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Tubarões podem esconder chave no combate a vírus humanos

19 set 2011 - 19h51
(atualizado às 20h52)
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Os tubarões são criaturas primitivas, mas seus corpos produzem uma substância sofisticada que demonstra ter características promissoras no combate a um amplo leque de vírus que atacam os seres humanos, da hepatite à febre amarela, informaram cientistas em um estudo divulgado esta segunda-feira. O composto, denominado esqualamina, foi descoberto em 1993, mas o estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academies of Sciences, é o primeiro a explorar seu potencial uso contra vírus humanos.

Imagem mostra escultura da bactéria E. Coli: os artefatos de vidro são aproximadamente 1 milhão de vezes maior que o tamanho real
Imagem mostra escultura da bactéria E. Coli: os artefatos de vidro são aproximadamente 1 milhão de vezes maior que o tamanho real
Foto: Luke Jerram / Divulgação

Os cientistas testaram a esqualamina, produzida a partir do fígado do cação-espinho (Squalus acanthias), em laboratório e em cobaias. Eles descobriram que a substância inibe ou controla infecções virais e em alguns casos pareceu curar os animais dos males que sofriam. A esqualamina foi sintetizada em laboratório em 1995 e não é mais extraída dos tubarões.

O projeto começou quando o chefe das pesquisas, Michael Zasloff, professor de cirurgia e pediatria do Centro Médido da Universidade de Georgetown, enviou amostras de esqualamina a uma série de laboratórios ao redor dos Estados Unidos para teste. As culturas de tecido mostraram que a substância é capaz de "inibir a infecção de células humanas de vasos sanguíneos pelo vírus da dengue e de células do fígado de se infectarem com hepapite B e D", destacou o estudo.

Pesquisas feitas em animais demonstraram que o composto controlou a febre amarela, o vírus da encefalite equina oriental e o citomegalovírus murino, um tipo de vírus herpes que afeta roedores. "É, claramente, uma droga promissora e diferente em seu mecanismo de ação e estrutura química, de qualquer outra substância atualmente investigada para tratar infecções virais", disse Zasloff.

"Nós ainda não otimizamos a dose de esqualamina em quaisquer dos modelos animais que estudamos e, assim, ainda não conhecemos os benefícios máximos terapêuticos e protetores que podem ser ativados nestes sistemas", afirmou. "Mas estamos suficientemente convencidos da promessa da esqualamina como agente antiviral e, por isso, pretendemos levar este composto aos humanos".

A esqualamina é segura para uso em humanos e tem sido considerada uma ferramenta em potencial para combater o câncer e doenças oculares. Alguns testes clínicos para este fim estão em andamento.

"Em alguns dos testes iniciais, a esqualamina demonstrou uma atividade significativa e promissora, tanto em algumas formas de câncer quanto na retinopatia diabética", explicou Zasloff à AFP por e-mail. O cientista descobriu a esqualamina em 1993 e também é conhecido por suas pesquisas sobre as propriedades antibióticas naturais da pele do sapo.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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