Sala 4D propõe experiência mais próxima do real no cinema
- Tiago Agostini
O roteiro é familiar: o pequeno roedor vai atrás de sua noz subindo montanhas de pedras, escalando árvores, caindo em penhascos e escorregando na neve. Sempre que ele consegue alcançá-la e arrancá-la de seu local, algo de catástrofico acontece. Em A Era do Gelo 4, logo no início do filme, a sequência é a responsável pela separação dos continentes. Nada fora do normal, não fosse o fato de, quando o chão racha e uma enorme fenda se abre, o corpo do espectador tremer muito na frente da tela. Pelo menos em uma sala 4D.
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O cinema 4D pretende dar uma experiência mais realística ao ato de assistir a um filme. Unidos ao recurso do 3D, ele é mais comum em grandes parques temáticos. Nos últimos anos, algumas salas de redes de cinema começaram a surgir com a tecnologia, que propõe que, além de assistir ao filme, o espectador sinta o que acontece na tela através de efeitos.
Em São Paulo, a primeira sala 4D, da rede Cinépolis, foi inaugurada recentemente junto ao novo shopping JK Iguatemi. As cadeiras, consideravelmente mais altas que o normal, possuem um apoio para os pés. Confortáveis, também conseguem fazer movimentos circulares e para os lados, além de, com uma boa sincronia, pararem completamente nos momentos de impacto - À Prova de Morte, de Quentin Tarantino, deve melhorar cinco vezes em uma sala dessas. Grandes ventiladores localizados no teto são os responsáveis pelo vento, enquanto uma barra horizontal presa à frente dos assentos soltam pequenos jatos de água e cheiros.
Em A Era do Gelo 4, os efeitos funcionam como bons aliados - ou pelo menos parte deles. Com um roteiro que privilegia grandes momentos de ação, o mamute Manny, o tigre Diego e a preguiça Siid estão o tempo inteiro em movimento. O recurso da cadeira mexer é definitivamente interessante: logo que se perdem do bando que pretende atravessar uma ponte para escapar de uma montanha em movimento, os três se veem à deriva em alto mar em um pedaço de iceberg, prestes a enfrentar uma tempestade. Os movimentos do assento dão uma boa realidade à cena, reproduzindo os trancos vividos pelos personagens. O assento se mexe tanto que, mesmo alguns minutos depois da sessão, ao sentar na praça de alimentação, a impressão é que a cadeira está tremendo.
Já o vento e a água deixam um pouco a desejar. Os ventiladores são potentes e dão um efeito agradável, mas são pouco utilizados durante a trama. A água, então, é menos presente ainda. A Era do Gelo 4 se passa quase inteira no mar, com os três personagens sendo náufragos e enfrentando um navio de piratas. Ainda assim, poucas vezes é possível sentir a água - são pequenos jatos que caem na mão, em poucos momentos. Sobre cheiros, é imperceptível a mudança de cena para cena.
Depois do sucesso estrondoso de Avatar ter, aparentemente, apontado os rumos do futuro de Hollywood, a indústria cinematográfica aposta ainda mais em mega-produções, 3D, efeitos especiais e qualquer coisa que gere ingressos mais caros - e recordes de bilheteria. O 4D serve como uma boa experiência única. Talvez em filmes com um roteiro mais profundo ele possa inclusive servir mais do que apenas adereços na experiência, mas em A Era do Gelo 4 ele é apenas um detalhe divertido.