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Presos de Esperança (PB) constroem telescópios que são doados a escolas

Projeto Esperança no Espaço promove ressocialização de presos e estímulo à ciência em cidade da Paraíba

14 dez 2023 - 05h00
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Diretor da cadeia de Esperança (PB) comprou material para presos construírem o primeiro telescópio
Diretor da cadeia de Esperança (PB) comprou material para presos construírem o primeiro telescópio
Foto: Lindemberg Lima / Acervo pessoal

Na pequena cidade paraibana de Esperança, a 150 quilômetros da capital João Pessoa, um projeto envolvendo astronomia trouxe um novo propósito aos presos de uma cadeia pública. Criado pelo diretor da unidade prisional, Lindemberg Lima, a iniciativa não poderia ter melhor nome: Esperança no Espaço.

Na ação, os detentos aprendem a construir telescópios, estudam astronomia e, em seguida, os equipamentos são doados às escolas municipais da região para incentivar a criançada a se interessar pela ciência

O astrônomo amador Lindemberg Lima, idealizador do Esperança no Espaço disse em entrevista ao Byte que sempre foi apaixonado por astronomia desde a infância, mas que não tem graduação na área. Ele se considera autodidata. 

Ele explicou que a ideia do projeto surgiu de duas necessidades: poder dar uma oportunidade de um novo recomeço aos reeducandos e levar a astronomia à população, já que é uma ciência de alto custo no Brasil

Detentos de Esperança (PB) aprendem a construir telescópios, estudam astronomia e, em seguida, os equipamentos são doados às escolas municipais
Detentos de Esperança (PB) aprendem a construir telescópios, estudam astronomia e, em seguida, os equipamentos são doados às escolas municipais
Foto: Lindemberg Lima / Acervo pessoal

"Eu mesmo, embora apaixonado pelo espaço desde criança, só tive a oportunidade de ver um planeta por um telescópio depois de adulto. E isso me incomodava, saber confeccionar uma ferramenta científica e não compartilhar com as pessoas.", disse. 

Lima conta que inicialmente decidiu fazer um telescópio por conta própria, e observou que a construção do equipamento gerou curiosidade na unidade prisional, tanto nos reeducandos como nos companheiros de trabalho. 

"Um dos reeducandos, quando viu que o telescópio ficou pronto e que deu um resultado além do esperado, perguntou se um dia, quando ele saísse da cadeia, se eu poderia fabricar um telescópio para ele. E eu disse que poderia fabricar lá na cadeia mesmo, ensinando a ele", contou. 

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Produção dos telescópios

O diretor da cadeia comprou o material com recursos próprios para construírem juntos o primeiro telescópio. E durante o processo de fabricação isso gerou ainda mais curiosidade nos presos. 

Para que o projeto tomasse forma, era preciso a verba necessária para a matéria-prima usada na fabricação dos telescópios. E ela veio de uma fonte incomum.

Lima teve a ideia de ampliar a produção de equipamentos e doar para as escolas. Mas precisaria de ajuda para que o projeto crescesse. Foi quando apresentou a iniciativa de ressocialização à juíza daquela comarca, Paula Frassinetti, que ficou encantada com o projeto. 

"Passamos a colaborar diretamente com o projeto a partir da destinação das verbas de prestação pecuniária que estavam à disposição do juízo da 1ª Vara da Comarca de Esperança. Em poucas semanas, pudemos ver os primeiros telescópios fabricados dentro da unidade prisional de forma completamente artesanal", afirmou a juíza em entrevista ao Byte

Ao menos 600 escolas da Paraíba receberão os telescópios do projeto
Ao menos 600 escolas da Paraíba receberão os telescópios do projeto
Foto: Acervo pessoal/Lindemberg Lima

600 escolas contempladas na Paraíba

Inicialmente, cinco escolas foram contempladas com os telescópios. Agora, há um acordo de cooperação firmado entre a secretaria de Administração Penitenciária e a secretaria de Ciência e Tecnologia para a construção de 600 telescópios, um para cada escola da rede estadual da Paraíba. 

"O projeto Esperança no Espaço é uma iniciativa completamente inovadora e com um potencial de transformação sem precedentes, por isso, desde o primeiro momento, quando ainda nem tinha nome, foi abraçado por nós, por vislumbrarmos a sua capacidade de promover a ressocialização através da ciência", disse Frassinetti.

"A alegria dos detentos em conseguir executar algo de tanta relevância e que irá contribuir para a formação dos estudantes das escolas públicas foi algo ímpar", completou. 

Projeto Esperança no Espaço promove a ressocialização de presos pela construção de telescópios
Projeto Esperança no Espaço promove a ressocialização de presos pela construção de telescópios
Foto: Lindemberg Lima / Acervo pessoal

Ressocialização e aprendizado

Todos os reeducandos aprendem o processo de fabricação do telescópio de forma completa. Para que, além de uma atividade que permite resgatar a autoestima e a esperança, eles também tenham a oportunidade de fabricar telescópios por conta própria.

"A gente sabe que, no Brasil, um egresso do sistema dificilmente terá uma oportunidade de emprego. Então, eles podendo fabricar um telescópio por conta própria e poder ter o sustento dificilmente vão voltar para o crime. Priorizamos isso", afirmou o diretor da cadeia. 

A Lua em registro feito pelo telescópio construído na cadeia
A Lua em registro feito pelo telescópio construído na cadeia
Foto: Acervo pessoal/Lindemberg Lima

Além das doações às escolas, um telescópio fica na unidade prisional para observação. Lá, os presos também têm aulas de física e astronomia. 

"Eu pude observar nesse tempo uma mudança radical na perspectiva de vida, não só das pessoas que participam do projeto como toda a população carcerária da unidade prisional. Eu creio que dar respeito e dignidade, dar esperança de um futuro melhor, modifica profundamente a vida dessa pessoa", disse Lindemberg Lima.

"O que eles fizeram no passado, infelizmente, não pode ser mudado. Mas eles podem mudar o futuro deles, podem fazer algo bom para o mundo, para a sociedade". 

Projeto Esperança no Espaço prevê a ressocialização dos presos e incentivo da ciência
Projeto Esperança no Espaço prevê a ressocialização dos presos e incentivo da ciência
Foto: Acervo pessoal/Lindemberg Lima
Fonte: Redação Byte
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