Tem cura? Psiquiatra explica condição de Rosa, em 'Dona de mim': 'Doença progressiva'

Rosa, personagem da novela "Dona de Mim" interpretada pela veterana atriz Suely Franco, ganhou notoriedade nas telinhas devido ao enredo a respeito dos primeiros sinais do Alzheimer, com lapsos de memória e o impacto emocional do diagnóstico. A abordagem da doença na novela tem sido elogiada por sua sensibilidade e realismo. A autora Rosane Svartman desenvolveu o núcleo da personagem de forma a retratar o Alzheimer sem recorrer ao melodrama excessivo, mostrando tanto o medo inicial diante dos esquecimentos quanto a aceitação gradual da condição. A interpretação de Suely Franco tem gerado repercussão positiva nas redes sociais, com telespectadores elogiando a naturalidade com que a doença é apresentada.

Para entender melhor as implicações psicológicas do Alzheimer e como a ficção pode contribuir para a conscientização sobre a doença, conversamos com o médico especialista em saúde mental, Dr. Iago Fernandes. Segundo ele, o diagnóstico não é apenas um fator limitante neurológico, mas também social:

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"O Alzheimer é mais do que uma doença neurológica: é uma experiência humana complexa que desestrutura famílias, redefine vínculos e transforma vidas. Em um mundo onde a longevidade é celebrada, lidar com o esquecimento progressivo de quem se ama é um paradoxo doloroso. O sociólogo Zygmunt Bauman já alertava que 'na modernidade líquida, nada é feito para durar', e talvez isso nunca tenha sido tão cruelmente verdadeiro quanto no Alzheimer, onde até os afetos parecem escorrer pelos dedos da memória", iniciou.

Primeiros sintomas

Fernandes lista alguns sintomas que podem indicar o início da doença, como:

• Perda de memória recente
• Dificuldade com linguagem e comunicação
• Desorientação no tempo e espaço
• Alterações de humor e comportamento
• Perda de interesse por atividades habituais

"O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva, caracterizada principalmente pelo acúmulo de placas de beta-amiloide e emaranhados neurofibrilares de proteína tau no cérebro. Esse acúmulo leva à morte neuronal e à atrofia de áreas relacionadas à memória e cognição, como o hipocampo e o córtex cerebral", explicou. "Outros processos inflamatórios, disfunções mitocondriais e estresse oxidativo também contribuem para o agravamento da doença. Por isso, o Alzheimer não é apenas 'esquecer', mas um colapso estrutural do sistema que permite à pessoa existir como ela é".

Tratamento

Infelizmente, não tem como se curar da condição: "A doença é progressiva, com fases que variam do leve esquecimento à total dependência funcional. Em média, a sobrevida após o diagnóstico é de 8 a 10 anos, podendo chegar a 20 em alguns casos com bom suporte familiar e acesso a terapias".

Porém, a medicina avançada garante mais qualidade de vida e mais respeito aos idosos que sofrem com a doença. "Entre eles, a cannabis medicinal desponta como uma alternativa inovadora, especialmente quando inserida em um cuidado multidisciplinar que respeita a biografia de cada paciente", disse.