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Criador do jogo vencedor do 'Oscar dos games' deixou gigante do setor para investir em projeto pessoal: 'Estava entediado'

'Clair Obscur: Expedition 33' foi um sucesso de vendas e crítica — e impressionou até o presidente da França.

12 dez 2025 - 08h56
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Clair Obscur: Expedition 33 foi aclamado pela crítica
Clair Obscur: Expedition 33 foi aclamado pela crítica
Foto: Sandfall Interactive / BBC News Brasil

Clair Obscur: Expedition 33 foi eleito o Jogo do Ano no The Game Awards — uma premiação que é considerada uma espécie de Oscar do mundo dos games.

O jogo francês do tipo RPG dominou nove das dez categorias em que concorreu, com vitórias em melhor narrativa, melhor música e melhor atuação.

Na categoria principal, o game superou a concorrência de Death Stranding 2, Donkey Kong Bananza, Hollow Knight: Silksong, Hades 2 e Kingdom Come: Deliverance 2.

O jogo foi elogiado por sua narrativa emocionante e pelo uso de batalhas no estilo clássico. O game também ficou famoso por causa da história da empresa — a Sandfall Interactive — que foi formada por um grupo de funcionários que deixaram a gigante dos jogos Ubisoft para criar o projeto dos seus sonhos.

Ao receber o prêmio de Jogo do Ano, o diretor Guillaume Broche — usando uma boina vermelha e uma camiseta listrada, como a de um dos personagens do jogo — disse que o ano tinha sido "estranho" para o estúdio e agradeceu à sua equipe.

Ele também agradeceu aos "heróis anônimos" da indústria — "as pessoas que fazem tutoriais no YouTube sobre como criar um jogo, porque nós não tínhamos ideia de como fazer um antes".

Pandemia e criatividade

Em 2020, no auge da pandemia de Covid, Guillaume Broche era como milhões de outras pessoas ao redor do mundo.

"Entediado com o trabalho e querendo fazer algo diferente."

Trabalhando para a gigante francesa de jogos Ubisoft na época, ele teve a ideia para seu próprio projeto: um jogo RPG inspirado em um de seus jogos favoritos da infância, a clássica série japonesa Final Fantasy.

Esse projeto acabaria virando Clair Obscur: Expedition 33 que, cinco anos depois, se tornou uma sensação.

O jogo vendeu um milhão de cópias em apenas três dias, liderou as paradas do Spotify com sua trilha sonora e até recebeu elogios do presidente francês Emmanuel Macron.

Mas uma das coisas mais notáveis sobre o jogo é a história de como foi feito — após mensagens aleatórias do Reddit, "muita sorte" e uma abordagem incomum para o desenvolvimento de jogos.

Expedition 33 se passa em Lumière, um mundo fictício dominado por um enorme monólito com um numeral brilhante em sua face.

A cada ano, uma entidade conhecida como The Paintress ("A Pintora") emerge e diminui o número em um, fazendo com que todos daquela idade desapareçam. O jogo acompanha um grupo em uma missão para destruir o ser misterioso.

É uma premissa intrigante para uma história épica, mas a estética do jogo, inspirada na França do século 19, e suas batalhas à moda antiga também o diferenciam.

O consenso geral no mercado, quando Guillaume começou a trabalhar no projeto, era que os gamers não queriam um jogo desse tipo.

Mesmo assim ele insistiu. Há cinco anos, ele começou a recrutar pessoas, enviando mensagens no Reddit e em fóruns online.

O Expedition 33 se passa em uma versão fantasiosa de Paris
O Expedition 33 se passa em uma versão fantasiosa de Paris
Foto: Sandfall Interactive / BBC News Brasil

Uma das pessoas que respondeu ao chamado foi Jennifer Svedberg-Yen, que estava em confinamento na Austrália na época, por causa da pandemia.

"Vi uma publicação no Reddit do Guillaume pedindo dubladores para gravar algo de graça para uma demo", diz ela.

"Pensei: 'Nunca fiz isso, parece legal', então enviei um teste para ele."

Jennifer foi inicialmente escalada para um papel importante em uma versão inicial do jogo, mas acabou mudando de função para se tornar a roteirista principal da equipe.

Guillaume acabou deixando a Ubisoft e fundou a Sandfall Interactive para trabalhar em tempo integral em Clair Obscur a partir de sua base em Montpellier, na França.

Após garantir financiamento da editora Kepler Interactive, a equipe principal cresceu para cerca de 30 pessoas.

Muitas delas foram encontradas de maneira inusitada, assim como aconteceu com Jennifer.

Jennifer Svedberg-Yen e Guillaume Broche assumiram várias responsabilidades diferentes na criação do jogo
Jennifer Svedberg-Yen e Guillaume Broche assumiram várias responsabilidades diferentes na criação do jogo
Foto: Sandfall Interactive / BBC News Brasil

O compositor Lorien Testard, que nunca havia trabalhado em um videogame antes, foi descoberto por meio de publicações no site de música SoundCloud.

"Eu chamo isso de efeito Guillaume. Ele é muito bom em encontrar pessoas realmente legais", diz Jennifer.

Guillaume, com mais modéstia, atribui seu sucesso à Covid — pessoas buscando formas de usar sua criatividade — e também a "muita sorte".

"É sempre a mesma história", diz ele. "Eu tenho uma lista de 15 pessoas para contatar e penso: 'Ok, provavelmente não vou conseguir falar com ninguém'.

"E toda vez a primeira pessoa diz: 'Sim, vamos nessa'."

Mas Guillaume admite que mirou em pessoas que pareciam estar "em sintonia com a direção" que ele queria dar ao projeto.

"Com Lorien, quando discutimos o jogo pela primeira vez, nós dois tínhamos exatamente as mesmas referências", diz ele. "Nós amávamos as mesmas coisas. Assistíamos às mesmas coisas. A discussão fluiu muito bem."

Expedition 33 também foi amplamente elogiado pela sofisticação da sua produção, rivalizando com os de jogos desenvolvidos por centenas, até mesmo milhares de pessoas.

Guillaume Broche recebeu o prêmio principal no The Game Awards
Guillaume Broche recebeu o prêmio principal no The Game Awards
Foto: Picture Group / BBC News Brasil

Guillaume atribui parte disso aos recentes avanços nas ferramentas usadas para se criar jogos, que permitiram à equipe trabalhar com mais eficiência.

Ter o apoio da Kepler permitiu que o estúdio atraísse atores como Charlie Cox, de Demolidor, Andy Serkis, astro de O Senhor dos Anéis, e os atores de videogames Jennifer English e Ben Starr.

E embora a Sandfall tenha contado com a contribuição extra de estúdios de apoio, músicos e outros especialistas, Jennifer e Guillaume dizem que a equipe principal acabou "desempenhando várias funções diferentes".

"Então, todos nós contribuímos e fazemos partes diferentes, coisas que podem estar fora de nossa função tradicional", diz Jennifer, que também foi responsável pela tradução do jogo para diferentes idiomas.

"Temos, eu acho, uma equipe incrível, composta principalmente por pessoas em início de carreira, mas que são incrivelmente dedicadas ao projeto e talentosas", diz Guillaume.

"De alguma forma funcionou, o que ainda não faz sentido para mim depois de todos esses anos."

*Com informações de reportagem publicada em maio de 2025.

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