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'Reencontro com nossa história', diz Rogério Flausino sobre turnê de 25 anos do Jota Quest

Em entrevista ao 'Estadão', vocalista revisa a história do grupo que coleciona hits; banda se apresenta no Espaço Unimed neste sábado, 2

2 jul 2022 - 13h10
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Nos últimos 26 anos, a banda mineira Jota Quest emplacou hit atrás de hit. Com certeza, sem pensar muito, você conhece ao menos cinco deles, seja por ouvir no rádio, por aparecerem em trilha sonora de novela ou porque eles sempre estão em programas de auditório nas tardes de sábado e domingo na televisão.

Com um ano de atraso por conta da pandemia, o grupo composto por Rogério Flausino (vocal e violão), Marco Túlio Lara (guitarra e vocal), PJ (baixo), Paulinho Fonseca (bateria) e Márcio Buzelin (teclados), estreia neste sábado, 2, a turnê Jota25 - De Volta ao Novo, que celebra os 25 anos de lançamento do primeiro disco da banda, Jota Quest. "É mais que simplesmente a celebração de 25 anos do lançamento do disco. É celebrar a vida, é celebrar estar vivo, estar junto e unido, é muito legal", diz Flausino em entrevista ao Estadão.

Juntos desde o início, a banda enfrentou mudanças no mercado fonográfico, desde o advento e queda dos CDs, o crescimento do consumo de MP3 até a explosão das plataformas de streaming. Mas seguiu emplacando sucessos. Encararam também o amadurecimento em grupo. "Quando a banda começou éramos todos muito jovens, solteiros, não tínhamos filhos… A gente cresceu, amadureceu e evoluiu junto", destaca o vocalista.

A banda se apresenta no Espaço Unimed (antigo Espaço das Américas), a partir das 20h30, com ingressos custando entre R$ 80 e R$ 340, que ainda podem ser adquiridos online. No repertório, não vão faltar as canções que marcaram a história do grupo como Fácil, Só Hoje, Na Moral e Encontrar Alguém. "É um reencontro depois de dois anos de pandemia e um reencontro com nossa história. É um show de 25 anos olhando para o futuro", pontua Flausino. Abaixo você confere a entrevista editada com o cantor.

O que significa completar 25 anos de carreira?

Estamos vivendo esse momento juntos. É a realização de um sonho, a gente não imaginava chegar tão longe e é muito prazeroso porque vem acompanhado de uma maturidade pessoal. De uma forma muito bacana, a gente consegue olhar para a banda e ver coisas que não via lá atrás. Depois de tanto tempo a gente reuniu uma gama de canções que nos representam perante nossos fãs. É mais que simplesmente a celebração de 25 anos do lançamento do nosso primeiro disco. É celebrar a vida, estar vivo, estar junto e unido.

Que tipos de memórias cabem nesse tempo?

Tem memória de tudo. Eu falo sempre que a gente que é da música, nossa vida é pontuada pelos discos. "Que época que foi isso? Ah, foi na época do disco tal". Então, além dessas memórias, tem as lembranças dos perrengues e das emoções, dos momentos em que a gente se deu bem, se deu mal, está tudo remexido aqui dentro. Mas o saldo é muito positivo.

Alguma coisa já fez o Jota Quest quase se separar?

Somos uma família de cinco caras. Quem fala muito isso é o Márcio (teclados), que a gente é resultado das nossas diferenças. Obviamente a gente tem muitas coisas em comum, mas é exatamente a diferença que cada um tem que nos fez ser uma banda diferente das outras. Somos cinco amigos e as discussões são constantes, mas em nenhum momento, e eu falo isso até com orgulho, esse trem saiu do trilho. Ao longo de décadas a gente tem sabido respeitar nossas individualidades e colocado o Jota Quest acima delas. Acho que esse tem sido nosso maior acerto.

Como a relação entre os membros da banda mudou ao longo desse tempo?

Quando a banda começou éramos todos muito jovens, solteiros, não tínhamos filhos… A gente foi descobrindo as coisas na estrada, fazendo, a gente acertou, mas também errou e foi muito legal porque a gente se apoiou. A gente cresceu, amadureceu e evoluiu junto. Com todas as manias que cada um tem, com os defeitos, mas também temos muitas qualidades. E com respeito e admiração que deve existir entre os comparsas (rs) para que essa roda continue girando.

Fazer música hoje em dia é diferente do que era quando a banda surgiu?

