Carol Garcia viveu maior desafio da carreira ao interpretar Elize Matsunaga: 'Foi intenso, longo e profundo'
A atriz é um dos destaques da série Tremembé, que estreia nesta sexta-feira, 31, no Prime Video
Conhecida por papéis de humor, a atriz Carol Garcia considera a interpretação de Elize Matsunaga o maior desafio de sua carreira. A série Tremembé, que estreia nesta sexta-feira (31) no Prime Video, é baseada nos livros do jornalista Ulisses Campbell e narra a passagem de condenados por crimes notórios pelo complexo prisional de Tremembé, no interior de São Paulo.
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Carol interpreta Elize Matsunaga, condenada a 19 anos pelo assassinato e esquartejamento do marido, o empresário Marcos Kitano.
"A gente está falando de uma pessoa que cometeu um crime muito grave e foi condenada por isso. Além disso, tem um documentário sobre ela. Muita gente assistiu a essa pessoa e tem referência imagética dela. A primeira coisa que passou pela minha cabeça é que não tenho nada a ver com ela fisicamente. Clareei o cabelo, coloquei lente de contato, minha pele foi clareada, porque sou mais bronzeada que a Elize. Minha primeira preocupação era se as pessoas iriam comprar que eu estava fazendo a Elize. Mas isso passou conforme fui estudando e percebi que o aprofundamento é mais importante do que qualquer semelhança estética", diz Carol em entrevista ao Terra.
O aprofundamento exigiu um longo processo de preparação, incluindo aulas de tiro e de costura (já que Elize foi chefe da sala de costura em Tremembé). A atriz também fez sessões com uma fonoaudióloga para replicar o sotaque e conversou com uma egressa de Tremembé para aprender gírias e a dinâmica prisional. "Foi muito intenso, longo e profundo. Foram muitas horas que eu estudava por dia."
Grande parte da preparação focou no estudo da vida de Elize e dos detalhes do assassinato de Marcos Kitano. "Fui obsessiva em estudar tudo do caso. Além disso, tive uma conversa longa com um amigo psicólogo. Queria entender, do ponto de vista da psicologia, o que acontece quando uma pessoa toma uma atitude como essa. O que acontece, não só quando uma pessoa aperta um gatilho, mas quando uma pessoa comete um crime como o da Elize."
A artista não esconde que se debruçar dessa maneira sobre a história a impactou. "Fiquei bem mexida. No início, tive insônia. Depois, estipulei um horário para parar de estudar. Começava a escurecer, e eu parava. Ia ver um filme sobre outra coisa, fazer uma comida ou conversar com o meu namorado em casa", relembra.
Carol Garcia conta que uma das preocupações dela, do elenco e de toda a equipe da série foi como contar histórias tão delicadas como as retratadas em Tremembé. Ela diz que a série irá focar na passagem dessas pessoas pela prisão e adianta um pouco do que o público verá da história de Elize Matsunaga na série.
"Tem duas coisas bem marcantes. O relacionamento com a Sandrão, que é interferido pela Suzane, então vira esse triângulo. A Elize buscou ajuda quando se relaciona com a Sandrão, que era a pilota da cadeia. Então, uma vez que você se relaciona com a pilota, você já tem algum tipo de proteção. E tem a busca dela pela filha."
Por mais que a série não seja focada no crime em si, ela irá mostrar uma encenação de como o assassinato aconteceu. "A cena do esquartejamento foi bem difícil de gravar. Sabia que estava fazendo em uma esponja, mas foi muito intenso. Via como se meu corpo estivesse habitando aquele lugar. Fiquei exausta nesse dia. Quando cheguei em casa, chorei muito e desmaiei na cama. Foi um dia bem intenso", relembra a artista.
Para as gravações de Tremembé, a cena contou com egressas do sistema prisional como figurantes. Carol recorda que conversou muito com essas mulheres durante os intervalos das gravações e ouviu histórias "duras e difíceis", mas que também a fizeram pensar na realidade do Brasil.
"Me fez pensar muito em como é o sistema carcerário brasileiro. Ele precisa urgentemente de alguma reformulação. Sei que muita gente já falou sobre isso, é uma luta, mas, se existe um desejo de reinserção social, não tem como da maneira que o sistema carcerário funciona hoje. É uma batalha totalmente perdida. A gente vive, sim, num país violento, num país cruel, com crimes muito difíceis, mas foi uma coisa que, ouvindo elas falando, mexeu muito comigo."
Passados os desafios que viveu nas gravações, Carol Garcia diz estar realizada com o trabalho entregue e conta que esperava por uma chance de interpretar uma personagem assim há tempos. "Consegui finalmente fazer um personagem que estou buscando há muito tempo, com uma profundidade muito grande. Amo fazer humor, amo enlouquecidamente. O humor é sagrado na minha vida, mas eu queria experimentar outros lugares. Foi desafiador, mas era como se o meu corpo tivesse sedento por um personagem como esse, sedento por fazer drama. Foi um desafio com um prazer extremo", conclui a atriz.
