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De junkie a pai de família, entenda a trajetória de Jack Osbourne

12 jul 2012 - 07h26
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Quando surgiu na televisão, em 2002, no reality show The Osbournes, parecia que o grande problema da vida de Jack Osbourne, o mais conhecido herdeiro do excêntrico vocalista de heavy metal Ozzy Osbourne, seriam seus abusos de álcool e drogas. Na telinha, o jovem rechonchudo de cabelos encaracolados, então com 15 anos, foi apresentado desde o início ao público como um típico adolescente rebelde, fã de encrencas com a irmã mais velha Kelly e de noites de bebedeiras com os amigos.

O destino, no entanto, lhe reservava algo diferente. De junkie a promotor da vida saudável e do amor em família, Jack decidiu investir na formação profissional, nos bastidores do entretenimento. No mês passado, quando divulgou ao mundo, por meio de entrevista à revista Hello, ser portador de esclerose múltipla, o jovem de 26 anos se preparava para estrear um novo programa, Stars Earn Stripes, desta vez como produtor, no qual celebridades disputariam provas de treinamento militar. Antes disso, trabalhou diretamente com o pai na direção do clipe Life Won´t Wait, filmou a cinebiografia do músico em God Bless Ozzy Osbourne, lançada em 2011, e, mais recentemente, ao lado de dois investigadores paranormais e uma pesquisadora, apresentou a série Haunted Highway, sobre casos inexplicáveis.

A descoberta da doença foi repentina. Em entrevista à revista norte-americana People, Jack afirmou que, em maio, em um dia como qualquer outro, encostou em um posto de gasolina para comprar refrigerante. Enquanto conversava com a atendente, um grande ponto preto surgiu em sua visão. No dia seguinte, a anomalia permaneceu, mas o jovem sequer imaginava qual seria o seu motivo. "Depois de três dias percebi que era grave. Não conseguia enxergar nada na minha frente com o olho direito - só enxergava perifericamente. A visão central havia desaparecido", explicou.

O diagnóstico veio tão logo Jack decidiu ir a um oftalmologista, que descobriu a esclerose múltipla após um exame revelar uma lesão no cérebro do produtor.

Doença inflamatória crônica que ataca o sistema nervoso e a medula espinhal, a esclerose múltipla dá uma série de sinais que ajudam o paciente a identificá-la. Além dos turvamentos na visão, a condição afeta o sistema motor, causando o enfraquecimento dos membros, e também faz surgir neles sintomas como formigamentos, que podem, da mesma forma, ocorrer em apenas um dos lados do corpo. Tremores, desequilíbrios e perda de memória são outras características da doença. No entanto, na maioria das vezes tais sinais aparecem de forma bastante discreta, fazendo com que o portador não dê atenção a eles. Foi o caso de Jack.

Cerca de dois anos atrás, o jovem teve os primeiros sintomas da doença, que, segundo a Abem (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla), possui cerca de 35 mil portadores no Brasil. No mundo, eles chegam a 2,5 milhões, segundo a Sociedade Nacional de Esclerose Múltipla dos EUA. Em conversa com os médicos, Jack afirmou que durante dois meses seguidos mal sentiu uma das pernas. Como a maioria dos pacientes, no entanto, ele subestimou o sintoma.

Focado profissionalmente e sóbrio há quase uma década, a descoberta da doença veio em um momento de auge na vida do jovem. Noivo da atriz Lisa Stelly desde o ano passado, Jack se tornou pai pela primeira vez em abril, quando nasceu a pequena Pearl Clementine. O diagnóstico da esclerose veio exatamente duas semanas depois de sua amada dar à luz. "Eu fiquei p***, porque tantas coisas boas estavam acontecendo na minha vida...Acho que quando Deus apareceu para revisar meus arquivos, ele pensou, 'muita coisa boa. Vamos piorar um pouco isso aí'", contou à People.

