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Sepultura é impedido de tocar no Líbano por "adorar o diabo"

Autoridades do país árabe também acusaram o grupo de heavy metal brasileiro de 'insultarem os cristãos'

26 abr 2019 - 15h32
(atualizado às 16h10)
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Os organizadores do show do Sepultura no Líbano ainda não desistiram de ver a banda de heavy metal brasileira tocando no país árabe — embora sejam poucas as probabilidades de as autoridades libanesas permitirem.

Andreas Kisser e Derrick Green, do Sepultura, no Rock in Rio
Andreas Kisser e Derrick Green, do Sepultura, no Rock in Rio
Foto: Sergio Moraes / Reuters

"Ainda não conseguimos derrubar a proibição, mas continuamos tentando, apesar de as chances de isso ocorrer serem mínimas", disse à EFE Bassem Deiabess, um dos fundadores da Skull Session, promotora do concerto marcado para domingo em Beirute.

Deaibess acrescentou que "a ordem de proibir a entrada do Sepultura no Líbano veio do chefe da Segurança Nacional, a maior autoridade do país nessa área".

Skull Session informou anteriormente que o visto e entrada foi negado aos membros do grupo por "insultarem os cristãos, adorarem o diabo, terem dado um concerto em Israel e ainda filmado um vídeo de apoio a esse país".

Foram esses os argumentos para a proibição evocados pelas autoridades do Líbano, país que não reconhece o Estado de Israel e não mantém relações com o país vizinho, considerado "inimigo".

"Queremos deixar claro que as acusações são totalmente falsas", defendeu-se o chefe da promoção do evento. "A banda não atuou em Israel e o videoclipe critica o racismo no país, embora sem citar seu nome, além de os membros do Sepultura tomarem chá com os árabes."

No vídeo da canção Territory veem-se imagens de Israel, de sua bandeira e de seus soldados, mas o Sepultura mantém uma posição de crítica ao país e de apoio aos palestinos.

Quanto às acusações de insultar a religião cristã, Skull Session assinalou que o Sepultura "não segue nenhuma ideologia e não tem afinidade com nehuma corrente de pensamento".

"Ao contrário: em suas canções, prega o retorno a Deus, e, por rechaçar uma sociedade automatizada e insensível, alguns consideram seus membros adoradores do diabo", argumentou a Skull Session.

De outra parte, outro organizador do evento, associado à Skull Session, disse à EFE, pedindo anonimato, que o concerto coincidiria com a celebração da Páscoa pelos cristãos libaneses, e por isso essa comunidade religiosa pediu às autoridades que proibissem a entrada da banda no país.

O Sepultura tocaria com três grupos locais: Phenomy, World in Silence e Eden. O show deverá ocorrer na data prevista, mesmo sem a presença das estrelas internacionais do heavy metal.

"O concerto não foi proibido, mas sim a entrada do Sepultura no Líbano", disse Deaibess. Em 2016, as forças de segurança egípcias abortaram um concerto do Sepultura pouco antes do início, na periferia do Cairo, argumentando que a banda não tinha a permissão necessária. Jornais locais, no entanto, também chamaram os músicos de "adoradores do diabo". / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

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A banda que toca heavy metal em tupi-guarani:
Estadão
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