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"Não! Não Olhe" é a principal estreia de cinema

25 ago 2022 - 05h10
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Foto: Divulgação/Universal Pictures / Pipoca Moderna

Os cinemas recebem nesta quinta (25/8) o novo filme do incensado diretor Jordan Peele, que desta vez troca o terror de "Corra!" e "Nós" por uma ficção científica de disco voador. Maior estreia da semana, chega em 750 salas.

Outros destaques do circuito amplo são a mediana animação "O Lendário Cão Guerreiro" e, por incrível que pareça, "After - Depois da Promessa", quarto título da pior franquia romântica de todos os tempos, que no lançamento anterior alcançou 0% (zero por cento) de aprovação da crítica no agregador Rotten Tomatoes. Com essas credenciais, vai ocupar 620 salas.

Já o cinema nacional, que tenha sorte de encontrar espaço no circuito limitado. Como na semana passada, há mais quatro lançamentos brasileiros de ficção. Um deles, o premiadíssimo "Marte Um", tem 100% de aprovação no Rotten Tomatoes - o oposto de 0% - e é forte candidato a representar o Brasil no Oscar 2022. Mas boa sorte para encontrá-lo, pois a estreia está restrita a um punhado de salas - em São Paulo, apenas o Espaço Itaú oferece sessões contínuas.

Sem controle ou compromisso, a destruição da produção cinematográfica nacional segue como o filminho trágico mais visto e lamentado nos cinemas do país.

 
 
 

| NÃO! NÃO OLHE! |

 

O terceiro filme de Jordan Peele (após "Corra!" e "Nós") é um filme de disco voador diferente do habitual, em que os personagens, em vez de temer a descoberta, pensam em como lucrar com ela. Os protagonistas são dois irmãos que treinam cavalos para filmes de Hollywood, que após a morte repentina do pai deparam-se com a visão de algo estranho nos céus. Mas seus planos de gravar o fenômeno acabam virando caos.

O elenco destaca Daniel Kaluuya (vencedor do Oscar por "Judas e o Messias Negro"), que repete a parceria de "Corra!" com Peele, Keke Palmer ("Scream Queens"), Steven Yeun (indicado ao Oscar por "Minari"), Brandon Perea ("The OA"), Michael Wincott ("Westworld") e Barbie Ferreira ("Euphoria"). Sucesso de público e crítica nos EUA, alcançou 83% de aprovação no agregador Rotten Tomatoes

 

| O LENDÁRIO CÃO GUERREIRO |

 

A animação que traz dublagem em português do comediante Paulo Vieira (do "BBB 22") acompanha Hank, um cão sem sorte que resolve trocar sua vizinhança de cachorros raivosos por uma cidade cheia de gatos, após ser salvo por um samurai gatuno. Seu objetivo é encontrar um gato mestre para treinar e virar um samurai, mas o problema desse plano é que os gatos odeiam cachorros.

Na produção original americana, Hank é dublado pelo ator Michael Cera ("Scott Pilgrim Contra o Mundo"), enquanto Samuel L. Jackson ("Capitã Marvel) interpreta seu sensei felino Jimbo, num elenco cheio de famosos.

O filme conta com a direção de três veteranos da Disney, que trabalharam juntos no clássico "Rei Leão" (1994): Rob Minkoff (o diretor original), Mark Koetsier (animador) e Chris Bailey (animador). Mas não impressionou nem público nem crítica (55% de aprovação) nos EUA.

 

| MARTE UM |

 

Vencedor do Prêmio do Público, Prêmio Especial do Júri, Melhor Roteiro e Trilha no Festival de Gramado, encerrado no fim de semana passado, o filme de Gabriel Martins ("Temporada") acompanha uma família de periferia que tenta viver seus sonhos. Enquanto a mãe comemora mais trabalhos de faxina, o filho mais novo revela seu desejo de deixar de jogar futebol para virar astrofísico e ir à Marte. Rejane Faria ("Segunda Chamada") e Carlos Francisco ("Bacurau") vivem os pais.

Antes de ser consagrado em Gramado, "Marte Um" foi exibido no Festival de Sundance, nos EUA, onde encantou a crítica americana - tem 100% de aprovação no Rotten Tomatoes.

 

| O DEBATE |

 

Estreia do ator Caio Blat ("Califórnia") como diretor de cinema é centrada no último debate presidencial antes do segundo turno das eleições no Brasil, mais especificamente no ponto de vista conflitante de dois jornalistas casados, que trabalham juntos numa emissora de televisão e estão se separando após quase 20 anos. Os protagonistas são vividos por Débora Bloch ("Segunda Chamada") e Paulo Betti ("Órfãos da Terra").