Garoto problema

Na época em que surgiu sob os holofotes no reality show que sua mãe, Sharon, resolveu promover para a família Osbourne, Jack era a ilustração do garoto-problema milionário, sem preocupações na vida. Aos 13 anos, teve seu primeiro porre; aos 14, já bebia e fumava maconha com regularidade. "Eu só saía com pessoas acima dos 21 anos. Achava que, se realmente quisesse me encaixar, precisava disso, mostrar para elas que era tão adulto quanto elas, que conseguia me controlar tão bem quanto elas, senão melhor", disse certa vez.

Além disso, o jovem passou também a misturar drogas receitadas a seu cocktail de festas. Vicodin, Valium, Xanax, Lorcet, Lortab, Oxycodin, Dilaudid, enfim, qualquer substância poderosa o suficiente para alterar seu poder de percepção no dia a dia era incluída. A isso, somou-se a depressão, consequência da exposição precoce da vida pessoal e das críticas que esta acabou trazendo à sua vida.

"Há pessoas do lado de fora da nossa casa, você é perseguido por fotógrafos, não pode sair e tomar um copo de café com um amigo sem alguém aparecer com uma foto pedindo para você autografá-la. Sou totalmente grato pelos fãs que minha família tem, eles me deram muito apoio quando eu estava me tratando. Mas tudo era muito estranho, muito estressante", disse em entrevista à MTV logo após sua passagem por uma clínica de reabilitação, em 2003.

O câncer da mãe veio na sequência, assim como a piora de sua saúde mental, que quase o levou ao suicídio. "Havia muitas coisas rolando. Fiquei sem meu OxyContin, então estava usando muito Dilaudid, apenas um milímetro mais fraco do que o primeiro. Usava-os muito e a vida estava se tornando estressante em demasia para mim. Eu sentava em meu quarto de hotel e pensava, 'quero que termine, quero que termine'. Cheguei a pedir ajuda à minha mãe, que estava muito doente na época. Na ocasião, ela me perguntou se era por causa da bebida tudo aquilo, se eram as drogas. Eu disse que 'sim', mas depois fui ao meu quarto, fiquei chapado de novo e disse a ela que estava tudo bem", revelou na mesma entrevista. "Mas, depois disso, fiquei suicida por um tempo e tentei me matar. Acho que deveria ter morrido ao menos quatro vezes."

Temeroso quanto a um futuro semelhante ao do pai em relação às substâncias entorpecentes, Jack resolveu largar tudo. Depois da reabilitação na clínica, com apenas 17 anos, ele deu uma virada em seu estilo de vida. Junto com a sobriedade iniciou uma rotina de pesados exercícios, perdendo mais de 20kg em um curto período de tempo. Foi protagonista de reality shows de artes marciais e esportes radicais e, posteriormente, acabou nos bastidores da televisão.

Foi nesse momento, quando tudo parecia ajeitado em sua vida, que Jack descobriu a esclerose múltipla. "Tive um dia muito emotivo quando ouvi o diagnóstico. Fiquei pensando, 'por que agora?'", contou o produtor à People. "Mas eu não podia simplesmente sentar e sentir pena de mim mesmo. Tenho uma família para me preocupar, para cuidar."

O tratamento prossegue. Jack é consciente de que as crises da doença podem vir de repente, sem aviso prévio. Ele sabe que pode ir dormir se sentindo otimamente em um dia e, na manhã seguinte, sequer conseguir mexer as pernas. A visão do olho direito, o afetado pela crise responsável por fazê-lo procurar ajuda, está 80% restabelecida e a previsão é de que logo atinja os 90%. Confiante, o jovem até já brinca com a condição, usando-a como desculpa para não fazer atividades cotidianas, como levar o lixo para fora de casa. Kelly Osbourne, irmã mais velha de Jack, explica as atitudes à People: "se alguém pode enfrentar essa situação, esse alguém é meu irmão. Ele é realmente corajoso e muito maduro".

Jack tem um discurso mais prático: "acho que quando as pessoas ouvem que você tem esclerose múltipla, elas pensam, 'oh, sinto muito, sua vida acabou'. Mas minha vida está longe de acabar", conclui.

Foto: Getty Images
Fonte: Terra
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