Morto pelo filho, ex-deputado Paulo Frateschi foi preso e torturado na Ditadura
Ex-deputado Paulo Frateschi foi preso e liberto no saguão do jornal da Folha de S.Paulo; veja
O ex-deputado estadual do PT, Paulo Frateschi, morreu nesta quinta-feira (6) após ter sido esfaqueado dentro de casa, na zona oeste de São Paulo. Segundo a Polícia Militar, o autor do crime foi o próprio filho, Francisco Frateschi, de 34 anos, que teria sofrido um surto psicótico. O ex-parlamentar foi atingido por golpes de faca e chegou a ser socorrido ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu.
A esposa de Paulo, Yolanda Vianna, de 64 anos, e a filha mais velha do casal, de 42, também ficaram feridas ao tentar contê-lo. Elas foram socorridas e não correm risco de vida. A PM informou que o caso foi registrado e as circunstâncias do surto e do crime estão sendo investigadas.
Paulo Frateschi foi preso e torturado na Ditadura
O ex-presidente estadual do PT-SP é uma das figuras mais emblemáticas da Ditadura Militar, isso porque ele foi preso e torturado em 1969. Na época, ele participava da Ação Libertadora Nacional (ALN), uma organização que lutou armada contra a ditadura. Paulo foi liberto no saguão do jornal da Folha de S.Paulo, o que virou um episódio simbólico de resistência.
Em 2019, durante o período em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava preso, Paulo fez duras críticas ao que classificou como uma perseguição política. O ex-deputado comparou a situação de Lula à repressão enfrentada por militantes de esquerda durante a ditadura militar.
"Um total desrespeito à Constituição, às instituições. É o bastante para demonstrar o fim da democracia no Brasil e para demonstrar que Lula é, sim, um preso político", afirmou na ocasião.
PT lamenta morte de Paulo Frateschi
O Partido dos Trabalhadores (PT) emitiu uma nota lamentando o falecimento do ex-deputado:
"É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento do ex-presidente do PT Paulista e ex-deputado estadual Paulo Frateschi, companheiro e dedicado militante do nosso partido.
Durante toda a sua trajetória, nosso companheiro demonstrou coragem, integridade e compromisso com o PT e pela busca de um país mais justo.
Paulo Frateschi deixa um legado, marcado pela luta pela justiça e pela inclusão. Ele permanecerá vivo em nossos corações e nas ações que ele ajudou a inspirar.
A ausência do nosso querido Frateschi deixa uma lacuna irreparável entre amigos, familiares, companheiras e companheiros de luta.
Manifestamos à família, aos amigos e a todos que com ele caminharam, a nossa mais sincera solidariedade."
Outras perdas
A trajetória da família Frateschi é marcada por tragédias. Paulo Frateschi perdeu dois filhos em acidentes de carro com apenas um ano de diferença entre as mortes. Em 2002, o filho mais novo, Pedro, de 7 anos, morreu em um acidente na Rodovia Carvalho Pinto, em Guararema, interior de São Paulo.
No ano seguinte, em 2003, o adolescente Júlio, de 16, também perdeu a vida em um acidente na rodovia Rio-Santos, entre Paraty e Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. As perdas ocorreram logo após o período em que Paulo Frateschi presidiu o diretório paulista do Partido dos Trabalhadores (PT). O velório de Júlio contou com a presença do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.