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O Rappa chega ao 11º show no Planeta Atlântida e comemora recomeço

7 fev 2014 - 18h21
(atualizado às 18h21)
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<p>Grupo se apresentou em janeiro na edição catarinense do festival</p>
Grupo se apresentou em janeiro na edição catarinense do festival
Foto: Jefferson Bernardes / Agência Preview

Nesta sexta-feira (7), O Rappa sobe ao Palco Central do Planeta Atlântida para o seu 11º show no evento realizado anualmente no Rio Grande do Sul. Em entrevista exclusiva ao Terra, o grupo, que também se apresentou na edição catarinense do festival em janeiro, falou sobre a importância do evento para o cenário musical brasileiro, o processo de composição do novo CD após a pausa de dois anos e as expectativas para os próximos anos de carreira.

O Rappa lançou em setembro de 2013 o álbum Nunca Tem Fim. Além de ser o primeiro de inéditas desde 2008, o disco marca também uma nova fase da banda. Para Xandão, guitarrista e um dos fundadores do grupo, O Rappa vive um momento de renovação e o afastamento dos palcos por dois anos foi fundamental para a construção do CD e para a recepção positiva do público. “Ouso dizer que este foi o disco mais bem aceito até hoje”, afirmou o músico. Segundo o guitarrista, outros fatores que também contribuíram para o sucesso foram a “explosão” de Anjos nas rádios de todo o Brasil e a carência de novidade e qualidade no atual momento do pop rock nacional.

Apesar do acréscimo de inéditas ao repertório, Xandão disse que não há como prever o set list da apresentação no Planeta Atlântida. O músico lembrou que O Rappa não segue roteiro em nenhum dos seus shows, logo, não seria diferente lá. Para o guitarrista, o festival é “ímpar” e rendeu grandes momentos à banda, não só pela interação com os fãs, mas também pela oportunidade de tocar ao lado de grandes ídolos do grupo. O Planeta Atlântida começa nesta sexta-feira e termina no sábado. Com The Offspring, Donavon Frankenreiter, Ne-Yo, Só Pra Contrariar, Jota Quest, Skank, Ivete Sangalo, entre outros artistas, no line up, o festival chega à sua 19ª edição gaúcha e recebe votos de vida longa por parte do grupo. “Que sobreviva por mais 20 anos”, desejou o músico.

Quanto ao futuro, Xandão afirma que, com a amizade e a música renovadas, pode dizer com tranquilidade que O Rappa não tem fim. “Pela quantidade de coisas que a gente quer fazer ainda, a banda começou hoje”, explicou. Falando sobre o CD novo e sobre Marcelo Yuka, o guitarrista disse que “fica cada vez mais provado que O Rappa é uma banda, nunca foi uma pessoa”. O músico falou ainda sobre a participação no documentário Marcelo Yuca no Caminho das Setas, sobre a recuperação do ex-baterista e letrista do grupo, criticando a forma como as falas dos integrantes do O Rappa foram expostas. “Acho que não tem verdade ali. Na minha opinião, quando você pede um depoimento de alguém, não deve editar. Acho até feio editar”, afirmou.  Sendo assim, confira, na íntegra, a entrevista de Xandão para o Terra:  

Terra - Como foi para o grupo lançar o CD novo em setembro? O que acharam da recepção do público? O Nunca Tem Fim foi melhor recebido que o 7 Vezes?

Xandão - Ouso dizer que este foi o disco mais bem aceito até hoje. É o que foi aceito mais rápido também. Ficamos ausentes por dois anos em 21 anos de carreira. Acho que fez uma falta. Quem é fã, quem curte mesmo, teve a oportunidade de voltar a curtir O Rappa no palco, curtir novas músicas. Além da nossa ausência, outro fator que colaborou para a aceitação foi o fato de que a música Anjos explodiu no Brasil todo. Se você for pensar, as rádios também estavam sem músicas novas. Atualmente, o pop rock sofre com a falta de boas músicas. Quando surge uma, faz um sucesso muito grande. O cenário desse gênero musical está muito diluído. Hoje o foco maior está na música sertaneja e em outros estilos. Se for pegar os 100º primeiros lugares nas paradas, as únicas bandas de pop rock ali, provavelmente, seriam Charlie Brown Jr. e O Rappa. O disco veio num momento onde existia uma carência do publico e das rádios no cenário pop rock.

