O que está acontecendo na Globo? Profissionais explicam demissão em massa
Especialistas explicam o que está acontecendo na Globo após série de demissões como a de Antonio Fagundes, Gloria Pires, Paolla Oliveira e etc
Após 44 anos, Antonio Fagundes resolveu se despedir da Globo pedindo demissão. Em entrevista à colunista Mônica Bérgamo, da Folha de S. Paulo, o ator detalhou a escolha que fez em 2020: "Quando a emissora disse que eu não teria mais esse esquema de gravar segunda, terça e quarta para fazer as minhas peças, eu falei: 'Não faço mais'". Mas por que tanta gente está pedindo demissão ou sendo demitido da Globo?
O que está acontecendo?
Segundo Ylana Miller, especialista em gestão de pessoas, é normal que empresas comecem a perder funcionários quando mudanças drásticas acontecem nos contratos. "Profissionais renomados podem pedir demissão por uma diversidade de motivos, em especial quando as condições contratuais não estão mais alinhadas aos seus objetivos de vida e carreira", explicou a também CEO da Yluminarh.
Ela acrescenta que hoje em dia é mais comum que os profissionais visem a própria liberdade no trabalho: "Cada vez mais profissionais vem assumindo as rédeas de sua carreira e colocando em prática projetos de seu interesse. Fagundes percebeu desalinhamento de expectativas e optou por mudança na sua trajetória, sem receio de abrir mão de um grande veículo que trabalhava há anos. Coragem e comprometimento com o seu propósito foram essenciais para essa tomada de decisão".
A também especialista em liderança Tânia Zambon acrescenta que profissionais veteranos assumem um papel de mais maturidade ao longo dos anos: "Muitos sentem que já cumpriram seu ciclo em determinado veículo e desejam explorar outras formas de atuação que tragam mais autonomia criativa e controle de agenda. A migração para projetos próprios permite não só essa liberdade, mas também uma atuação mais empreendedora, onde o artista se torna dono da sua trajetória e dos seus resultados".
Globo está perdendo com as demissões?
Ainda de acordo com Zambon, a emissora tende a perder mais que o profissional quando se trata das demissões. "Profissionais renomados carregam consigo não apenas talento, mas capital simbólico, autoridade e audiência fiel. Perder um nome forte significa perder um ativo que levou anos para ser consolidado. Já o artista, por mais que inicialmente perca em estabilidade, ganha em autonomia, negociação direta com o mercado e fortalecimento da sua marca pessoal. Em um cenário onde a descentralização da mídia é crescente, o profissional que entende isso e se antecipa, tende a sair na frente", explicou.
O deslocamento para o streaming
Diversos artistas como Bruna Marquezine, Lazaro Ramos, Camila Pitanga e muito outros optaram por sair de grandes emissoras para fechar contratos com o streaming. Segundo a profissional, os canais de TV limitam alguns atores.
"O cenário atual é dominado pela descentralização da audiência e pela valorização do conteúdo autoral. Plataformas de streaming, redes sociais e o próprio YouTube se tornaram potências que democratizam a produção e a distribuição de conteúdo. Para artistas com visão de futuro, investir em projetos próprios é uma jogada de posicionamento e expansão de influência. Grandes emissoras ainda têm seu valor, mas agora fazem parte de um ecossistema, e não mais do centro único de decisão", finalizou.