Salão do Móvel de Milão: confira os principais destaques de 2023
Maior vitrine do design mundial teve ares de 'recomeço' este ano
A edição deste ano do Salão do Móvel de Milão, o mais representativo encontro internacional dos setores de design e decoração, encerrado no último dia 23 de abril, representou uma espécie de recomeço.
Não só porque, após três anos, o evento voltou a ser realizado em abril, como manda a tradição. Mas também porque, inaugurando um novo layout, a maior vitrine do design mundial ganhou em expressão e agilidade, ampliando a interação com seus visitantes. Um número superior a 300 mil, 15% a mais do que em 2022.
Orbitando em torno da mostra oficial, nas cerca de 300 atrações do circuito fuorisalone - como são conhecidos os eventos correlatos que movimentam a cidade e seus arredores -, o entusiasmo não era menor. Disputando audiência com designers independentes - às voltas com técnicas de produção inovadoras, envolvendo desde materiais reciclados até inteligência artificial - grandes marcas, entre elas uma lista crescente de casas de alta moda, como Dior, Hermès e Louis Vuitton, investiram pesado em elaboradas instalações.
Visto como uma linguagem comum a todas as culturas do mundo, cartazes que remetiam aos arquétipos fundamentais do design - representados pelo artista gráfico italiano Gio Pastori, por meio dos nomes, em inglês, de móveis e luminárias relacionados a cada uma das letras do alfabeto - podiam ser encontrados por toda a cidade.
Tendências de A a Z
E, para continuar no clima, também por aqui, de A a Z, você conhece os personagens, tendências e lugares que deram vida e formato à grande quermesse milanesa de 2023. Confira:
Alcova. Pela quinta vez, o evento movimentou as ruínas de um antigo matadouro milanês e, com 90 expositores, se firmou como a principal atração do fuorisalone.
Bouclé. Um tecido pesado, formado por fios grossos e enrolados. Assim é o bouclé, o revestimento do momento segundo os estofados apresentados em Milão.
Cerâmica. Cresce o interesse dos designers pela matéria-prima, que além de revestir a arquitetura, passa agora a compor o desenho de móveis e luminárias.
Droog Design. Três décadas depois de sua primeira exposição em Milão, o coletivo holandês foi tema de uma exposição retrospectiva na Triennale de Milão.
Euroluce. Após um hiato de quatro anos, a feira bienal de iluminação voltou totalmente redesenhada e enfatizando a interação com seus visitantes.
Fernando Campana. Morto no ano passado, o designer brasileiro ganhou uma instalação em seu tributo na Triennale de Milão conduzido pelo irmão, Humberto.
Gaetano Pesce. Em plena atividade, o designer criou duas bolsas para a Bottega Veneta, teve um biombo relançado e ainda deu aula magna no Salão Satélite.
Honoka. O coletivo japonês de design foi o grande vencedor do Salão Satellite Awards com uma coleção feita de fibra proveniente de tatamis descartados.
Interiores. Cresce entre expositores e designers a preocupação em contextualizar móveis, acessórios e luminárias dentro de seus ambientes de destino.
Jornada nas estrelas. Planetas e constelações. Mas também asteroides e galáxias. O espaço sideral serviu de inspiração para muitas coleções vistas em Milão .
Kartell. A gigante italiana dos móveis plásticos aponta para o futuro - e acerta - ao propor espaços que mesclam novos produtos a outros já existentes
Lâmpadas. Do bulbo ao led. Explorados em suas dimensões técnica e estética, os artefatos capazes de produzir luz ganharam aplicações e suportes inéditos.
Minimalismo. Designers e fabricantes investem em economia de materiais, prenunciando uma nova estética.. Menos rebuscada, mas não menos expressiva.
Nendo. Em sua primeira incursão na clássica Minotti, Oki Sato, apresenta Tape: uma coleção de poltronas que subverte a ideia dos pés que saem do assento.
Otimismo. Um clima de leveza, de humor, por vezes até de leve ironia, era perceptível em boa parte da produção apresentada dentro e fora do Salão do Móvel.
Paola Lenti. De casa nova, a designer apresentou uma das coleções mais completas da temporada, com móveis a um só tempo in & outdoors.
Quadrado. O formato retorna com força no desenho de móveis e acessórios. Principalmente nas mesas de apoio e nas cúpulas de pendentes e abajures.
Rosana Orlandi. A galerista mais uma vez abriu as portas de seu espaço para projetos nos quais a inovação não pode prescindir da responsabilidade ambiental.
Sustentabilidade. Além do plástico, materiais, como o vidro, a madeira e até pedras, em versões recicladas, passam a compor a pauta dos designers.
Tecidos. Não mais empregado apenas como revestimento, o material passa a integrar, de forma inédita e criativa, o próprio desenho de móveis e luminárias.
Utilitários. Objetos do cotidiano ganham versões mais sustentáveis. Como a cesta de feltro da Muuto, produzida agora com fibras recicladas de garrafas plásticas.
Vidro. Transparente ou opaco. Brilhante ou fosco. E, além de tudo, reciclável. Não surpreende que o material venha ganhando cada vez mais espaço no design.
Walter Gropius. O legado do fundador da Bauhaus, presente na coleção I Maestri, da Cassina, é permanente inspiração em tempos em que menos, volta a ser mais.
X factor. Se por décadas o sucesso do "made in Italy" foi atribuído ao binômio design e qualidade, tudo indica que a responsabilidade ambiental hoje se soma à fórmula.
Y Generation. Os ecos da geração que já nasceu conectada se fazem sentir no Salão Satélite, mostra idealizado por Marva Griffin para designers menores de 30 anos .
Zeitgeist. Passado e futuro. Em Milão 2023, o espírito do tempo se traduz em lançar um olhar sustentável sobre desenhos referenciais. E, portanto, imunes ao tempo.