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Infecção por vermes parasitas pode ser futuro tratamento para colite ulcerativa

Infecção por vermes parasitas pode aliviar doenças intestinais inflamatórias, e pacientes têm se infectado sem supervisão médica ou estudos comprovando eficácia

19 jun 2023 - 20h22
(atualizado em 20/6/2023 às 10h25)
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A infecção proposital por vermes parasitas pode se tornar uma forma de tratamento para doenças intestinais inflamatórias (DII) como a colite ulcerativa, alvo principal de um novo estudo que inseriu ancilostomídeos em pacientes. Acontecendo em ambiente controlado, a investigação procurou notar se o corpo tolerava os parasitas para que sejam feitos estudos de grande escala, visando tornar-se uma terapia no futuro.

Os ancilostomídeos (nematoides como Ancylostoma duodenale ou Necator americanus) se alojam no intestino de seus hospedeiros, que incluem animais e humanos, mas não antes de passar por uma longa jornada. As larvas normalmente entram pela pele, geralmente pelos pés, de onde chegam à corrente sanguínea até alcançar os pulmões.

Foto: CDC/Domínio Público / Canaltech

De lá, são sobem pelo trato respiratório até serem tossidos, chegando à garganta, quando são engolidos e chegam ao seu destino intestinal. Ali, as larvas se tornam adultas enquanto se alimentam do sangue das paredes do órgão, acasalam e têm seus ovos levados para fora com as fezes, repetindo o ciclo.

Parasitas fazem bem?

Pode parecer estranho que um verme parasita do intestino possa fazer bem ao nosso corpo, mas a medicina tem, há muito tempo, notado os benefícios fisiológicos de alguns parasitas em algumas de suas áreas. Há até mesmo casos bizarros de parasitas que podem deixar pessoas mais atraentes.

Estudos já apontaram que a infecção por parasitas helmintos, como ancilostomídeos, tênias e platelmintos pode ajudar no alívio de DII, além de artrite reumatoide, asma, diabetes, esclerose múltipla e eczema.

Acredita-se tão piamente na eficiência do método que alguns pacientes de DII já fazem "uso" dos parasitas mesmo que os dados médicos ainda não apontem para um benefício absolutamente certo do tratamento com os vermes. Isso ocorre principalmente entre indivíduos que sofrem de colite ulcerativa, sem supervisão médica.

Tolerância corporal aos ancilostomídeos

Para descobrir se o corpo humano tolera as pequenas criaturas com menos efeitos adversos do que benefícios, foi conduzido um experimento piloto, randomizado e duplo-cego que utilizou uma pequena amostragem de pacientes com colite ulcerativa. Foram investigadas, principalmente, as chances de um paciente permanecer em remissão de uma crise da doença.

Um grupo de 20 pacientes foi estudado, recebendo 30 parasitas ancilostomídeos cada durante períodos de remissão — com alguns recebendo um placebo — com acompanhamento de 52 semanas, notando se haveria qualquer crise da condição.

Em estudos duplo-cego, tanto os pesquisadores quanto os pacientes não sabem que está realmente recebendo o placebo, embora seja possível notar os ovos dos ancilostomídeos nas fezes, o que tornou mais fácil deixar o grupo do placebo no escuro, mas nem tanto quem recebeu os vermes.

Os efeitos adversos sentidos pelos infectados foram leves, com exames de sangue mostrando que todos desenvolveram eosinofilia (um aumento no número de glóbulos brancos no sangue). Sua qualidade de vida não ficou estatisticamente diferente dos que receberam o placebo.

O estudo gerou a primeira evidência controlada do uso de vermes ancilostomídeos como opção terapêutica contra a colite ulcerativa, de acordo com cientistas, o que deve abrir mão para testes maiores e generalizados, já que a infecção foi tolerada e não afetou negativamente os pacientes.

No futuro, o tratamento pode se tornar uma opção segura sem o uso de medicamentos, o que também pode melhorar a aderência à terapia, já que não seria necessário se medicar diariamente. Falta, agora, verificar a eficácia dos parasitas contra a doença.

Fonte: Inflammatory Bowel Diseases, Medical Xpress

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