Globoplay revisita a black music no documentário 'Chic Show'
Para quem gosta de tramas que passeiem por temas como música, história e negritude brasileira, a pedida desse final de semana é mergulhar na estreia do novo documentário Chic Show, uma produção original da Globoplay, que entrou na plataforma nesta quinta-feira (31), narrando a história da festa de black music que revolucionou a cena cultural da juventude negra de São Paulo.
A partir de 1968, os bailes fundados por Luiz Alberto da Silva, o Luizão, tiveram impacto fundamental na carreira de grandes nomes como Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Sandra de Sá e Carlos Dafé, que se apresentaram na festa, além da influência sobre frequentadores como Péricles, Thaíde, Rappin' Hood, Júnior Vox, Marquinhos Sensação e Salgadinho.
Com uma pesquisa robusta e entrevistas emocionantes, o longa passeia pelos 50 anos de criação da festa, contados pelo próprio Luizão e pelos artistas que ali passaram. Mais do que reunir jovens para dançar e se divertir, a Chic Show se tornou um espaço de acolhimento, resistência e enaltecimento da cultura negra. De acordo com o cantor Péricles, um dos entrevistados do doc, a festa surgiu num momento em que o jovem negro andava cabisbaixo.
"A atitude de montar um baile faz com que esse jovem negro queira andar melhor vestido, com o seu cabelo, que é a sua coroa, cada vez mais para cima. Um porte maior, sabendo quem era, de cabeça erguida. Sem ter medo", relembra o artista.
Com o passar do tempo, a Chic Show evoluiu de uma festa que tocava discos para o point que recebia grandes talentos a preços acessíveis, como Tim Maia e até mesmo James Brown, sucesso internacional. Segundo o diretor geral da obra, Emílio Domingos, o documentário "não é só sobre música, cultura, hábitos, mas sobre a história do negro paulistano".
Além de soul, funk, hip-hop e rap, o evento foi responsável por promover o pagode nos anos 1990 e pelo surgimento de grupos como Sampa Crew, Soweto e Grupo Sensação. O filme documenta como os bailes ajudaram a construir o imaginário coletivo de valorização da juventude negra à época, pilar que se sustenta até hoje e, agora, pode ser revisitado pelas próximas gerações.
Chic Show tem supervisão artística de Rafael Dragaud, direção geral de Emílio Domingos, direção de Felipe Giuntini, roteiro de Milena Manfredini e produção de Anelise Franco.
A direção de gênero de Variedades é de Mariano Boni.