A separação serve de pano de fundo para debates intensos sobre amor, liberdade, política e a vida do país nos últimos anos, e suas visões distintas sobre como devem conduzir a edição dos melhores momentos do debate que a TV vai exibir pode interferir na escolha de centenas de milhares de eleitores indecisos.

A narrativa carregada de diálogos foi escrita pelos cineastas Guel Arraes ("O Auto da Compadecida") e Jorge Furtado ("Real Beleza"), adaptando um livro/peça de mesmo nome que os dois escreveram. E seu viés "militante" lembra que o co-roteirista Jorge Furtado já usou uma peça como ponto de partida de um documentário para questionar a cobertura política da imprensa brasileira, "O Mercado de Notícias" (2014).

 

| CANO SERRADO |

 

O violento filme policial acompanha um sargento em busca de vingança, após seu irmão caminhoneiro ser morto. Disposto a fazer justiça com as próprias mãos, ele confunde dois policiais à paisana com suspeitos e age com violência, dando início a uma guerra entre os "homens da lei" da capital e do interior em uma terra sem lei.

O tiroteio é dirigido por Erik de Castro ("Federal") e estrelado pelo recentemente falecido Rubens Caribé ("Uma Rosa com Amor"), além de Milhem Cortaz ("Tropa de Elite"), Paulo Miklos ("As Manhãs de Setembro"), Jonathan Haagensen ("Cidade de Deus"), Fernando Eiras ("Real: O Plano por Trás da História") e Naruna Costa ("Irmandade")

 

| ASSALTO NA PAULISTA |

 

O thriller de ação é inspirado no assalto real que aconteceu recentemente num grande banco da Avenida Paulista, no coração de São Paulo. A trama acompanha pai e filha adotiva que organizaram o roubo, vendo os planos ensaiados começarem a dar errado a partir da saída do banco e até a tentativa de desovar as joias roubadas no Paraguai.

Dirigido por Flavio Frederico ("Boca"), o filme destaca Eriberto Leão e Bianca Bin (ambos de "O Outro Lado do Paraíso") como protagonistas.

 

| ONODA - 10 MIL NOITES NA SELVA |

 

O filme dramatiza a história real de Hiroo Onoda, soldado japonês que passou 30 anos escondido numa pequena ilha das Filipinas após o fim da 2ª Guerra Mundial, sem saber que a guerra tinha terminado, esperando para repelir uma invasão americana que nunca aconteceu. Premiado como Melhor Filme da Mostra de São Paulo do ano passado, o trabalho do diretor Arthur Harari venceu o César (o Oscar francês) de Melhor Roteiro Original em 2022.

 

| AFTER - DEPOIS DA PROMESSA |

 

O casal Tessa (Josephine Langford) e Hardin (Hero Fiennes Tiffin) retorna em clima de reconciliação, após três vexames de bilheteria e crítica. Com menos cenas quentes, o quarto filme pelo menos explica porque a franquia se chama "After". Uma dica: Hardin está escrevendo um livro.

Mas a dura verdade é que o romance do casal demonstrou não ter futuro desde o primeiro filme. Com míseros 17% de aprovação no site Rotten Tomatoes, o "After" inicial refletiu sua origem como fanfic ao materializar todos os clichês do gênero, com uma protagonista romântica recatada que encontra um rebelde bonitão e "perde a cabeça". Mas o clima quentinho de "Cinquenta Tons de Cinza" sem perversões e para adolescentes empolgou muitas meninas. Assim, veio a continuação, "After: Depois da Verdade", considerada ainda pior com apenas 14% de aprovação. E com faturamento de apenas US$ 2 milhões nas bilheterias dos EUA em 2020 - antes da pandemia!

Finalmente, "After - Depois do Desencontro" conseguiu realizar a façanha que todos esperavam: atingiu 0% com a crítica, mantendo a bilheteria pingada de US$ 2 milhões no mercado doméstico. Que expectativa se pode ter agora em relação ao quarto título? A direção destes últimos é de Castille Landon, que tem planos de fazer pelo menos mais dois longas.

 

| IVAN, O TERRIRVEL |

 

O documentário de Mario Abbade faz um resgate da obra do cineasta Ivan Cardoso, inventor do terrir no Brasil, mesclando material de arquivo, cenas documentais, animações e reconstruções ficcionais para refletir sobre sua importância cinematográfica e traçar o retrato de sua figura marcante na história do cinema nacional.

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