Jornalista que processou Record por assédio é tratado como criminoso em audiência trabalhista
Elian Matte busca reparação na Justiça por seus direitos trabalhistas; jornalista processou Record por assédio e recebe tratamento de criminoso
Em uma nova tentativa de buscar seus direitos trabalhistas após processar a Record por assédio moral, o jornalista Elian Matte enfrentou uma situação bastante constrangedora no final de novembro: ele foi escoltado por policiais militares ao longo de toda a sua permanência no fórum da Barra Funda, onde foi realizada a segunda audiência na batalha contra a emissora. O tratamento dado ao profissional chamou a atenção de quem passou pelo local.
Fontes da coluna relataram que a cena foi constrangedora, e Elian ficou visivelmente abalado, já que os agentes que o acompanharam estiveram ao seu lado a todo momento, inclusive durante a audiência, como se ele fosse um criminoso e oferecesse perigo à sociedade. Ao caminhar pelas dependências, a comitiva chamou atenção.
Elian Matte foi diagnosticado com Síndrome de Burnout no período em que ainda trabalhava na Record, e processou a emissora por assédio moral e sexual, que ele alega ter sofrido por parte de alguns superiores ao longo dos anos. E antes da realização da segunda audiência, ele fez contato com sua ex-chefe por um aplicativo de troca de mensagens, e o conteúdo foi encaminhado ao departamento jurídico, que rapidamente acionou a juíza da primeira instância, alegando que o teor dos textos continham ameaças.
Nas mensagens, Elian tentou apelar à compaixão de sua ex-empregadora e demonstrou seu completo desespero por estar sem acesso ao plano de saúde para prossrguir com tratamento contra a doença que contraiu na Record, e também sem direito ao seguro-desemprego. Na troca, o jornalista disse que não esperava tal postura da ex-colega, a quem considerava uma pessoa próxima a ele, e também falou que torcia para que ela nunca fosse demitida em meio a um tratamento grave de saúde, pois acreditava na "Justiça divina".
Todo o conteúdo foi encaminhado à juíza responsável pelo caso, e as mensagens acabaram interpretadas como conteúdos intimidatórios. Com isso, solicitou-se um forte aparato policial para acompanhar Elian em sua passagem pelo fórum, incluindo a presença de oficiais dentro da audiência de segunda instância.
Diante de todo o constrangimento enfrentado no fórum, Elian acionou o Sindicato dos Jornalistas em busca de amparo, dado o tratamento desproporcional que lhe foi oferecido na audiência. Ele sofreu sua segunda derrota na ação, mesmo com diversos laudos médicos, expedidos por médicos particulares e do SUS, que comprovam seu diagnóstico de Burnout.
Agora, ele recorreu ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) para poder ter direito de dar entrada em seu seguro-desemprego e também no INSS.