Estudo vai investigar efeitos da cannabis contra psicose
Universidade de Oxford começa a estudar o uso da cannabis medicinal no tratamento e na prevenção da psicose. Cerca de mil voluntários devem ser recrutados
Cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, vão testar os efeitos da cannabis medicinal como tratamento para pacientes com tendência ou psicose diagnosticada. No total, mil voluntários serão recrutados para o estudo clínico que se estenderá por outros países da Europa e da América do Norte.
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Hoje, a principal forma de tratamento da psicose — um tipo de transtorno mental marcado pela desconexão da realidade — consiste no uso de antipsicóticos. Embora sejam eficazes para alguns pacientes, há risco de efeitos adversos significativos. Além disso, alguns indivíduos simplesmente não respondem aos compostos, o que demanda novas pesquisas, como a de Oxford.
Como será o estudo com a cannabis contra a psicose?
Para ser recrutado para a pesquisa sobre o impacto do uso da cannabis no transtorno, o paciente deve se enquadrar em um dos seguintes grupos:
- Indivíduo com alto risco clínico para a psicose;
- Pessoa que já sofreu com algum episódio psicótico;
- Psicóticos que não responderam ao tratamento convencional.
Os mil recrutados selecionados serão divididos em dois grupos, conforme a medicação que receberem: extrato de cannabis medicinal ou placebo (substância sem efeito relacionado com o quadro). O estudo será duplo-cego, ou seja, os participantes não saberão o que estão tomando.
Cabe destacar que, no experimento, será usado um composto com 99% de canabidiol (CBD), substância derivada da planta sem nenhum princípio psicoativo. No Reino Unido, este composto já pode ser usado em crianças afetadas gravemente por convulsões.
"Muitas pessoas com psicose estão abertas a experimentar o canabidiol e estudos anteriores, de menor escala, indicaram que ele tem efeitos benéficos. Além de tratar a psicose já estabelecida, o estudo também investigará se o canabidiol pode prevenir o aparecimento de psicose em pessoas com alto risco de desenvolvê-la", afirma Philip McGuire, professor de psiquiatria em Oxford e líder do estudo, em comunicado.
Novos remédios à base de cannabis
Vale lembrar que, hoje, a ciência vive um dos melhores momentos para o estudo dos efeitos da cannabis no corpo humano. Por muitos anos, este tipo de pesquisa foi proibida e até criminalizada. No entanto, evidências crescentes apontam para os benefícios de produtos extraídos da planta, quando bem aplicados e investigados de forma séria.
No Brasil, também é possível visualizar esta abertura no campo da pesquisa. Por exemplo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, pela primeira vez, uma plantação de cannabis para fins científicos. O espaço será gerido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e, a partir dela, serão testadas formulações contra distúrbios neurológicos e psiquiátricos.
Mais recentemente, a Anvisa concedeu autorização para que o Hospital Albert Einstein investigue o uso da cannabis em pacientes com enxaqueca crônica. Cerca de 110 pessoas poderão ser recrutadas pela pesquisa, que pode apresentar novas formas de uso para os derivados da planta.
Fonte: Universidade de Oxford
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