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Músicas negativas sobre velhice prejudicam saúde de idosos

Estudo britânico apontou que canções como ‘When I’m Sixty-Four’, dos Beatles, podem afetar a confiança e autoestima de pessoas mais velhas

8 mar 2016 - 15h14
(atualizado às 16h20)
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As referências “perder o cabelo” e “definhar” nas canções do Beatles como a clássica When I’m Sixty-Four pode ter um efeito prejudicial sobre a saúde de idosos, segundo pesquisadores. As informações são do site do jornal The Telegraph.

Um trecho da música diz: “quando eu ficar mais velho, perdendo meus cabelos/Daqui a muitos anos/Você ainda irá me mandar presentes no dia dos namorados/Saudações no aniversário, garrafas de vinho?”, e pode ser associada a falta de ser amado na velhice, de acordo com o estudo.

Foto: Getty Images

Os pesquisadores disseram que conotações negativas sobre o envelhecimento em canções podem afetar a confiança e a autoestima das pessoas mais velhas, que por sua vez poderia levar a outros problemas de saúde.

Enquanto outras músicas como Forever Young e Dusty Springfield Goin' Back, de Bob Dylan, retratam o envelhecimento de forma positiva, a maioria não mostra um bom aspecto sobre essa fase da vida.

Os autores explicaram o estudo. “A idade avançada foi associada com o declínio físico e a velhice foi relacionada à perda do amor, como a canção dos Beatles”.

Eles acrescentaram que músicas como Feeling Mortal, de Kris Kristofferson, retratam as pessoas mais velhas com “autopiedade e falta de autoestima”. Enquanto isso, letras como Because Of, de Leonard Cohen, está associada com situações lamentáveis românticas, de acordo com os autores do estudo da Anglia Ruskin University e da Universidade de Hull, ambas no Reino Unido.

Os acadêmicos avaliaram letras de canções dos anos de 1930 até os dias atuais do idioma inglês e que falavam sobre o avanço da idade ou envelhecimento. O estudo foi publicado no no Journal of Advanced Nursing.

Bob Dylan
Bob Dylan
Foto: Christopher Polk / Staff / Getty Images

Das 76 canções que se ajustavam a esse critério, 72% foram consideradas “negativas”, pois abordaram temas como a fragilidade, solidão e morte. Os autores disseram que a década com maior proporção de canções negativas foi a de 1980, onde cerca de quatro quintos das músicas que cobriam o tema do envelhecimento foram feitas de forma indesejável.

“Com um aumento significativo na expectativa de vida e um enorme aumento do número de pessoas com 65 anos ou mais durante as próximas décadas, o envelhecimento é uma questão de importância nacional e global”, disse Jacinto Kelly, professor de enfermagem da Anglia Ruskin University e um dos autores da pesquisa.

“No entanto, a maioria das pesquisas se concentram em doenças relacionadas com a idade, em detrimento de examinar as influências sociais e culturais sobre a experiência de envelhecimento”, disse.

“As representações negativas de idade e envelhecimento podem ser desanimadoras, e podem afetar a confiança e a estima das pessoas mais velhas. As emoções negativas sentidas por elas estão ligadas a resultados ruins em saúde mental e física, em particular, com a saúde cardíaca”, explicou.

“A medida que a música popular é um poderoso meio de massa que tem efeitos positivos e negativos sobre as emoções das pessoas, nós pensamos que seria útil investigar como a idade e envelhecimento é retratado. Infelizmente, a partir desta análise, encontramos representações principalmente negativas”.

“Embora possa ser uma tarefa impossível, bem como uma violação da liberdade de expressão, de censurar retratos negativos da velhice, é importante que haja conscientização e que reduzam esses estereótipos negativos”, concluiu.

Fonte: Terra
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