Prótese de lã e ouro ajudou homem do séc. 18 com lábio leporino
Pela 1ª vez na Europa, foi achada uma prótese muito bem fabricada com metais preciosos que preencheu a fenda labial de um homem, conservada abaixo de uma igreja
Foi descoberta, na Polônia, uma das próteses para lábio leporino mais antigas do mundo, a primeira do tipo na Europa. O objeto, que tem mais de 300 anos, foi feito com lã e metais muito finos e ainda estava alojado na boca de seu usuário, um homem do século XVIII que morreu com cerca de 50 anos, segundo análises.
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O lábio leporino é uma condição congênita onde o céu da boca (palato duro) não se fecha por completo durante a gestação, e, atualmente, é corrigido por cirurgia. Essa parte da boca impede que substâncias indesejadas entrem na cavidade nasal e ajuda na respiração e fala. Historicamente, figuras como Tutancâmon, o jovem faraó do Egito, tiveram lábio leporino, bem como o filósofo Demócrito.
A valiosa prótese palatina
A prótese polonesa, chamada obturador palatino, tem 3,1 centímetros e pesa cerca de 5,5 gramas, sendo composto por um coxim de lã costurado a uma placa metálica fina. Ela estava enterrada junto ao seu usuário na cripta da Igreja de São Francisco de Assis, em Cracóvia, na Polônia, sendo encontrada durante escavações entre 2017 e 2018.
'Exceptional' prosthesis of gold, silver and wool helped 18th-century man live with cleft palate https://t.co/05jgdGn8Kd
— Live Science (@LiveScience) April 12, 2024
O lábio leporino foi identificado nos restos mortais do indivíduo por meio de tomografias computadorizadas e análises de arqueólogos, que removeram a prótese e notaram algumas características. A fibra do objeto continha traços de amarelo e verde, provavelmente ouro e cobre. A placa metálica feita dos metais acabou separada do corpo sem querer durante o procedimento.
Segundo os cientistas, a fina camada metálica teria ajudado a prevenir infecções ao bloquear secreções corporais que poderiam se infiltrar no tecido. É difícil, no entanto, saber como era o encaixe e o quão justa ficava a prótese na boca do usuário, por exemplo.
Com microscopia de elétrons, descobriu-se que os metais presentes eram, de fato, cobre, ouro e prata. Na lã, foram vistos sinais de iodeto de prata, que pode ter sido adicionado por ser antimicrobiano.
Lábio leporino ou fissura labial é uma condição conhecida há milênios, e soluções foram da inclusão de pedras na fenda labial a próteses como a polonesa. Nos séculos passados, o uso de metais preciosos limitou as próteses apenas aos mais ricos — no caso da encontrada na Polônia, a delicadeza dos materiais e o quão finos estão mostra um trabalho muito habilidoso.
Fonte: Journal of Archaeological Science: Reports
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