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Meryl Streep é o melhor ingrediente em 'Julie & Julia'

27 nov 2009 - 16h52
(atualizado às 16h55)
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Meryl Streep. Desnecessário vírgulas, preposições explicativas, notas de rodapé. Meryl Streep é um nome que, por si só, encerra qualidades que prescindem de grifos. A atriz que consegue te fazer rir com a mesma intensidade com que te faz chorar, estampa metade do cartaz de Julie & Julia. E é nessa metade que o filme demonstra vitalidade, senso de humor e talento para ousadias.

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A outra metade, aquela que no cartaz é estampada com a imagem da atriz Amy Adams, funciona como um elemento insosso, para usar a linguagem de temperos que é objeto maior dessa história. Em outras palavras, em Julie & Julia, Meryl Streep está para uma suculenta picanha, assim como Amy Adams está para uma sopa de chuchu. A observar que Adams é uma excelente atriz, mas que aqui não ganhou ajuda do roteiro.

Toda a história é inspirada no livro escrito por Julie Powell, uma moça que, em meio à depressão nova-iorquina pós-11 de Setembro, vê sua vida descendo por Manhattan abaixo até chegar ao Queens, o que na hierarquia imobiliária nova-iorquina significa um (quase) fim da linha social. Em 2002, trabalhando como funcionária do governo cuja função é atender ligações de pessoas que perderam parentes no 11 de Setembro, Julie tem o seu momento de "parem esse ônibus que eu quero descer". Eis então que ela decide recorrer à válvula de escape da mulher moderna: o blog confessional. A moça decide então escrever sua missão em refazer todas as receitas da grande Ofélia americana: Julia Child.

Tendo isso explicado, é preciso esclarecer que o filme é recortado com imagens do 2002 de Julie Powell e dos anos 1950 e 60 de Julia Child. Essas duas personagens não se cruzam e se comunicam apenas na ideia do amor pela cozinha que, no caso de Julia se manifesta de uma maneira muito mais orgânica (leia-se, apetitosa) e, nas cenas com Julie ganha ares de uma comédia romântica com receita de microondas, ainda que a diretora Nora Ephron se esforce bastante em filmar todos os ingredientes em um informal close que, dada a roupagem "fofa-romântica" da personagem de Amy Adams, termina parecendo um episódio mediano de Jamie Oliver em sua cozinha de improvisos. Pontuando que a atuação do rapaz que faz o namorado da moça blogueira, Chris Messina, murcha o mais fermentado dos bolos.

Retirando essa camada de açúcar que a personagem de Julie despeja no filme, o que se tem é mais uma excelente oportunidade de assistir Meryl Streep se divertindo e, melhor ainda, divertindo terceiros em mais um papel que ela parece ter nascido para interpretá-lo. Como a desproporcional e elegantemente desajeitada Julia Child, ela consegue levantar a autoestima de qualquer magro peru natalino. Além de ter ficado com a melhor personagem da trama - Julia Child é uma agradável descoberta no hall de grandes personalidades americanas -, Meryl tem o melhor elenco perto dela (Stanley Tucci e uma rápida participação de Jane Lynch), além de ter, claro, ela própria para guiar aquela que, acima de tudo, é uma das mais belas histórias de amor que dispensa rostinhos jovens e bonitos.

Do seu enrolado e doce "Bon appetit!" aos brindes olho no olho com o marido de todas as horas (Tucci), Meryl dá sobrevida à Julia Child, que morreu em 2004, pouco depois que a original Julie Powell começou a escrever seu blog. Poderia render um filme único, só delas, de Julia e de Meryl.

Meryl Streep, Julie & Julia, interna, atomo e capa
Meryl Streep, Julie & Julia, interna, atomo e capa
Foto: Sony Pictures / Divulgação
Fonte: Redação Terra
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