Terra - A aceitação de Anjos foi imediata. Como foi para a banda ver a recepção tão positiva? A relação que o público fez entre a música e a morte do Chorão ajudou a aceitação a ser maior?

Xandão - Acho que não, porque a música saiu um pouco antes. Mas a morte dele e do Champignon foi um grande baque para um mercado que já estava debilitado. O Charlie Brow era e é muito importante nesse cenário. Acho até que os fãs da banda, que ficaram “órfãos” com tudo o que aconteceu, se identificaram muito com O Rappa. A carência de novos sons de qualidade foi um dos principais responsáveis por essa aceitação imediata, o que é até perigoso pra música brasileira. Moro em Curitiba há 11 anos, tenho um selo de gravadora e hoje está muito difícil pegar uma banda do zero e colocá-la em evidência no mercado. E isso não é só lá. Na época do Manguebeat, todo o eixo de cultura foi para o Nordeste. Festivais e eventos foram levados para as cidades de lá.  O movimento trouxe um retorno enorme para o turismo. Jovens do Sudeste foram à procura da cultura lá, jovens do Nordeste voltaram a se sentir valorizados. Com a ida dos festivais para o nordeste, a região recebeu mais investimento cultural. Então, no Rio e em São Paulo também há uma carência nesse sentido hoje.

Terra - E como foi o processo de composição e gravação do CD novo. A interação entre o grupo fluiu bem, apesar da pausa longa?

Xandão - Antes de decidir voltar mesmo, a gente sentou e conversou. Até porque, quando você entra em uma turnê eterna de 20 anos, você acaba deixando o convívio de amizade de lado. A gente meio que deixou de conviver como amigo e convivia sempre em situação de trabalho. Foi importante esse respiro. A grande diferença que vejo nesse disco para os anteriores é a diversidade de composição. Todos deram sua contribuição. Durante esses dois anos, cada um ficou no seu estúdio trabalhando em coisas novas e trouxe sua bagagem, suas experiências. O disco levou só nove meses para ficar pronto. Essa pausa serviu para a gente produzir material suficiente para mais uns 20 anos de carreira.

Terra - Que lição vocês tiraram da pausa em relação ao trabalho e em relação aos fãs?

Xandão - Acho que O Rappa tem uma carreira tem uma carreira muito consistente, baseada na arte, na verdade. A gente nunca fez nada que não tivesse importância para a gente, importância musical. A gente não é um produto. Nossa música é o que a gente é. Elementos de quatro pessoas muito diferentes traduzidos em uma obra consistente Nesse fim de semana no Rio, no último show, rolou uma matinê. A gente viu ali uma renovação do nosso público. Havia crianças e pessoas mais velhas, e percebemos que estamos renovando. É importante ter esse horário específico para eles. Espero que nossas mensagens de 20 anos atrás não se perdurem como falsas promessas. Espero que a nova geração saiba entender o que foi dito e que possa se utilizar disso da melhor forma. Estão vindo novas situações, novas eleições, novos candidatos e a nova geração vem com uma responsabilidade muito grande em meio a tudo isso.

Terra - O Nunca tem Fim consolida de vez a identidade do O Rappa sem o Yuka, ou isso já ficou bem consolidado desde O Silêncio Q Precede o Esporro?

Xandão - Acho que isso já estava consolidado e essa consolidação se transforma em público. Hoje, nós batemos a marca de 3,6 milhões de seguidores no Facebook, isso em dois anos. O público sempre entendeu essa situação com o Yuka. Em nenhum momento houve um “apartheid” em relação a isso. Ele escolheu o caminho dele, a gente o nosso e isso já foi dito várias vezes. O importante dessa história toda é tirar aquele estigma de que O Rappa era uma banda de uma pessoa só. Várias cabeças diferentes que formam a nossa singularidade. E o disco agora traz essa renovação, não só musical. Temos um espírito novo, estamos compondo mais sozinhos, trazendo coisas mais prontas de casa. Assim o disco sai mais rápido. Traz um vigor grande para os próximos trabalhos.

