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Um em cada oito rios do mundo pode não ter oxigênio suficiente

Estudo indica que 12,5% dos rios ao redor do planeta já passaram por hipóxia — condição em que o oxigênio dissolvido na água é insuficiente

24 abr 2023 - 19h15
(atualizado às 23h33)
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Um estudo global sobre a qualidade da água nos rios e córregos mostrou que pelo menos 12,5% dos rios ao redor do mundo sofrem de hipóxia — condição que indica menos de 2 miligramas de oxigênio dissolvido por litro d'água.

Somente em março deste ano, centenas de milhares de peixes mortos apareceram na superfície do rio Darling Baaka, na Austrália, em três ocorrências diferentes ao longo de quatro semanas. O triste fenômeno é mais comum do que parece, como mostra o artigo publicado no periódico científico Limnology and Oceanography Letters. Um em cada oito rios pelo planeta está com concentrações de oxigênio abaixo do ideal.

Foto: Unsplash/Jo-Anne McArthur / Canaltech

O oxigênio na água é bem mais escasso que na atmosfera. Em um corpo d'água saudável, sua concentração é de sete a oito partes por milhão (ppm) — a cada um milhão de moléculas, em média, apenas sete é de oxigênio. Pode parecer pouco, mas peixes sobrevivem bem em números como estes — o que deixa de ser verdade abaixo de duas ppm.

Monitorando a qualidade de rios em 95 países, de todos os continentes exceto a Antártida, os cientistas se surpreenderam ao notar que o fenômeno é mais frequente do que se imaginava. Dados de mais de 125.000 rios foram reunidos pela equipe e sua rede de colaboração, levando à conclusão de que 12,6% dos córregos já passaram por hipóxia pelo menos uma vez.

Os causadores da hipóxia

O número pode ser explicado por diferentes fatores ambientais. Primeiramente, rios menores e mais lentos estão mais ameaçados, pois a velocidade das águas é menos favorável à captura do oxigênio da atmosfera. O fator mais influente, porém, foi a temperatura da água, já que a quantidade máxima de oxigênio dissolvido no líquido diminui conforme a temperatura sobe.

Dentro de uma mesma bacia hidrográfica, por outro lado, a proximidade dos rios em relação a cidades e áreas pantanosas revelou uma tendência de maior ocorrência de hipóxia nestas áreas. Isso se deve não somente às menores velocidades de escoamento nestes locais, mas também à presença de matéria orgânica que favorece a proliferação de bactérias que consomem o oxigênio dissolvido.

Nestas regiões, a chance de um rio passar por hipóxia chegou a 20%, muito acima de áreas de florestas, campos ou mesmo de agricultura, onde o excesso de fertilizantes também pode ser um fator preocupante. As altas concentrações de nitrogênio e fósforo destas substâncias, caso cheguem aos rios, podem acelerar o crescimento de algas e bactérias, em um fenômeno conhecido como eutrofização.

Fonte: Limnology and Oceanography Letters VIa: Eos

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