Alice Munro, escritora canadense vencedora do prêmio Nobel, morre aos 92 anos
A escritora canadense Alice Munro, vencedora do prêmio Nobel, morreu aos 92 anos, disse sua editora nesta terça-feira.
Autora de histórias primorosamente elaboradas sobre amores, ambições e dificuldades de mulheres de cidades pequenas em sua terra natal, Munro se transformou em uma mestre de contos mundialmente aclamada.
Munro morreu em sua casa em Port Hope, Ontario, disse Kristin Cochrane, CEO da McClelland & Stewart.
"A escrita de Alice inspirou inúmeros escritores… e seu trabalho deixa uma marca inabalável em nosso cenário literário", afirmou, em um comunicado.
O jornal Globe and Mail, citando membros da família, disse que Munro morreu na segunda-feira após sofrer com demência há pelo menos uma década.
Munro publicou mais de uma dúzia de coleções de contos e foi homenageada com o Prêmio Nobel de Literatura em 2013.
Suas histórias exploraram sexo, anseios, descontentamentos, envelhecimento, conflitos morais e outros temas em ambientes rurais com os quais ela era intimamente familiarizada -- vilarejos e fazendas da província canadense de Ontário. Ela era adepta do desenvolvimento completo de personagens complexos, dentro das páginas limitadas de um conto.
"Alice Munro foi um ícone literário canadense. Por seis décadas, seus contos cativaram corações ao redor do Canadá e no mundo", afirmou a ministra de Patrimônio canadense, Pascale St-Onge, na plataforma de rede social X.
Munro, que escreveu sobre pessoas comuns com clareza e realismo, foi muitas vezes associada a Anton Chekhov, um russo do século 19 conhecido pelos seus brilhantes contos -- uma comparação citada pela Academia Sueca ao lhe entregar o Prêmio Nobel.
Chamando-a de uma "mestre dos contos contemporâneos", a Academia também disse que "seus textos muitas vezes contêm descrições de eventos cotidianos, mas decisivos, alguns tipos de epifanias, que iluminam a história ao redor e permitem que questões existenciais apareçam em um relâmpago".
Em uma entrevista com a Canadian Broadcasting Corporation após vencer o Nobel, Munro afirmou: "Eu acho que minhas histórias circularam de uma maneira bem extraordinária para contos e eu realmente espero que isso faça as pessoas verem os contos como uma arte importante, não apenas como algo com o que você fica brincando até escrever um romance".
Seus trabalhos incluem: "Dance of the Happy Shades" (1968), "Vidas de Meninas e Mulheres" (1971), "Who Do You Think You Are?" (1978), "As Luas de Júpiter" (1982), "Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento" (2001), "Fugitiva" (2004), "A Vista de Castle Rock" (2006), "Felicidade Demais" (2009) e "Vida Querida" (2012).
As personagens em suas histórias são muitas vezes garotas e mulheres que levavam vidas aparentemente comuns, mas sofriam com aflições como abuso sexual, casamentos sufocantes, amores reprimidos e estragos do envelhecimento.
Ela foi a segunda escritora nascida no Canadá a vencer o prêmio Nobel de Literatura, mas a primeira com uma identidade nitidamente canadense. Saul Bellow, vencedor em 1976, nasceu em Quebec, mas cresceu em Chicago e era amplamente visto como um escritor norte-americano.