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Como o Titãs abraçou o primitivo em 'Cabeça Dinossauro' e dominou o Brasil

Banda apostou em sonoridade mais pesada e letras polêmicas pós-fim da censura sem abrir mão da sensibilidade pop que marcou sua trajetória

15 dez 2025 - 16h30
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Na metade dos anos 1980, o Titãs era meio que uma curiosidade da paisagem rock brasileira. Oito integrantes, vários vocalistas, sensibilidades diferentes colidindo o tempo todo. O grupo teve sucesso, porém era conhecido quase tanto pelas desventuras quanto pela música.

Capa de 'Cabeça Dinossauro', álbum do Titãs
Capa de 'Cabeça Dinossauro', álbum do Titãs
Foto: divulgação / Rolling Stone Brasil

Especificamente em 1985, eles estavam em uma encruzilhada. O álbum Televisão, lançado em junho daquele ano, ficou aquém das expectativas criativas dos integrantes e comerciais da gravadora. Em novembro, o vocalista Arnaldo Antunes e o guitarrista Tony Bellotto foram presos por porte de heroína — um dos casos mais infames da época.

Artisticamente, os integrantes tinham gostos que puxavam para direções diferentes. Sons mais pesados e influências de punk, funk e reggae pareciam despertar maior interesse do que o pop tradicional. Fora a abordagem mais primitivista na hora de escrever letras.

https://www.youtube.com/watch?v=KHlS5kwvdsE

Seja pela música "Cabeça Dinossauro", composta de brincadeira no ônibus de turnê da banda em cima de um ritmo tribal Xingu, ou faixas como "Bichos Escrotos" e "AA UU", as composições do período apontavam para uma vontade de expressar suas frustrações de jeito universal. Nada intelectual, só visceral.

Quando queriam falar de algo um pouco mais concreto, a mensagem ainda era bem simples. Nando Reis esbravejou contra a religião organizada em "Igreja" e a família tradicional na faixa "Família". Tony Bellotto destilou a experiência de sua prisão e a raiva contra as autoridades na canção "Polícia", enquanto Charles Gavin ofereceu seu ponto de vista sobre a mesma situação na letra de "Estado Violência".

https://www.youtube.com/watch?v=N-myyS3jbdw

Todo esse material também se direcionava para um novo momento no Brasil. A política de censura prévia aplicada pelo governo federal desde 1964 diminuiu drasticamente desde a saída dos militares do poder em 1985.

Estrelas da música estavam testando, aos poucos, os limites das novas autoridades. Já o Titãs simplesmente chutou o balde.

"Bichos Escrotos" foi composta em 1982 e tinha uma letra cheia de palavrões, por isso não era permitida ser gravada pela censura. Agora que militares não estavam mais no poder, a banda aproveitou a deixa. Devido ao linguajar, a canção continuou proibida de tocar no rádio, mas a demanda de ouvintes era tamanha a ponto das emissoras decidirem arcar com as multas em troca da audiência.

https://www.youtube.com/watch?v=bPp8tcy1nSo

Isso em si ilustra o poder de Cabeça Dinossauro (1986). A instrumentação era hostil e as letras abraçavam posições polêmicas na sociedade brasileira, mas algo era indiscutível: soava extremamente pop. Uma sensibilidade compartilhada por todos os integrantes do Titãs era a capacidade de criar uma melodia grudenta. Não à toa, composições desse disco ganharam versões por nomes que vão de Sepultura a Molejo.

Era o primeiro passo de um período de extremo sucesso para o Titãs. A tensão entre pop e experimental sempre se mostrou fundamental ao sucesso criativo deles. Quatro décadas depois, o público ainda enche arenas e estádios para ouvir essas canções — como o fará em 2026, na turnê que celebra o aniversário do disco.

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