A gente continua fazendo música do jeito que a gente sabe fazer. Acho que existem, hoje, novos jeitos de se fazer música, mas o Jota Quest continua fazendo como sempre fez. Temos influências, referências, com o passar do tempo evoluímos bastante. A gente grava melhor, escreve e toca melhor, temos tentado evoluir ao máximo. Mas temos um estilo e não mudamos muito isso. A gente continua tentando trazer coisas novas dentro de um determinado espectro onde a gente se acha confortável e precisamos estar sempre atentos às coisas que estão acontecendo no mundo, no mercado, mas não acho que a gente tenha mudado o nosso jeito.

Como o Jota Quest se adaptou às mudanças no mercado de música?

Quanto ao consumo, é uma mudança muito radical. Quando a gente começou, em 1996, foi o ano em que a Sony parou de fabricar vinis. Então vem o CD, a pirataria e aí vem o MP3, tem todo o declínio das companhias de disco. Isso fez muito mal para o pop rock, MPB. Houve um hiato inclusive, no meu ponto de vista, de renovação da nossa turma durante alguns anos, muito por causa disso. Com a chegada dos streamings e novos acordos de faturamento para os artistas, que a gente ainda tem muito o que evoluir, de alguma maneira os investimentos foram retomados e a gente começou a ver uma luz no fim do túnel. E seguimos tentando acompanhar tudo isso. Temos um bom relacionamento com os fãs nas redes sociais, nossos álbuns estão nas plataformas, nosso canal YouTube é um canal bem visitado. Acho até natural que a nova geração que já nasceu nesta era digital tenha mais jogo de cintura para lidar com isso. A nossa função é continuar produzindo, fazendo disco, fazendo música, desenvolvendo espetáculos legais. Nossa busca foi estar sempre em atividade.

Como é reencontrar os fãs depois de dois anos de pandemia e celebrando essa efeméride?

A gente está muito animado com a turnê. Vai começar agora por São Paulo, depois vamos pro Rio e seguimos Brasil afora fazendo uma primeira rodada dessa Jota 25 - De Volta ao Novo. É uma turnê revisional, que vai tocar esses grandes hits, mas é como se a gente estivesse começando tudo de novo. E eu acho que toda turnê tem que ser um pouco isso. Temos um disco praticamente pronto, já lançamos quatro singles, o mais recente é Te Ver Superar, e essas músicas fazem parte do repertório também. É um reencontro depois de dois anos de pandemia e um reencontro com nossa história. É um show de 25 anos olhando para o futuro.

Que música não pode faltar no repertório?

Vamos botar 25 hits no show e as novidades. O show é longo, ninguém está com pressa. Rs. Se a gente for pelas mais pedidas: Só Hoje, que eu acho que é uma canção de amor muito querida, Dias Melhores, que nos últimos tempos ganhou ainda mais significado para a gente por conta dessa coisa da esperança. E tem umas músicas muito Jota Quest, sabe? Acho que Na Moral é uma delas, Encontrar Alguém… E nossa primeira canção não pode ficar de fora, que é Fácil. Uma canção pra você, eu e todo mundo cantar junto, acho que uma música muito importante na caminhada…

O que você chamaria de essência do Jota Quest?

É muito difícil definir em poucas palavras uma história tão longa. A amizade da gente, a realização desse sonho e a gente sempre se esforçou muito para fazer isso com carinho, com respeito. É uma banda que começa como todas as outras, no boteco, na festa de faculdade e a gente vai indo e construindo aquilo com muita simplicidade, e quando a coisa começa a ficar mais séria, a gente começa a lidar com as coisas da vida: como é ser famoso, fazer sucesso? E depois vai ficando mais velho: como é ser pai, marido, cidadão? Tudo isso vem acontecendo ao longo desse período e se reflete nas canções que a gente canta. Acho que tem na nossa essência um ponto de vista de esperança, de união, amizade e amor. Talvez seja essa a palavra: amor.

De alguma forma, vocês são cobrados por mais profundidade nas letras e composições desde o início da carreira. Como lidam com essas críticas? Depois de 25 anos, é mais fácil encará-las?

Acho que crítica é uma coisa muito normal quando se tem uma carreira de sucesso. Acho que talvez uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido para a banda foi quando a gente começou a ser criticado. A gente aprendeu muito com essas críticas tanto com as positivas quanto com as negativas e seguimos aprendendo com elas, não quero me esquivar delas. É uma situação inerente a quem está em atividade, a quem está produzindo. O fato é que a gente segue em evolução, que é o mais importante de tudo isso. Estamos aqui celebrando 25 anos de uma carreira de sucesso. E a gente pretende dar continuidade a ela.

Estadão
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