqueiro. Você fala de valores ou de sentimentos profundos no meio das refeições. Mas o que achei muito bacana é que essas transformações foram feitas lentamente, sempre mexendo com as características interiores da personagem. Claro que houve uma mudança externa também e que adorei - até porque meu figurino tinha bege demais -, mas no final essa história serviu para resgatar um comportamento feminino que até existe, mas anda desvalorizado.
A que comportamento você se refere?
Acho que toda essa busca pela liberdade feminina deixou a mulherada mais doidinha. Na verdade, algumas se liberaram demais. Esse retorno à mulher que gosta da casa, que cuida da família, que é chique mesmo tendo um corpão, isso é bem legal. Gosto de me preservar e me sinto bem quando vejo pessoas assim. Não é que esse tipo de mãe não exista mais, o problema é que só chama atenção hoje as que têm coxas gigantescas e ainda colocam um saltão. Acho horroroso! A vulgaridade está muito valorizada hoje e isso não é um senso comum.
Como é o retorno de público?
Muito grande. É impressionante. Quando eu fazia Amor e Intrigas, não sei se a personagem não agradava tanto, mas era menor. Agora, em qualquer lugar que eu vou, tem alguém falando da novela. Muita gente diz que não se vê mais mulheres como a Maura. E, é claro, comentam sempre da máfia. Até porque ela está cercada de pessoas que são diretamente ligadas às organizações criminosas.
Você praticamente emendou uma novela na outra nesses cinco anos de Record. Não sente necessidade de se distanciar da tevê por um período?
Nem sempre a gente consegue fazer o que imagina. E não dá para pensar apenas individualmente. Muitas vezes o que é melhor e mais confortável para mim não é para a empresa. Mas a grande verdade é que acontece muito de um ator querer descansar, sumir um pouco do ar e receber um daqueles personagens irrecusáveis. Aí você vai e faz. Antes de ser escalada para Poder Paralelo, eu tinha ganhado férias da casa. Mas o Lauro queria que eu fizesse. Você também tem de pesar se vale a pena recusar um papel dele, no horário nobre e com a densidade que a Maura tem. Por isso, se aparecer outro personagem assim em breve, posso voltar ao ar mais rápido do que o esperado.
Você está na Record há cinco anos e seu contrato vence em 2010. Você pretende renovar?
Estou muito satisfeita na Record. Nesses cinco anos, nossa estrutura de dramaturgia cresceu muito. Hoje em dia, quem entra numa emissora como a Record e não se dá conta do poder que ela conquistou não merece estar nela. Não tenho a ilusão de que a Globo é a única. Posso falar por mim: ganho bem, sou respeitada e recebo, quase sempre, excelentes personagens. Então, para que vou desejar sair? Tenho certeza de que encontraria na Globo, hoje, os mesmos problemas de 10 anos atrás. Nenhuma outra empresa cresceu tanto em tão pouco tempo como a Record.
Poder Paralelo - Record - Segunda a sexta, às 23h.