Spike Jonze desperta emoções em 'Onde Vivem os Monstros'
Spike Jonze, um dos cineastas mais inovadores da atualidade de Hollywood, retorna à direção sete anos depois do último trabalho com
Onde Vivem os Monstros, uma fantasia sobre a infância que aflora emoções.
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O filme, que estreia nesta sexta-feira nos Estados Unidos, é baseado no livro Onde Vivem os Monstros, um clássico da literatura infantil criado por Maurice Sendak em 1963 sobre Max, um menino perspicaz que se sente incompreendido e que, após uma discussão com sua mãe, foge em busca de um lugar mágico criado em sua imaginação.
"Ali é onde vivem os monstros referidos no título, que na realidade são umas criaturas que representam as emoções, selvagens e imprevisíveis, que todos temos em nosso interior", segundo explicou Jonze em um encontro com a imprensa em Los Angeles, na Califórnia.
As criaturas buscam um líder que os guie e proclamam Max seu rei, que promete criar um ambiente para que todos sejam felizes, embora em breve descubra que seu trabalho não será fácil e que as relações com os demais habitantes tornam-se mais complicadas do que imaginava.
"Maurice (Sendak) me disse que não me preocupasse porque cada um pode opinar sobre a adaptação, me encorajou para que fizesse o filme que eu queria, minha visão sobre a história, e para isso só me pediu que fosse honesto com o livro", lembrou Jonze, de 40 anos, co-roteirista do filme junto com Dave Eggers.
O universo literário de Onde Vivem os Monstros encerra ao fim de 50 páginas, mas a imaginação que despertam os desenhos de Sendak são as grandes vertentes do livro, que integra a lista dos mais vendidos de todos os tempos.
"Não quis acrescentar nada que não estivesse no livro, mas tentei descobrir quem é Max e quem são as criaturas selvagens, para mim são as emoções e isso cedeu espaço para que começasse a escrever os personagens", manifestou Jonze, autor de títulos como Quero ser John Malkovich e Adaptation (Adaptação, 2002), seu longa-metragem anterior.
Na versão original do filme é possível escutar as vozes de James Gandolfini, Catherine O''Hara, Paul Dano e Forest Whitaker, que emprestam suas cordas vogais às criaturas, criadas artesanalmente - "ficou rude, real", apontou Jonze - com a incorporação de efeitos digitais para dar expressão aos rostos.
O estúdio Warner Bros que esperava um produto final mais conciso acabou atrasando a estreia do filme em mais de um ano para polir os detalhes da produção, cujo orçamento foi de US$ 80 milhões.
"No princípio, o estúdio se surpreendeu com o material recebido.
Eles esperavam algo mais mágico e fantasioso, mas este não é um conto tradicional", afirmou o cineasta, quem considera ter realizado um filme sobre a infância contada de forma realista.
Segundo Jonze não foi preciso mudar nada - "fiz o que eu queria" - e Warner Bros deu o sinal verde ao trabalho do diretor de célebres vídeos musicais protagonizados por R.E.M. e Chemical Brothers.
Uma das decisões mais complicadas foi a escolha do protagonista, papel dado a Max Records, de 12 anos. "Ele é o grande trunfo do filme", disse Jonze, quem se mostrou orgulhoso também com a trilha sonora, obra de Karen O, líder da banda Yeah Yeah Yeahs.
"Ela é uma de minhas artistas favoritas", admitiu o diretor americano. "É como uma menina que luta pela liberdade e expressa seus sentimentos e considero que sua música é o coração do filme", acrescentou Jonze, um apaixonado da música pop desde criança.
"Queria uma música que lembrasse a de Brian Wilson, John Lennon, Paul McCartney e David Bowie", comentou o cineasta. "Quando criança conectava intuitivamente com meus amigos e sentia que podia identificar-me 100% com suas canções", acrescentou.
Catherine Keener, a única atriz protagonista de carne e osso no filme, certificou o duro trabalho que teve que enfrentar Jonze para adaptar a obra literária e defendeu suas decisões.
"Tem muitíssimas ideias e uma criatividade inesgotável, portanto leva tempo articular todo isso", elogiou a intérprete. "O que faz com que este filme vá muito além do que o estúdio esperava", concluiu.