Entenda a diferença entre 4G e 3G plus
Enquanto a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Procon travam uma batalha pela melhoria dos serviços oferecidos pelas operadoras de celular brasileiras, milhões de pessoas em toda a Europa e em países como Estados Unidos, Porto Rico e Uruguai navegam a velocidades até dez vezes maiores que as praticadas pela internet móvel no País.
Na América Latina, já existem seis redes móveis capazes de transmitir vídeos em HD - nenhuma no Brasil. Contudo, a realidade da internet móvel brasileira está prestes a mudar. E vai ser na marra.
As operadoras de telefonia têm até abril de 2013, meses antes da Copa das Confederações, para proporcionar a tecnologia 4G nos principais pontos de uso - aglomerações de jornalistas, torcedores e turistas em geral - das cidades-sede (Fortaleza, Recife, Salvador, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro). Nos demais pontos dessas cidades, as teles devem disponibilizar um upgrade do já conhecido 3G (o 3G plus ou 3G mais) para a mesma data.
Segundo Eduardo Levy, diretor executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil), os investimentos em 2012 totalizarão R$ 25 bilhões. Para o diretor da organização 4G Americas para América Latina e Caribe, Erasmo Rojas, há um grande potencial de mercado a ser explorado. Em meio a tantas cifras, siglas e opiniões, o consumidor, mais uma vez, perde o sinal.
Tecnologia exigirá nova estrutura em todo o país
Para montar redes 4G - dez vezes mais velozes do que a 3G -, é preciso investir em novos equipamentos no Brasil inteiro. Já a rede 3G plus é uma versão mais robusta do já existente 3G e pode usar a mesma estrutura para operar, só que com capacidade de velocidade três ou quatro vezes maior.
"O prestador de serviço tem hoje três situações complicadas: tem que atender as queixas dos usuários e responder ao governo, tem que começar a se preparar para as redes mais fortes com o 3G plus e o 4G e tem que fazer isso realmente acontecer muito rápido", analisa Rojas. O especialista chama a atenção para o curto tempo que as empresas terão para fazer essa migração e acredita que é preciso ter uma grande rede de colaboração entre as peças envolvidas, especialmente governo e empresas, para que se possa proporcionar o serviço necessário a quem vai fazer a cobertura da Copa do Mundo no Brasil.
De acordo com Levy, os planos que estão sendo apresentados à Anatel em função das recentes punições às teles já compreendem a evolução da tecnologia de internet móvel. "Esses planos já estavam prontos. Não tem como fazer planejamento assim em tão pouco tempo", explica. A grande questão é se esses investimentos vão, depois da Copa, se estender por todo o território nacional. As cotas de 4G vendidas pela agência reguladora para as empresas de telefonia móvel compreendiam até as regiões mais remotas do Brasil, mas Levy não tem como precisar uma data exata para a conclusão da implantação.
A alta capacidade de transmissão de dados vai possibilitar que fotos, vídeos, áudio e texto sejam transmitidos com maior facilidade. Rojas garante que, em países onde o 4G já é uma realidade, essa tecnologia móvel está batendo de frente com a internet fixa das residências. A competição deve trazer vantagens ao consumidor, na medida que há mais players no mercado.
A única questão é que os aparelhos para 4G devem chegar ao Brasil com preços bem salgados. "É um investimento custoso por parte das empresas. Tem que começar pouco a pouco e, para funcionar, precisa da receita que vem do 3G, mas é importante para o Brasil responder às necessidades de tráfego de vídeo dos eventos e também evoluir com a rede 3G plus", explica Rojas.