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Troca de dados bancários traz benefícios e riscos: entenda o Open Finance

Novo conceito envolve troca de dados dos clientes de bancos. Tema foi debatido na Febraban Tech, evento de inovação do setor financeiro

11 ago 2022 - 17h33
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Open Finance traz benefícios de comodidade e agilidade, mas também suscita riscos no tratamento de dados dos clientes
Open Finance traz benefícios de comodidade e agilidade, mas também suscita riscos no tratamento de dados dos clientes
Foto: our-team / Freepik

O Open Finance, novo conceito que abrange a troca de dados financeiros de clientes em bancos e fintechs (startups de finanças), tem empolgado o mercado mas ainda é considerado um ser estranho para a maioria do público. Como toda inovação, ela traz benefícios de comodidade e agilidade, mas também suscita riscos no tratamento dessas informações.

O tema foi debatido na quarta-feira (10), no painel “A nova dinâmica do Open Finance”, da Febraban Tech, grande evento de tecnologia e inovação da Federação Brasileira de Bancos que termina nesta quinta (11) no Parque Ibirapuera, em São Paulo.

De acordo com os palestrantes do evento, que atuam no setor financeiro, as instituições não podem obrigar as pessoas a compartilharem seus dados. Mas ao optarem por isso, o tratamento desses dados é feito com segurança. Por outro lado, outras fontes disseram a Byte que a novidade poderá trazer novas formas para as companhias explorarem oportunidades de negócio que nem sempre estarão alinhadas com o que os clientes querem.

Como funciona o Open Finance?

Com o Open Finance, clientes podem compartilhar uma série de dados (bancários e não bancários) com diversas instituições financeiras, tais como bancos, fintechs e cooperativas, em troca de benefícios de crédito. A novidade ainda está em fase de testes no Brasil.

Anteriormente, com o conceito de Open Banking, já era possível fazer isso, mas apenas com alguns tipos de dados, como os cadastrais, de saldo, crédito e cartões de crédito. E era possível só com os bancos. Agora, com o Open Finance, é possível compartilhar também dados referentes a seguro, previdência e investimentos, e com mais empresas além dos bancos.

Ao aceitar abrir seus dados (bancários ou não) para uma instituição, você também decide que esse compartilhamento pode durar por três meses, seis meses ou um ano. E você também autoriza ou não o banco a ter acesso ao seu histórico, que é o fluxo bancário dos seus últimos 12 meses.

Se por exemplo você tem uma conta em três bancos, como Banco do Brasil, Itaú e Santander, você pode compartilhar seus dados de todas as suas contas com um desses bancos. Portanto, a escolha também passa pela confiança do cliente na instituição que receberá as informações, e o histórico da empresa no tratamento de dados deve ser fundamental na decisão. 

Todos os bancos de grande porte, como Banco do Brasil, Santander, Itaú, Bradesco, entre outros, são obrigados a participarem do Open Finance. Mas a participação não é compulsória para outros tipos de instituições financeiras. A obrigatoriedade em certos casos é para haver volume de pessoas físicas dispostas a compartilharem seus dados.

“Temos um volume importante de pessoas só para olhar para essa parte de segurança. Hoje dentro do banco existe uma Diretoria de Segurança Cibernética, não só para Open Finance, mas para o banco no geral”, diz Carlos Carneiro, diretor de Open Finance no Itaú. 

Para especialista, maior tráfego de dados financeiros pode criar mais chances de ciberataques
Para especialista, maior tráfego de dados financeiros pode criar mais chances de ciberataques
Foto: pch.vector / Freepik

Devo confiar no Open Finance?

De acordo com Robson Ohosaku, líder de prevenção à fraudes bancárias no SAS, “com novas conveniências, sempre vem novos riscos”. “Um risco muito claro é que os dados são o novo petróleo, o novo ouro. Vamos imaginar que esse ouro está sendo trafegado e armazenado em mais pontos de um ecossistema, com mais players (empresas) participando. Então há risco de ataque cibernético a sistemas”, explica. 

No entanto, Ohosaku defende que o Open Finance vem com uma camada de segurança muito forte. E apesar dos riscos de infraestrutura, que levarão os bancos a serem muito cuidadosos, acha que os benefícios serão maiores, como uma eventual democratização do crédito. Ele também explica que o Open Finance segue a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a lei europeia PSD2, um protocolo para serviços de pagamento.

Uma fonte que trabalha com finanças públicas, que pediu à reportagem para não ser identificada, alerta que esse novo compartilhamento de dados pode tornar o consumidor mais vulnerável ao assédio das empresas ofertando produtos.

“Isso já acontece muito com os aposentados e pensionistas do INSS, especialmente ofertando crédito consignado, então agora que esse banco de dados vai ficar compartilhado entre elas a chance de ocorrer um assédio é maior”, comenta.

A fonte especialista também destaca que,nem todas as pessoas no Brasil detêm instrução para dar esse tipo de consentimento de dados de forma livre e informada. “Os bancos e instituições financeiras terão muito poder, então o Banco Central precisa regular mais fortemente o setor, prevendo punições para eventual uso indevido dos dados, e estando alinhado com as organizações de defesa ao consumidor."

No Open Finance, clientes podem ganhar novas oportunidades de crédito
No Open Finance, clientes podem ganhar novas oportunidades de crédito
Foto: pressfoto / Freepik

Quais os benefícios do Open Finance para o cliente?

Carneiro afirma que as instituições financeiras poderão fazer uma gestão de dados mais precisa e dizer, por exemplo, se a conta do cliente vai ficar vermelha e fazer parceria com os restaurantes favoritos da pessoa para conseguir descontos, entre outras vantagens.

Segundo Ivo Mósca, líder do grupo de Open Finance na Febraban, o primeiro benefício é a amplitude de ofertas. “A instituição poderá ter acesso ao histórico de compras do cliente, e com isso, não apenas vai dar ofertas de acordo com a necessidade dele, mas também ofertar opções mais baratas, com condições mais competitivas”, explica.

Em que fase está a implementação do Open Finance no Brasil?

No Brasil, a implementação do Open Finance ainda está em progresso porque os dados trafegados hoje não passaram por um processo de padronização, o que é necessário para que se alcancem os resultados previstos.

Hoje, o que está disponível é a possibilidade de iniciação de pagamento. Ou seja, você pode ir no ambiente de um banco X para comandar o pagamento de um banco Y. As demais fases do Open Banking ainda estão em modo de espera

“O mercado ainda não sabe o que vai ser, teremos que fazer tentativas e erros, experiências de onboarding, e assim vamos melhorando”, argumentou Guilherme Assis, cofundador e CEO da fintech Gorila, na palestra da Febraban Tech. Já Carneiro, do Itaú, defende que é muito mais difícil do que implementar um produto como o Pix, porque esse novo sistema traz complexidades como o consentimento dos usuários na troca de dados e a expectativa por benefícios. 

Fonte: Redação Byte
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