Transformado em série, 'Gonzaga - De Pai Pra Filho' termina hoje
A temática popular do longa Gonzaga - De Pai Pra Filho conseguiu levar quase 1,5 milhão de pessoas aos cinemas do Brasil, no final de 2012. Bilheteria que lhe rendeu o posto de quarta melhor estreia nacional do ano. Mas o relativo sucesso não foi suficiente para Breno Silveira, diretor do longa. Seu ideal era que a história do Rei do Baião pudesse ser assistida por pessoas que realmente sentissem sua cultura retratada na obra. Com isso, a produção cinematográfica foi adaptada para a TV e está sendo exibida em formato de microssérie na Globo. "Meu filme foi pensado para o brasileiro se enxergar nele. Então, as pessoas que não tiveram poder aquisitivo para assisti-lo no cinema, agora vão poder vê-lo na televisão", acredita Breno. O último capítulo da série vai ao ar nesta sexta-feira (18).
Seguindo o modelo de adaptação televisiva realizado por Guel Arraes em outros longas como Xingu e O Bem Amado, o filme de Silveira foi reeditado para ganhar um ritmo mais acelerado, já que quando foi gravado não havia projeto para transformá-lo em série. Também foram acrescentadas cenas extras à microssérie, rodadas junto com o longa, mas que sobraram na hora da edição. Além de um prólogo diferente do visto nas salas de cinema. "Mesmo sem um projeto, a série já estava dentro de Gonzaga - De Pai Pra Filho. Quando você vê o roteiro, percebe que é uma obra que comporta ser dividida em uma semana", explica Guel Arraes, diretor de núcleo da Globo.
Dividida em quatro capítulos, a trama se baseia na vida de Luiz Gonzaga, explorando as diferentes etapas de sua vida. A história começa quando ele é obrigado a sair de sua cidade natal, Exu, no Recife, por causa de uma ameaça de morte feita por um coronel, interpretado por Domingos Montagner, que não aprovava o namoro do cantor com sua filha. Gonzaga, então, passa nove anos no exército. Ao sair das forças armadas, se instala no Rio de Janeiro na tentativa de se estabelecer como músico. Lá, conhece Odaléia (Nanda Costa), uma cantora com a qual se envolve e tem um filho, sem saber ao certo se é ou não o pai da criança.
Dois anos depois, Odaléia morre e o Rei do Baião, que no momento já está casado com outra mulher, decide deixar Gonzaguinha – interpretado por vários atores ao longo das diferentes fases da história – ser criado pelos padrinhos, enquanto investe em sua carreira. Logo, Gonzaga desiste de tocar os ritmos musicais da época e se arrisca com as músicas nordestinas, o que o consagra como ídolo popular. Mas o afastamento gera um grave conflito entre pai e filho. E a convivência entre eles passa a ser conturbada. Uma relação de amor e admiração, mas cheia de ressentimentos. "A vida dele era imensa, a gente pegou um recorte apenas, que saiu desse olhar que o filho tinha dele", explica o diretor do filme.
Para interpretar todas as fases da vida de Gonzagão retratadas no longa, foram necessários três atores. Land Vieira, o único que já atuava antes de Gonzaga - De Pai Pra Filho e participou de novelas como Cordel Encantado e Cama de Gato, foi escolhido para viver a etapa dos 17 aos 23 anos do cantor. O sanfoneiro Chambinho do Acordeon interpretou Luiz até os 50 anos. E Adelio Lima encarnou o compositor aos 70 anos. Esse último, além de chamar a atenção por sua semelhança física com Gonzaga, também já era próximo ao universo do ídolo nordestino. Antes de participar do longa, Adelio era guia do Museu Luiz Gonzaga em Caruaru. "Lá de onde eu venho, nem todo mundo tem o privilégio de ir ao cinema, mas eu já era muito reconhecido pelo filme. Agora que vai para a TV, nem imagino como vai ser", empolga-se Adelio Lima.