Terra - E, por falar no Yuka, o quanto foi importante para o grupo ter voz no documentário sobre a recuperação dele?  O que acharam da edição?

Xandão - Teve uma edição para o lado deles. Se você vê íntegra do que foi dito, vai bem além do que foi exposto. Mas isso já era esperado. Acho que não tem verdade ali. Se alguém quiser saber a verdade, é só pegar a íntegra do que foi dito. A verdade foi deturpada, o que considero de péssima índole. Era o nosso papel participar e a gente não se negou. Se quiserem fazer mais dez documentários, que façam. E vão contar sempre a história deles. Na minha opinião, quando você pede um depoimento de alguém, não deve editar. Acho até feio editar.

Terra - Você é um dos fundadores do grupo. O que pode dizer sobre a trajetória até aqui e o que espera para o futuro?

Xandão - Acho que, quanto ao que já foi feito, a gente sempre agiu de acordo com uma banda que faz arte, que faz música, e isso é muito importante num país como nosso, riquíssimo culturalmente. Nosso legado é de muito respeito. Não só por parte do público, mas também dos outros artistas. O Rappa é uma banda que tem muito respeito no mundo musical e isso não se compra, é conquistado. E isso é relevante para mim porque é uma das únicas coisas que vou poder deixar para a minha família. A conquista maior de um homem é o respeito que ele conquista perante a sociedade. Sempre procuro dar exemplo de boa índole. Em relação ao futuro, acho que hoje talvez seja o primeiro momento na minha vida em que eu posso dizer com tranquilidade que O Rappa não tem fim. Acho que nunca que fim. Principalmente pela renovação da amizade, da música, pela nossa inquietação diante da arte, pelos projetos em andamento. Estamos cada vez mais ativos. Era natural essa ser uma fase de desgaste, mas não. Pela quantidade de coisas que a gente quer fazer ainda, a banda começou hoje.

Terra - O grupo vai se apresentar pela 11ª vez no Planeta Atlântida no Rio Grande do Sul. Qual é a ligação de vocês com aquele palco?

Xandão - O Planeta Atlântida é um festival impar. O local, o evento, tem uma relevância tremenda. Grandes momentos ficaram marcados na nossa lembrança, e na do público também. Quando você participa de um festival, você está com vários outros artistas. E é importante esse encontro, é importante estar no palco com quem está chegando agora também. Vêm na cabeça vários momentos... Lulu Santos, que a gente admira muito, Paralamas, Titãs, sei lá, um monte de gente que tínhamos como ídolos e hoje tocamos juntos. O festival tem uma grande relevância no cenário brasileiro. Que sobreviva por mais 20 anos! E ele também passa por esse por um processo de renovação, assim como os artistas. O Lulu Santos também está começando de novo, assim como O Rappa. É um sinal de vitalidade, sinal de que a vida faz sentido agora e fará mais ainda.

Terra - O que esperar do show em Atlântida? Vai rolar alguma parceria no palco?

Xandão - O bacana do festival é exatamente isso: é inusitado. Esbarra no camarim, troca ideia. “Vamos lá tocar uma com a gente?” e acaba rolando. Essa informalidade é positiva para nós como artistas. Se O Rappa sobe no palco sem um roteiro, o mesmo vale para o festival. Ousar e experimentar.

Terra - E quanto ao repertório? Muitas inéditas, ou, por ser festival, vão se concentrar nas mais populares?

Xandão - É sempre uma surpresa. A gente realmente não segue muito roteiro, se comunica no palco: “vamos tocar aquela agora”. Acho que o nosso público já está muito acostumado com isso. E acredito que isso é bom. Podem rolar 10, 20 shows e sempre vai ser um diferente do outro. Até para que as pessoas vão de novo ao show, né? No Planeta Atlântida vai ser mais uma surpresa. Nem eu sei o que vai rolar, isso é que é bacana. Eu puxo uma na guitarra e já foi. Todo mundo vai atrás. É isso.

Fonte: Terra
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