Hantavirose mata criança em SC; conheça a doença e como evitá-la
Doença que deriva de mordida de rato matou garoto de 11 anos na cidade de Urubici, em Santa Catarina; entenda cuidados e prevenção
A confirmação da causa da morte de um menino de 11 anos em Urubici (SC), foi concluída nesta quarta-feira (21). Foi decorrente de hantavirose, uma doença infecciosa transmitida por ratos silvestres. A Secretaria Municipal de Saúde tem alertado para o crescimento de ratos silvestres na Serra catarinense. Só neste ano no estado, já foram confirmados seis casos de hantavirose, dentre os quais quatro causaram mortes.
O vírus surgiu em 1978, quando o agente etiológico da febre hemerológica coreana foi isolado em um pequeno roedor infectado, da especíe Apodemus agrarius, perto do rio Hantan, na Coreia do Sul. Daí vem o seu nome. O caso em Santa Catarina atenta para cuidados necessários na prevenção da doença, portanto saiba mais sobre ela.
O que é hantavirose?
De acordo com o Ministério da Saúde, a hantavirose é considerada uma “zoonose viral aguda”, ou seja, que parte de animais para humanos na forma de um vírus (o hantavírus), e pode se apresentar na forma de uma Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus (SCPH) ou de uma Febre Hemorrágica com Síndrome Renal (FHSR).
Na América Latina, o primeiro caso é mais comum. O diagnóstico pode ir desde “doença febril aguda inespecífica” até uma síndrome da angústia respiratória (SARA).
O reservatório natural desse vírus são os roedores silvestres, e ele pode ficar alocado na urina, fezes ou saliva dos bichos, que contaminam o ambiente. Caso um humano inale odores dessas substâncias contaminados ou sua pele entre em contato com elas, pode contrair a doença. Mordidas do animal também transmitem o vírus.
Normalmente, os humanos inalam as partículas do vírus suspensas no ar, e cerca de duas semanas após o contato, os sintomas começam a aparecer. No entanto, o período de incubação pode ir de um a cinco semanas, com variação de três a 60 dias. Os principais sintomas, no início da doença, são:
- Febre;
- Vômitos;
- Dor de cabeça e dor no corpo;
- Dor nas articulações;
- Dor lombar;
- Dor abdominal;
- Sintomas gastrointestinais.
Quando evolui para um quadro cardiopulmonar, o quadro costuma ser de:
- Febre;
- Dificuldade de respirar;
- Respiração acelerada;
- Aceleração dos batimentos cardíacos;
- Tosse seca;
- “Pressão baixa”.
É nessa fase que pode haver o comprometimento dos pulmões, coração ou rins, o que pode ser muito grave. Pode surgir também edema pulmonar não cardiogênico – daí a possibilidade de o paciente evoluir para insuficiência respiratória aguda e choque circulatório.
Como evitá-la?
A doença é considerada muito grave e, infelizmente, não há tratamento para ela. Como a condição pode levar ao colapso dos rins e do sistema cardiopulmonar, recomenda-se acompanhar para eliminar os sintomas e deixar o paciente estabilizado. Mas há diversas formas de evitar.
Profissionais e pessoas expostos em zonas rurais – como foi o caso do garoto de 11 anos – precisam ter mais cuidado, assim como os trabalhadores da saúde que investigam o local da infecção. Especialmente os envolvidos em atividades agropecuárias e de reflorestamento, encarregados de limpeza de galpões, celeiros e armazenamento de alimentos.
Portanto, a recomendação do Ministério da Saúde é que sejam utilizadas máscaras PFF3, luva, avental e óculos de proteção nesses locais de risco. Todo profissional exposto também deve ser orientado sobre os riscos e sintomas da doença.
Para pessoas que vivem em regiões que apresentam risco, também é indicado:
- Manter a casas e arredores limpos e sem vegetações e entulhos que possam abrigar roedores;
- Evitar varrer ou espanar locais que possam ser passagem de roedores, preferindo passar um pano úmido com desinfetante;
- Abrir janelas e portas para deixar o ar e a luz entrarem em locais que ficaram fechados;
- Deixar os alimentos fora do acesso a roedores;
- Lavar utensílios de cozinha que estejam guardados por muito tempo, antes de usá-los;
- Lavar mãos e alimentos antes de comer.
Para diagnosticar a hantavirose, é preciso realizar um exame de sorologia em laboratório. A técnica mais utilizada é a do ELISA-IgM, pois cerca de 95% dos pacientes têm IgM detectável no início dos sintomas. Porém, o RT-PCR também é usado, embora mais como um exame complementar para pesquisa.
Assim que houver suspeita do diagnóstico, a pessoa deve se dirigir ao hospital para realizar o exame e se submeter às medidas de apoio.
Fatores ambientais podem influenciar no aumento do registro de casos, como o desmatamento e a expansão das cidades para áreas rurais e de grande plantio. Atualmente, no Brasil, as regiões mais afetadas pela hantavirose são Sul, Sudeste e Centro-Oeste.