Há quatro anos, alguém atropelou um cachorro no Brasil: hoje sabemos que ele não era um cachorro e nem deveria existir
Dogxim não era simplesmente uma curiosidade genética, era um lembrete dos limites confusos entre as espécies em um mundo cada vez mais alterado.
A história se passa em 2021 e poderia ser o início de um filme. Naquele ano, ocorreu um acidente de carro no sul do Brasil. Não era um humano, mas um cachorro, que foi levado às pressas para um centro de reabilitação para tratamento urgente. Os primeiros testes no animal chamaram a atenção dos veterinários. Os testes subsequentes não deixaram dúvidas: ele latia e parecia um canino, mas, na realidade, nunca tinham visto nada remotamente parecido.
Dogxim, o híbrido
Sim, aquele cão estranho exibia um comportamento incomum: recusava-se a comer ração, preferia caçar ratos e subia em arbustos como uma raposa-dos-pampas. O que a princípio parecia uma peculiaridade individual revelou-se uma inovação científica: após meses de análise genética, uma equipe de pesquisadores brasileiros confirmou que se tratava do primeiro híbrido documentado entre um cão doméstico (Canis lupus familiaris) e uma raposa-dos-pampas (Lycalopex gymnocercus), duas espécies separadas por cerca de 6,7 milhões de anos de evolução.
O animal, uma fêmea chamada "Dogxim" (uma combinação de "cachorro" e "graxaim do campo", nome local para raposas), surpreendeu a comunidade científica por sua enorme viabilidade genética, um fenômeno extremamente raro entre diferentes gêneros da família dos canídeos.
Prova do improvável
Para certificar a origem híbrida de Dogxim, os pesquisadores começaram contando seus cromossomos: ele tinha 76, um número intermediário entre os 78 de um cachorro e os 74 de uma raposa-dos-pampas. A...
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