Raul Seixas: os últimos dias do 'Maluco Beleza' da MPB
Ícone do rock brasileiro enfrentava saúde debilitada e medo do público
Raul Seixas, um dos nomes mais emblemáticos da música brasileira, completaria 80 anos no próximo sábado, 28 de junho de 2025. Conhecido como o "Maluco Beleza" da MPB e considerado o pai do rock nacional, Raul faleceu em 21 de agosto de 1989, aos 44 anos, vítima de uma parada cardíaca.
A morte ocorreu em seu apartamento, em São Paulo, e encerrou uma trajetória marcada por genialidade, ousadia e uma vida pessoal conturbada.
Nos meses que antecederam sua morte, Raul enfrentava sérios problemas de saúde, agravados pelo uso prolongado de álcool e drogas. Diagnosticado com pancreatite, o cantor chegou a ser internado em clínicas especializadas, mas seu estado físico se deteriorava rapidamente.
Companheiro de palco em sua fase final, o cantor Marcelo Nova revelou, na época, que "não era segredo que Raul estava muito mal" e lamentou o isolamento vivido pelo artista, dizendo que ele foi "abandonado por todo mundo".
As últimas apresentações públicas do artista, especialmente os shows realizados ao lado de Marcelo Nova, deixaram evidente seu estado fragilizado. Em reportagem publicada pelo jornal O Globo, uma das performances no antigo Canecão, no Rio de Janeiro, foi descrita como marcada por apatia e esforço.
Raul, que sempre teve presença marcante e carisma no palco, demonstrava extrema dificuldade física.
"Ele tocava suas baladas com a voz mais arrastada do que de costume, com uma excessiva economia de movimentos e gestos", relatou o jornal.
Raul Seixas: Artista completaria 80 anos no próximo sábado (28)
Durante essas apresentações, Raul lutava visivelmente para concluir músicas como "Sociedade Alternativa", sua icônica ode à liberdade e ao inconformismo. O público, muitas vezes alheio à gravidade da situação, respondia com entusiasmo e euforia, sem perceber o sofrimento por trás da figura do ídolo.
Além dos problemas de saúde, Raul também lidava com questões emocionais.
Em depoimentos registrados, o cantor chegou a relatar medo do próprio público. "Tem muito maluco por aí", dizia, referindo-se ao peso de ser ícone de uma geração que o via quase como um messias cultural.
Mesmo diante das dificuldades, Raul Seixas manteve sua essência provocadora e questionadora até o fim. Sua obra, que mesclava elementos do rock internacional com ritmos brasileiros e referências filosóficas e espirituais, segue viva e influente.
O documentário lançado recentemente pelo Globoplay, em homenagem aos seus 80 anos, revisita essa trajetória única e complexa, apresentando novos relatos e imagens raras.
A vida e o legado de Raul Seixas continuam a inspirar gerações.
Sua voz irreverente ainda ecoa nas letras que desafiam normas e abraçam a liberdade como ideal. Mesmo após mais de três décadas de sua partida, Raul segue sendo lembrado não apenas como um artista, mas como um símbolo de resistência e autenticidade na música brasileira.
The Music Journal Brazil
