Nova geração não quer virar estrela da Globo; sonha ser a próxima Virginia na internet
Influenciadora inspira milhões de brasileiros obcecados em mudar de vida usando o celular
Mais de 90 milhões de seguidores entre Instagram e TikTok. Faturamento de R$ 750 milhões em apenas 1 ano. Mansão e jatinho. Closet lotado de roupas das mais grifes mais caras do Brasil e do exterior.
Aos 26 anos, Virginia Fonseca é uma das celebridades mais bem-sucedidas do país. Acaba de ficar ainda mais famosa ao depor na CPI das Bets, em Brasília, onde fez do plenário no Senado um palco para polemizar e entregar entretenimento.
Por décadas, diferentes gerações de meninas e jovens sonharam ser a Xuxa ou uma estrela de novela da Globo. Hoje, ambicionam se tornar a próxima Virgínia nas redes sociais. Não estão nem aí para a televisão.
Essa mudança de comportamento explica a dificuldade das emissoras em renovar seu público e, consequentemente, a queda de audiência. Ficar estático diante do aparelho de TV, recebendo passivamente a programação, é inaceitável aos jovens com tantas opções para se divertir na web.
Virginia representa o sucesso conquistado sem grande esforço. Ligou o celular, passou a gravar vídeos sobre o próprio cotidiano e pronto, estourou. Não precisou de formação universitária, horas de estudos para prestar concursos, pegar ônibus e trem lotados na ida e volta do trabalho, ser humilhada por chefe etc.
Simboliza a liberdade de fazer só o que gosta, ganhar milhões e gastar o quanto quiser, viver no luxo, saber que o futuro está garantido. Por hobby, foi fazer um programa no SBT, o ‘Sabadou’, e se deu bem.
As câmeras também gostam dela. Não é um fenômeno de audiência (prova definitiva de que levar o público da internet para a frente da TV não é tarefa simples), mas tem força para disputar o 2º lugar no Ibope com a Record.
Goste-se ou não dela, Virginia Fonseca se tornou maior do que os principais atores da Globo. Possui poder de influência valioso para as marcas. A imagem dos novos tempos. Um ídolo para tanta gente que vive 24 horas conectada ao celular, sonhando com a vida perfeita mostrada na internet.
Ao dizer na CPI que não se arrepende de anunciar casas de apostas nem se sente responsável pela ruína de apostadores que usaram seu link para jogar, ela transmite uma mensagem controversa: faça o que for necessário para vencer na vida, não se importe com os outros. Exatamente como pensa a geração Z, marcada pelo individualismo extremo.
