Compositor preparava DVD com Wando: "ele estava confiante"
- Mariana Ghorayeb
- Direto de São Paulo
Nesta quarta-feira (8), Carlinhos Kalunga, arranjador, músico, produtor e amigo de Wando falou por telefone com o Terra sobre sua relação com o cantor, tanto pessoal quanto profissional. "A gente estava começando a preparar um DVD. Ele estava confiante (com a recuperação)", contou ele.
"Já tinha coisas confabuladas. No dia 27, quando ele foi para o hospital, me ligou e disse que quando saísse a gente voltaria a conversar sobre isso. Os planos eram um DVD e retomar a carreira", completou o músico.
A morte de Wando nesta quarta-feira (8) pela manhã, supreendeu médicos, amigos e família, principalmente porque um dia antes o boletim médico informou uma melhora considerável, já que ele conseguiu ficar por oito horas respirando sem a ajuda de aparelhos. "Foi uma surpresa. Ontem falei com a mulher dele, disse que estava bem e sentado na cama. Quase indo para o quarto, coisas normais de uma evolução muito boa", explicou.
Alegria
A relação entre os dois foi muito além dos palcos e estúdios. Amigos há quase 40 anos, Carlinhos resumiu a maior lembrança que ficou de Wando em uma frase: "um grande companheiro, uma pessoa muito boa, alegre e que gostava muito da vida". Frase essa repetida diversas vezes durante a conversa.
Segundo o músico, sua característica mais marcante era o bom humor. "Gostava de piada e de brincar. A gente viajava de van e ria o tempo todo. Era um piadista! Tanto que meu telefone não parou de tocar desde o dia 27, por conta de seu carisma e pela pessoa que ele era".
Essa alegria também "subia" ao palco. "Ele foi muito feliz na carreira. Muito criativo no segmento dele, fez tudo como gostaria. Por isso era muito feliz, fazia o que gostava e não por dinheiro. Amava muito a profissão e a carreira", contou ele, antes de lembrar que "no palco, a gente não precisava de roteiro, sabíamos tudo com o olhar do outro", disse, sem esconder a saudade.
De acordo com Kalunga, Wando lidava muito bem com o rótulo de brega. "Nada disso importava para ele. Foi um dos poucos artistas que conheci que tinham muito prazer em estar no palco e nada mais importava. Podia chamar do que quisesse. Tanto que ele cantava desde uma festa chiquérrima a um lugarzinho no final da Amazônia da mesma forma, com muita alegria e prazer", explicou o músico.
Brecha
A brecha na música é evidente. Segundo Carlinhos, a lacuna nesse segmento é enorme e o que ele conseguiu nesse meio dificilmente alguém vai preencher. "É um cantor romântico que conseguiu através de seu carisma e marketing pessoal um lugar só dele", disse.
Quando questionado se gostaria de ter dito alguma coisa para Wando, Carlinhos voltou a relembrar os bons momentos. "Agora mesmo fomos para a África e conversamos durante 10 horas no avião. A gente tinha uma amizade muito boa e gostosa, uma coisa muito forte. Foram tantos anos que quando tinha um problema era só um abraço e ' vem aqui, vamos conversar'. Acho que por isso não ficou nada pendente", finalizou ele.
Wando morreu às 8h desta quarta-feira (8), aos 66 anos, após uma parada cardíaca. O cantor estava internado desde o dia 27 de janeiro no hospital Biocor, em Minas Gerais, com graves problemas no coração.