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Raul Gazolla revela plano de amigo para matar Guilherme de Pádua em 1992

Ator, que era casado com Daniella Perez, assassinada por Pádua, conta que pessoa tinha intenção de explodir delegacia: 'fiquei duas horas convencendo ele de que não deveria fazer isso'

8 jan 2021 - 17h29
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Raul Gazolla falou sobre o período da morte de sua então esposa, Daniella Perez, em entrevista ao canal Rap 77 na última quinta-feira, 7. A filha de Glória Perez morreu assassinada por Guilherme de Pádua, com quem contracenava na novela De Corpo e Alma, e sua esposa à época, Paula Thomaz, em 1992.

Na conversa com o apresentador Junior Coimbra, Gazolla contou que costuma dividir sua vida em "antes da Dani e depois da Dani. Foi um trauma. Não gosto muito de tocar nesse assunto". Ele ainda revelou o plano de um amigo para explodir a delegacia em que Guilherme de Pádua estava preso pouco depois do assassinato.

"Eu tinha um amigo que era contraventor. Quando ele soube do caso, não foi me visitar, não foi no enterro, nada... Quando passou o enterro, mandou me chamar na casa dele e eu fui. Falou: 'Gazolla, tô mandando descer todas as pessoas que eu conheço e a gente vai explodir a 16ª [Delegacia de Polícia da Barra da Tijuca] e vai matar o cara. Porque ninguém faz isso com mulher de amigo nosso", relembrou, sem citar nomes.

Daniella Perez em cena de 'Corpo e Alma' como a personagem Yasmin.
Daniella Perez em cena de 'Corpo e Alma' como a personagem Yasmin.
Foto: Reprodução de 'De Corpo e Alma' (1992) / Globo / Estadão

Raul Gazolla, então, foi contra a ideia: "Eu fiquei umas duas horas convencendo ele de que não deveria fazer isso. Porque eu sou gente boa? Não. Porque eu falei assim: 'essa história tá mal contada, tem mais coisa aí. Esse rapaz precisa viver para contar a verdade'. Aí o cara falou 'tá bom, ok. Você tem razão, vamos deixar correr com a Justiça.'"

"Além do mais, é o seguinte... Quando você explode a 16ª para matar alguém, você vai matar inocentes, cara! Eu não posso dormir com esse barulho na minha cabeça", concluiu.

O ator ainda comentou sobre sua indignação ao se deparar com entrevistas dadas por Guilherme de Pádua. Na década passada, o assassino de Daniella Perez deu depoimentos a atrações como o Domingo Espetacular, da Record, e o Programa do Ratinho, do SBT.

"A única coisa que me incomoda - muito, na verdade - é o seguinte: todas as vezes que ele veio a público sempre se manteve de nariz em pé e diz: 'aconteceu o que tinha que acontecer'. Nunca falou assim: 'que merda que eu fiz...'. Nem ele e nem a mulher. Eu rezo todos os dias para que a gente não se encontre", afirmou.

Assista à entrevista de Raul Gazolla abaixo:

O assassinato de Daniella Perez

Em 28 de dezembro de 1992, Daniella Perez foi assassinada pelo colega Guilherme de Pádua e sua mulher, Paula Thomaz, após sofrer 18 punhaladas que atingiram seu pulmão, coração e pescoço.

Segundo testemunhas, o ex-ator a matou por achar que seu personagem estava perdendo destaque na novela.

Em 25 de janeiro de 1997, Guilherme de Pádua foi condenado a cumprir 19 anos de prisão pelo assassinato de Daniella Perez, filha da autora Glória Perez. Ele deixou a prisão em 1999, após cumprir seis anos, nove meses e vinte dias da pena em regime fechado.

"A conduta do réu exteriorizou uma personalidade violenta, perversa e covarde, quando destruiu a vida de uma pessoa indefesa, sem nenhuma chance de escapar ao ataque do seu algoz, pois, além da desvantagem na força física, o fato se desenrolou em local onde jamais se ouviria o grito desesperador e agonizante da vítima", constou na sentença lida pelo juiz José Geraldo Antônio.

Paula Thomaz foi condenada a 18 anos de prisão, e também acabou sendo liberada no fim de 1999.

De Corpo e Alma

Em De Corpo e Alma, novela das 8 que foi ao ar entre agosto de 1992 e março de 1993, Guilherme de Pádua interpretava Ubirajara Rodrigues, o Bira, que apaixonava-se por Yasmin, vivida por Daniella Perez, formando um casal.

Após o assassinato, a personagem de Daniella fez uma "viagem de estudos". Um momento especial foi feito em sua homenagem durante a exibição de um capítulo: diversos atores do elenco mandaram mensagens falando sobre a atriz e desejando-lhe paz.

Emocionados, nomes como Stênio Garcia, Cristiana Oliveira, Vera Holtz e Victor Fasano se pronunciaram. Beatriz Segall foi outra que lamentou a morte precoce da atriz: "Eu já tive a idade dela. Ela não vai ter a minha."

Bira, o personagem de Guilherme, por sua vez, simplesmente foi ignorado e deixou de existir.

Durante os sete dias seguintes ao crime, Glória Perez se afastou e deixou os capítulos a cargo de Gilberto Braga e Leonor Bassères. Posteriormente, ela retomou o posto e incluiu a lentidão da Justiça e problemas no código penal brasileiro à trama.

Estadão
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