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Guillermo del Toro leva às telas seu 'Frankenstein' com dramas familiares; leia entrevistas

Filme chega aos cinemas em 23 de outubro e em novembro na Netflix

25 out 2025 - 05h45
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Depois de uma carreira explorando a humanidade de monstros e a monstruosidade do Homem, Guillermo del Toro, enfim, lança sua versão de Frankenstein, a mais nova adaptação cinematográfica da história de Mary Shelley. No longa, o diretor tenta dar novas camadas à questão levantada no conto original, trazendo mais destaque à megalomania de Victor Frankenstein e sua relação paternal com sua Criatura.

"Sei que parece cruel, mas isso acontece em famílias", disse del Toro em coletiva de imprensa com a presença do Estadão. "Você nasce perfeito, então sua família aparece e você quebra. Queria mostrar essa jornada, de uma alma recém-criada a um humano pensante no final."

Jacob Elordi como a Criatura em 'Frankenstein'
Jacob Elordi como a Criatura em 'Frankenstein'
Foto: Netflix/Divulgação / Estadão

Para interpretar Victor, cientista obstinado em derrotar a morte, del Toro escolheu Oscar Isaac, conhecido do grande público por Duna e pela trilogia mais recente da franquia Star Wars. Segundo o cineasta, o ator tem uma teatralidade natural que o aproxima do personagem ambicioso que ele planejou para a história. "Oscar é naturalmente musical. Não quero dizer que 'homens latinos fazem melhor', mas, você sabe [risos], nós fazemos. Queria que Victor seduzisse todos na escola, seduzisse investidores, atraísse Elizabeth (Mia Goth) até mostrar suas falhas."

Embora del Toro brinque com a latinidade de Isaac, o ator admite que sua ancestralidade o fez se sentir conectado com o personagem após conversar pela primeira vez com o diretor sobre o papel. "Falamos sobre família e sobre pais na cultura latina, onde os pais são muito vigilantes", lembrou ele.

Um Victor 'magnético'

"Tive muito prazer em interpretar esse personagem, [...] porque ele é alguém que nunca duvida de si", seguiu Isaac, dizendo que ele próprio costuma se questionar bastante. "Então ter o escape de viver alguém tão sem dúvidas sobre o que quer, a ponto de ficar quase cego [para o resto do mundo], foi muito divertido."

"Todo tirano na história era alguém sem dúvidas", complementou del Toro, comparando a sensação de incompreensão sentida por Victor à ilusão de perseguição que muitos ditadores têm de si mesmos. "Publicamente, eles se fazem de vítima, isto é uma constante. Eles dizem 'pobre de mim', mas, na verdade, são monstros. E, para mim, o Victor é assim."

Oscar Isaac como Victor Frankenstein em 'Frankenstein', novo filme de Guillermo del Toro
Oscar Isaac como Victor Frankenstein em 'Frankenstein', novo filme de Guillermo del Toro
Foto: Netflix/Divulgação / Estadão

Além do vitimismo, del Toro queria que o cientista, assim como muitos tiranos, fosse também carismático e pragmático. "Ele tinha que ser magnético por natureza", afirmou o diretor, dizendo ainda que seu Frankenstein deveria "se mover como um astro do rock, mas conseguisse pensar como um escultor".

Como a Criatura ganhou vida

Essa veia artística dada ao cientista, inclusive, foi reproduzida no visual da Criatura, interpretada por Jacob Elordi. Segundo del Toro, seu "monstro" não poderia ser apenas "um monte de partes coladas, ele é um humano completo". "Seu design é parte da história. Nada no filme é 'doce para os olhos', é tudo 'proteína para os olhos'."

Elordi lembra que sua conexão com a história da Criatura foi praticamente imediata ao ler o roteiro. "Toda fala da Criatura era algo que eu mesmo questionava [sobre mim mesmo]. Toda cena era um 'por que?' e minha vida inteira foi uma sequência de manhãs acordando e perguntando 'meu Deus, por que?' Então, fazer essas perguntas através de um personagem tão eloquente foi algo que eu precisava fazer", disse o ator.

"Tem um momento no roteiro — e isso nunca me aconteceu antes — em que a Criatura mostra o rosto para Victor, e lembro que, quando li, eu ouvi tambores", contou Elordi. Segundo ele, a cena acabou aparecendo no trailer "como eu tinha imaginado".

Para incorporar a Criatura, Elordi estudou Butoh, estilo de dança japonês também conhecido como "dança sombria", além de observar os movimentos e reações de sua cachorra. "Minha cachorra tem essa inocência na forma de se mover e de olhar para as coisas. Tivemos um momento maravilhoso no hotel em Toronto, em que eu a olhava e ela olhava para mim. Ela encostou o focinho em mim e teve um leve choque elétrico. Naquele momento, eu fiquei 'já sei'. Ela me deu vida. As coisas simplesmente acontecem se você estiver aberto a elas."

Para Mia Goth, que vive Elizabeth, interesse amoroso tanto de Victor quanto da Criatura, sua identificação com a personagem de Frankenstein foi imediata. "Guillermo me mandou o roteiro uns dois meses após nossa primeira reunião e, acho que pela primeira vez na minha carreira, eu vi um pouco de mim mesma numa personagem. Nunca tive esse tipo de ligação com um roteiro antes. Acho que esse sentimento de ser excluído, de querer uma conexão e de buscar um lar realmente fez eu me identificar."

Mia Goth em 'Frankenstein'
Mia Goth em 'Frankenstein'
Foto: Netflix/Divulgação / Estadão

Segundo a atriz, seu trabalho foi muito facilitado pelo roteiro de del Toro e o design dos figurinos de Elizabeth, assinado por Kate Hawley (Círculo de Fogo). "No momento em que vi o figurino e a história que estava sendo contada através dos tecidos, consegui entender quem Elizabeth era por dentro. Não teve um vestido específico. Isso me fez ver como o figurino pode ser uma ferramenta para contar a história."

Outro facilitador para Goth foi a natureza colaborativa de del Toro nos bastidores. Segundo ela, o diretor constantemente passava confiança no trabalho do elenco, encorajando-os a seguir seus instintos artísticos. "Tiveram momentos em que eu estava envergonhada [de me impor], porque era o Guillermo fazendo Frankenstein, o filme que sempre quisemos que ele fizesse. Mas ele vinha até mim com muita sabedoria e dizia que eu tinha todas as respostas [para a personagem], que fui escalada por uma razão e que eu podia decidir o que fazer. Ele me ajudou a confiar na minha intuição e isso, como ator, é algo muito valioso e que levarei comigo para o futuro."

Exibido também durante a programação da 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Frankenstein terá curta temporada nos cinemas de todo o Brasil a partir de 23 de outubro. O longa chega à Netflix em 7 de novembro.

Estadão
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