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Diretor Robert Rodriguez conversa sobre 'A Pedra Mágica'

4 set 2009 - 16h59
(atualizado às 17h19)
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Trazendo de volta todo o humor extremista de Robert Rodriguez em mais um de seus filmes infantis, A Pedra Mágica está há uma semana em cartaz nas principais salas de cinema do Brasil com uma trama de poucos limites criativos. Praticamente tudo é possível quando você tem em mãos uma pedra que realiza desejos: quantos você quiser, do tipo que quiser.

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O Terra publica uma entrevista com o diretor que consegue fazer filmes que transbordam sangue (os adultos) ou bolinhas de sabão (os infantis) com a mesma ironia boba, tosca e, como ele mesmo explica, cartunizada.

Robert, como é para você sair de um filme infantil como A Pedra Mágica e começar a fazer um filme como Machete, que é a completa antítese?

Eles não são tão distantes assim (risos). Não, na verdade, as pessoas acham que faço filmes infantis e depois dou um giro de 180º, mas não é como se eu fizesse A Pedra Mágica e Seven logo depois, é mais como fazer A Pedra Mágica e Desperado e essas coisas com caixas de guitarras que atiram mísseis. Todos têm uma mão de cartunista. Eu costumava ser um cartunista, então o ponto comum entre meus filmes é que todos eles são fantasias. São sempre mundos inventados. E todos têm muito humor. Então, é um tipo diferente de ação, mas com uma pegada de quadrinhos. Mas ainda há uma diferença. Eu gosto de fazer filmes como Grindhouse ou Sin City que são muito inventivos e divertidos, e os filmes infantis tiram vantagem de minhas experiências familiares, porque eu cresci com uma família de 10 filhos. Eu tenho cinco filhos, e as pessoas dizem que, enquanto um escritor, se você quiser fazer um livro ou um roteiro, faça sobre aquilo que você sabe falar. Então eu faço isso porque é o que sei fazer. Estaria me assaltando se de todo esse tempo que passo com meus filhos não aproveitasse algumas das experiências e das idéias que surgem apenas quando estamos brincando.

Que aspecto de sua infância está presente neste filme?

Bem, esses sentimentos da minha infância estão mais nos filmes dos Pequenos Espiões. Neste, é mais como falar da minha vida com meus filhos. Os filmes passados foram baseados nisso. Digo, de referência direta, tínhamos um cânion cheio de cobras em nossa casa e propriedade. Temos uma parte da casa que é uma torre de castelo que construí, pensando dez anos atrás que algum dia eu usaria aquilo em um filme quando eu tivesse crianças. Acabou acontecendo neste filme. Eu ia filmá-lo meio como El Mariachi, apenas no terraço da minha casa, e vir com um roteiro depois. Então quando meu filho veio com a ideia de fazer um filme meio Os Batutinhas, fiquei pensando "É claro!" Isso é algo que pensei em fazer anos atrás mas que havia totalmente esquecido. Meu filho Rebel falou de um cânion e de uma pedra. Ele adora pedras, coleciona elas. E ele ficava repetindo: "uma pedra arco-íris, uma pedra arco-íris". Pensei "e se for uma pedra de realizar desejos?" Perguntei a ele o que ele desejaria se pudesse pedir qualquer coisa, porque eu testaria a ideia com eles, e ele disse: "Gostaria de um bumbum ou de uma cabeça". Eu disse: "Tem certeza?" E ele: "Sim." Então perguntei a meu outro filho, que é mais velho e sábio e ele disse: "Desejaria ser uma batata". E eu disse: "Ok, eu desejaria por mais um milhão de desejos". E aí a cara deles meio que murchou e eles fizeram "Oh". Você podia imaginar que eles estavam pensando que eu havia acabado de desperdiçar meu pedido e me dei conta então de que essa é uma boa ideia para um filme. Porque uma vez com a pedra você pode ter tudo. Você realmente não saberia o que desejar, especialmente sendo uma criança. Uma criança pede por chocolates e então ele começa a ter barras saltando de seu bolso. E vamos pedir então por "telefonesia" e aí a coisa toma dimensões literais. Você pode se divertir muito nisso.

Todo mundo comenta sobre como você é bom trabalhando com crianças e que você consegue conviver bem com elas tanto no filme, como no set onde elas estão ao seu redor a toda hora. Você é um homem extremamente paciente? Como consegue isso?

