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Para maestro, Gonzagão era marqueteiro: "fazia muito bem feito"

13 dez 2012 - 14h13
(atualizado às 14h29)
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Luiz Gonzaga foi um grande marqueteiro, muito antes de a expressão se tornar comum no país. Ao longo da carreira, o rei do baião fez muitas viagens pela estrada, parando em cada cidadezinha para se apresentar. Nesses momentos, ele aproveitava para presentear donos de restaurante e prefeitos com seus discos, como uma forma de divulgar seu trabalho, lembra o maestro Marcos Farias, afilhado de batismo de Luiz Gonzaga. Outra sacada importante para a carreira de Gonzaga foi a sua indumentária. "Ele era um cara que fazia um marketing muito bem feito. Imagina na década de 1940 e 1950 uma pessoa no Rio de Janeiro aparecer com chapéu de couro, roupa de couro. Ele sabia que ia ter um impacto muito grande', conta Farias.

Luiz Gonzaga completaria cem anos de idade se estivesse vivo
Luiz Gonzaga completaria cem anos de idade se estivesse vivo
Foto: Reprodução

"Outros escritores já disseram isso e eu concordo: Gonzaga é o nosso Don Quixote de La Mancha, sua roupa e seu chapéu de couro eram sua armadura, a sanfona era sua espada e sua voz era seu grande sonho", orgulha-se o maestro.

Gonzagão também teve a preocupação de procurar parceiros de classe socioeconômica mais elevada para que seu trabalho, que já atingia o povo, chegasse também à classe A. "Ele começou a buscar parceiros para compor, daí encontrou Humberto Teixeira, que era poeta, veio Zé Dantas, que era médico", comentou o afilhado.

O maestro conta que Gonzaga "era doido pra entrar na sociedade", e foi com essas parcerias e também com Carmélia Alves que ele conseguiu conquistar o público da classe A. "Trazendo uma socialite pra o envolvimento na música nordestina ele já ganhava a sociedade. Aí eram as madames querendo aprender a dançar xaxado, baião".

Farias ainda relembra que seu padrinho dizia que o artista tem que ser artista 24 horas, além de ser um exemplo. 'Ele era exatamente o que cantava e o que aparentava, era verdadeiro", diz. O maestro relata que Gonzaga era um batalhador, acordava cedo, era pontual com os compromissos, mas que apesar de tudo, não ficou rico. "Comparando com os artistas de hoje, Gonzaga era pobre e morreu pobre", observa ele.

Gonzagão também acreditou muito nos artistas nordestinos. Ele presenteava artistas iniciantes com acordeons, para que pudessem fazer um trabalho melhor. "Ele trazia pessoas pra trabalhar com ele, era muito generoso". Segundo Farias, seu padrinho acreditava nas pessoas, "encontrava talentos de diversas formas e trazia pra perto dele, ajudava, encaminhava".

O maestro ainda não deixa de relembrar que, com a idade, a osteoporose foi debilitando Gonzaga e ele já não dominava as técnicas como antes. O corpo já doía muito e ele foi convocando gente para tocar com ele. "Com isso, apareceu muita gente nova, muita gente boa".

Agência Brasil Agência Brasil
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