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Com 22 kg, mulher morre após luta contra anorexia e psicólogo alerta: 'Pode ser fatal'

A turca Nahal Cadam morreu aos 30 anos após luta contra anorexia nervosa; entenda o quadro com psicólogo Alexander Bez

27 jun 2025 - 13h00
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ALERTA: O texto abaixo aborda um transtorno alimentar em estado grave, podendo causar gatilhos. Se você sofre com distorção de imagem, tem uma relação problemática com a comida ou está se sentindo mal com sua forma física, procure ajuda psicológica, psiquiátrica e nutricional. Ou ligue 188, Centro de Valorização da Vida (CVV).

A turca Nahal Cadam morreu aos 30 anos após luta contra anorexia nervosa; entenda o quadro com psicólogo Alexander Bez
A turca Nahal Cadam morreu aos 30 anos após luta contra anorexia nervosa; entenda o quadro com psicólogo Alexander Bez
Foto: Márcia Piovesan

Estudos dinamarqueses e britânicos apontam que mais de 160 mil pessoas morrem por ano devido ao Transtorno de Anorexia Nervosa. Nesse mês, a doença fez mais uma vítima na Turquia, a jovem Nahal Candam de apenas 30 anos, que chegou a pesar 22,5 kg no final de sua vida. Internada há dias, ela não resistiu após a longa batalha contra a doença.

Em conversa com o Portal Marcia Piovesan, o psicólogo Alexander Bez alertou os riscos da doença e a necessidade de haver mais conscientização sobre o assunto.  Segundo ele, os transtornos alimentares não são escolhidos pelos pacientes, são condições enraizadas no cérebro do indivíduo, podendo ter causas profundas e manifestações sérias. Existem três tipos de T.As: anorexia nervosa, bulimia nervosa e compulsão alimentar.

"A origem desses transtornos está geralmente ligada à combinação de dois fatores: um estresse contínuo e presente, que age de fora para dentro, e um tipo específico de ansiedade. Só essa junção já é suficiente para desencadear a maioria dos quadros compulsivos. E, quando somamos a isso questões familiares ou econômicas, a chance de desenvolver um transtorno alimentar aumenta ainda mais", explicou o especialista.

Além disso, é importante diferenciar cada um desses transtornos: "A compulsão alimentar tem ligação direta com emoções reprimidas e geralmente é uma forma de alívio imediato. Já a bulimia e a anorexia envolvem também uma distorção da imagem corporal, ou seja, a pessoa não enxerga o próprio corpo com clareza e desenvolve uma busca obsessiva pela perfeição física. Há, nesse caso, um componente compulsivo, mas muito voltado à tentativa de controle do corpo".

Sintomas

Bez diz que essas doenças começam silenciosa e demoradamente: "Começam de forma muito sutil. É aquele pensamento que surge, por exemplo, de não querer comer um pedaço de pão para 'não engordar'. No dia seguinte, evita outro alimento. E isso vai crescendo até virar um padrão de comportamento. Por isso, os sinais iniciais precisam ser levados a sério. Quanto mais precoce a intervenção, maiores são as chances de controle e recuperação".

Ou seja, a luta pelo emagrecimento começa sutilmente até que, de repente, vira uma obsessão: "A pessoa começa a perder peso, deixa de se alimentar adequadamente, apresenta deficiências nutricionais, alterações hormonais, tonturas, desmaios, enfraquecimento da pele, cabelos e unhas, além de confusão mental e problemas de pressão arterial. Por isso, a atenção aos sintomas físicos e emocionais e uma intervenção imediata são fundamentais para o sucesso do tratamento".

Como surge?

Bez diz que os transtornos alimentares tem ligação total com o psiquê e o passado de cada paciente: "Todo transtorno alimentar é uma resposta mental e orgânica a algo que não vai bem na vida da pessoa. Às vezes, não tem relação direta com o corpo ou com o peso. Pode ser resultado de frustração, dor emocional, revolta interna ou experiências traumáticas. Muitas vezes, o transtorno surge como uma forma de a pessoa lidar com um sofrimento que não consegue processar de outra forma".

Ele complementa: "Além das causas emocionais e comportamentais, existe também uma possível predisposição genética. Se um parente próximo como pais, avós ou tios, já teve algum transtorno alimentar ou mesmo transtorno obsessivo-compulsivo, essa tendência pode ser herdada por meio do DNA e, em algum momento da vida, eclodir diante de fatores desencadeantes, como estresse, trauma ou pressão social".

"É fundamental reforçar: transtornos alimentares são graves e podem ser fatais", disse ele. O psicólogo aponta que entre as décadas de 60 e 70 os profissionais da saúde menosprezavam os Transtornos Alimentares, pois, naquela época, comportamentos do tipo eram considerados "frescura". "Compulsões — sejam alimentares, sexuais ou outras — podem matar. E muitas doenças psicológicas também".

Tratamento

Como já dito pelo profissional anteriormente, quanto mais precoce for o diagnóstico, mais fácil será o tratamento. Ele explica que os transtornos alimentares são doenças psicossomáticos, isto é, possuem origem emocional e se manifestam fisicamente. O tratamento deve possuir:

  • Uso de antidepressivos, para reequilibrar os neurotransmissores afetados;
  • Ansiolíticos, para controlar os níveis de ansiedade diária;
  • Terapias voltadas para reestruturação da imagem corporal, principalmente nos casos de distorção da autoimagem;
  • E uma psicoterapia focada tanto no apoio emocional quanto no tratamento da causa original que desencadeou o transtorno.

As terapias ajudarão o paciente a ter noção do próprio diagnóstico: "É preciso ajudar o paciente a entender que aquilo que ele vê no espelho, especialmente quando há uma deformação mental da autoimagem, não corresponde à realidade. Esse trabalho envolve também a reconstrução da autoestima e o enfrentamento das questões emocionais mal resolvidas."

Bez reforça que transtornos como esses não são tratados apenas com psicoterapia, é preciso de uma equipe multidisciplinar: "A associação com a medicina e a farmacologia se torna indispensável. É o trabalho conjunto entre psicólogo, psiquiatra e médico clínico que garante um tratamento completo e eficaz".

Casos fatais

O quadro de Nihal é um exemplo de transtorno avançado. "Quando esses limites são rompidos e não há tratamento adequado, pode chegar a um ponto em que não há mais o que fazer. Isso não significa que o transtorno não possa ser tratado, mas que o tempo e a gravidade do quadro têm papel crucial no prognóstico", explica o psicólogo.

Por isso, é preciso estar atento aos primeiros sinais da doença: "Tudo vai depender do estágio da doença, da frequência dos episódios, da predisposição biológica e, principalmente, da capacidade de resiliência e enfrentamento do paciente. Com apoio, tratamento correto e acompanhamento contínuo, a maioria dos casos pode ser controlada e revertida. Mas é preciso agir rápido e com responsabilidade".

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Márcia Piovesan
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