Cresci com crianças. Eu era o terceiro mais velho numa família de dez filhos. Tenho uma vívida memória do filho de um amigo meu saindo da escola num dia de sábado e eu estava lá parado. E ele falou: "Como você agüenta esse barulho?" E eu falei: "Que barulho?" E aí escutei com os ouvidos dele por um momento. Pra mim tudo tranquilo. Falei: "É, aparentemente faz barulho aqui" (risadas). Apenas cresci desse jeito, eu realmente não escuto nada, entende?

James Spader está no filme e ele é um ator que é conhecido por papéis bastante introspectivos. E aí você está pedindo pra ele: "Não, maior, mais alto, totalmente aberto". Esse é um processo que você precisa passar para levar as pessoas a fazerem aquilo que elas não estão acostumadas a fazer?

Sim, ele sabe que estou por perto. Digo, a câmera está logo ali. Perto. E ele (o ator) está ali pensando: "não sei bem". É por isso que existe o diretor. Você precisa confiar nele. E aí você sabe quando se sente bem e quanto está em uma zona de conforto pra perguntar "não sei, posso fazer isso?" E eu digo: "Sou o editor. Vai ser divertido. Vamos assistir." E isso é o que é legal de filmar em digital, quando você tem um grande monitor, muito claro. Não é como normalmente se faz um filme, quando você não sabe o que está fazendo. E foi a maneira como ele (Spader) filmava antes. E quando ele viu o que estávamos fazendo, ele ficou uivando. Ele simplesmente não acreditava.

Ele ficou realmente surpreso ao saber que seria possível finalizar as filmagens depois de apenas cinco dias. Como você conseguiu isso? A tecnologia chegou a um ponto onde isso é ainda mais possível hoje do que quando você fez seu primeiro filme digital, Pequenos Espiões?

Não, na verdade, ele (Pequenos Espiões) foi bem rápido também (risos). Digo, a coisa é que eu sou meu próprio editor. Quanto mais tarefas você faz, mais fácil fica e sei que isso soa meio louco. A coisa funciona mais como "ok, vamos fazer um grande filme, então precisamos de mais pessoas". Mas na minha maneira de trabalhar isso funciona como "Não, você precisa de menos pessoas." Assim você consegue terminar a corrida em vez de apenas ter um ataque cardíaco antes de cruzar a linha. Porque, de modo contrário, você vai ficar carregando essa bagagem nas costas. Então se você é o diretor e não sabe editar, vai filmar apenas cenas e enviá-las pro editor tentar juntar tudo aquilo.

Você pode falar sobre a escolha do elenco? As crianças são tão boas.

Ah, obrigado. Isso tomou um tempo. Com Jolie (Vanier), foi seu primeiro filme.

Como você os achou e depois os dirigiu?

Não é assim tão difícil achar crianças. Tenho uma agente muito boa. Ela traz muitas crianças, mas somente as melhores das melhores. E aí quando você as assiste pode ver quais são aquelas em que você vê um brilho. Aí vira um processo de achar os papéis certos pra cada uma. Eu realmente queria usar Loogir (Trevor Gagnon). Ele leu para todos os papéis do filme e eu consegui fazer dele Loogie.

O filme é cheio de piadas bobas, há um certo nível de humor que você gosta de manter quando está fazendo um filme infantil?

Não (Risos). Isso simplesmente sai assim. Gosto de uma boa piada boba, mas acho que há tão mais tipos de humor que se pode ter. Acho que uma das melhores críticas que já recebi foi aquela que Roger Ebert fez para Pequenos Espiões quando nenhum filme infantil estava sendo feito. Ninguém estava levando isso a sério. Foi sempre como, crianças precisam ver alguma coisa, qualquer coisa. E essa crítica dizia assim: "Nessa idade, tudo é sobre aquilo com o que você pode viver, em vez de aquilo com o que você aspira". Foi uma boa afirmação que me deu uma boa rota a ser traçada, de tentar fazer um bom filme. Queremos apenas pessoas rindo no cinema e não temos mais nada a fazer, então vamos divertir as pessoas.

Robert Rodriguez
Robert Rodriguez
Foto: Divulgação
Fonte: Redação Terra
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