Agildo Ribeiro soube como ninguém debochar dos políticos
Humorista apresentou programa com fantoches de poderosos na TV Manchete
Poucos comediantes sabem explorar a riquíssima matéria-prima oferecida pela política para fazer graça.
Agildo Ribeiro era craque nisso. Histriônico, o humorista provocava risos com a ironia ácida aplicada às maiores figuras de poder do País.
Participou de vários programas importantes, como ‘Zorra’, ‘Casseta & Planeta Urgente’ e ‘Planeta dos Homens’.
Sua morte neste sábado (28), aos 86 anos, no Rio, em consequência de problemas cardiovasculares, encerra uma carreira brilhante com muitos pontos altos na TV.
Entre 1989 e 1990, ele comandou o ‘Cabaré do Barata’ na extinta TV Manchete.
Contracenava com bonecos de Lula, Collor, Maluf, Brizola e outros medalhões de Brasília.
Um dos quadros da atração era a ‘Escolinha dos Presidenciáveis’, uma versão da ‘Escolinha do Professor Raimundo’ de Chico Anysio.
O humorista fazia perguntas aos fantoches. As respostas absurdas – representativas da retórica incompreensível de muitos políticos – garantiam a diversão do telespectador.
Era um formato absurdamente simples que funciona bem na televisão. Faz falta aquele tipo de zombaria pautada na crítica social.
Imagine um programa com bonecos de Bolsonaro, Alckmin, Ciro Gomes, Marina Silva, Joaquim Barbosa e Lula se digladiando para responder as perguntas capciosas de Agildo Ribeiro.
É o tipo de humor político que a TV aberta deveria explorar mais. As risadas com a gozação aos políticos seriam um contraponto ao ódio que eles suscitam nas redes sociais cada vez mais polarizadas e tóxicas.
Carismático e sempre bem informado, Agildo Ribeiro não perdia nenhuma oportunidade de fazer troça da política e dos brasileiros em geral.
Sem ele, o humor nacional se entristece em um ano eleitoral com tanto potencial para rirmos de nós mesmos e daqueles que pretendem governar esse estrambólico País.