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Como as redes sociais alimentam pânico de novos atentados em escolas

Torna-se cada vez mais difícil discernir ameaças reais de trolls querendo causar medo generalizado

11 abr 2023 - 14h24
(atualizado em 12/4/2023 às 16h51)
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A semana do dia 10.abr começou fervorosa nos grupos de WhatsApp, repletos de pais e mães preocupados com a segurança de seus filhos e filhas, com medo de mais ataques em escolas.

Foto: Núcleo Jornalismo

O temor é compreensível, após dois atentados fatais em 10 dias e repetidos incidentes de adolescentes armados com facas.

Mas, em meio a ameaças reais, o pânico tem sido constantemente inflado pela dinâmica clássica das redes sociais - especialmente nos apps de mensagem como WhatsApp - sob a qual é mais fácil e rápido espalhar uma informação do que verificá-la ou tirar sentido dela.

"Quanto mais se divulgam as ameaças recebidas, mais a gente dissemina o pânico. As Secretarias de Segurança que estão recebendo as ameaças não deveriam divulgar os dados", argumenta Catarina Santos, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília.

A intenção de compartilhar alertas pode até ser boa, mas os resultados são bastante nocivos - como cancelamento de aulas, criação de políticas públicas equivocadas e podem até motivar estudantes a irem armados para a escola.

No meio de boas intenções que causam alarmismo, alguns atores que querem apenas causar pânico criam conteúdos nas redes com a expectativa de que sejam compartilhados organicamente, ajudando a manter o sentimento generalizado de insegurança.

"Grande parte do que nós estamos vivenciando hoje pode vir de uma ação articulada de disseminação do pânico", diz Santos.

"Quando esses grupos provocam esse ataque a disseminação do pânico, você pode fazer os estudantes muitas vezes irem pra escola com armas, não pensando em atacar alguém mas muitas vezes pensando em se defender", disse ela.

As redes sociais, especialmente as que possuem sistemas fracos ou inexistentes de moderação, são o cenário perfeito para esses ataques, à medida que muitos jornalistas e especialistas pararam de morder as iscas dessa cobertura.

"Na última semana, depois do último caso, vimos os meios de comunicação e as redações dos grandes jornais tentando aprender como cobrir esses fatos de uma outra forma", disse Santos. "Acontece que as redes sociais não estão na mesma lógica, pois são um espaço de todo mundo."

Segundo ela, informações - falsas ou até mesmo reais - de redes sociais ajudam a fundamentar os boatos que são amplamente disseminados em aplicativos de mensagens.

Assim, forma-se uma avalanche de falsos alertas, rumores infundados e posts anônimos cuja veracidade é basicamente impossível de ser confirmada. O pânico passa a ser reciclado a cada nova informação.

"Esse é um processo que a gente vai ter que lidar, porque na hora que acontece algo dessa forma fica muito mais difícil de controlar a disseminação disso", afirma.

Por Sérgio Spagnuolo

Edição Alexandre Orrico

Núcleo Jornalismo
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