O que é o Macroverso de Stephen King?
Entenda como o conceito de vazio Todash, a Torre Negra e a entidade Gan explicam a verdadeira natureza cósmica de Pennywise e conectam todos os livros do autor
Quando IT: A Coisa chegou às prateleiras em 1986, o livro consolidou Stephen King como o mestre do terror contemporâneo. A premissa parecia simples: um grupo de crianças, o "Clube dos Perdedores", enfrenta uma entidade que se alimenta do medo e assume a forma do palhaço Pennywise. No entanto, por trás dos sustos nos esgotos de Derry, King construiu uma mitologia complexa que envolve ritos antigos, entidades cósmicas e um conceito fundamental para entender toda a sua obra: o Macroverso.
Para compreender a verdadeira natureza de Pennywise (e as ameaças da série It:Bem-Vindos a Derry) é preciso olhar além da Terra. Para King, todas as suas histórias coexistem num imenso conjunto de realidades. O autor descreve o Macroverso poeticamente como um vasto deserto de areia, onde cada grão representa um universo diferente. No centro de tudo, servindo como pilar da existência, está a Torre Negra. É ela que impede que todos esses mundos colapsem no caos. Tudo isso foi criado pela entidade suprema conhecida como Gan (ou "O Outro"), que vive em eterno conflito com o Rei Rubro, um vilão cujo objetivo é destruir os feixes de luz que sustentam a Torre.
Mas onde a criatura de IT se encaixa nisso? A resposta está no "Todash".
O Todash é o vazio não-dimensional que existe entre os universos, uma escuridão habitada por monstros inimagináveis. O Macroverso não é perfeito; ele possui fissuras e áreas onde o tecido da realidade é mais fino. Foi por meio de uma dessas brechas que a entidade que chamamos de "A Coisa" caiu na Terra em tempos primordiais. Portanto, Pennywise não é um fantasma ou um assassino comum; ele é uma forma de vida cósmica vinda desse espaço negativo.
É por isso que a batalha das crianças (e dos adultos) em Derry é tão desigual. O palhaço é apenas uma "máscara" psíquica que a entidade usa para interagir com a mente humana. Sua forma física real no nosso plano é descrita como uma aranha gigante, mas sua verdadeira essência reside no Macroverso como as "Luzes da Morte".
Esse conceito de "vazamento" de realidades explica também outras obras do autor. No conto O Nevoeiro, por exemplo, um experimento militar acidentalmente abre uma porta para o Todash, permitindo que aquelas criaturas tentaculares invadam o nosso mundo.