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Egito vai expor tesouro de Tutancâmon em novo museu perto das pirâmides

Com 490 mil metros quadrados, o Grande Museu Egípcio será o maior complexo dedicado a uma única civilização e deve ser inaugurado ainda este ano

4 nov 2022 - 10h45
(atualizado às 11h21)
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Para celebrar os 100 anos desde que a tumba de Tutancâmon foi descoberta no Vale dos Reis, o Egito pretende inaugurar ainda neste ano seu Grande Museu Egípcio, uma enorme estrutura na saída de Cairo, em Gizé, e ao lado das famosas pirâmides. No total, o espaço tem 490 mil m². É nele que os 5.398 itens encontrados com o rei-menino serão expostos, por completo, ao público.

O museu será o maior complexo do mundo dedicado às descobertas arqueológicas de uma única civilização e começou a ser construído ainda em 2005. Seu projeto é assinado pelo escritório irlandês de arquitetura Heneghan Peng. Além de todas as "coisas maravilhosas" enterradas com Tutancâmon, o espaço terá mais de 100 mil relíquias da história egípcia, passando desde os períodos faraônicos aos "mais modernos" da Grécia e Roma antigas.

Entre as relíquias do Rei Tut que estarão disponíveis ao público, um dos destaques é a máscara funerária encontrada em seu sarcófago, feita com ouro puro entrelaçado de pedras preciosas como obsidiana, quartzo e lápis lazúli. Esta última foi levada do Afeganistão ao Egito e apenas a sua presença já indica sinais de uma relação comercial milenar entre os dois países.

"Há tanta informação em um único anel que é possível criar uma tese inteira de doutorado", observa o arqueólogo Thomas Stella, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP). Ele aponta que, apesar de ser menor do que outras encontradas na região do Vale dos Reis, a tumba de Tutancâmon tornou-se a mais importante da história, por ter sido encontrada praticamente intacta, exceto pelos indícios de que foi saqueada logo após o sepultamento do faraó, há mais de 3 mil anos.

Segundo a crença egípcia, os mortos carregam tudo o que precisam para viver no outro plano, o qual seria similar à vida na Terra. Logo, a tumba do Rei Tut foi abarrotada com jóias, vestes, sandálias, roupas íntimas, brinquedos, jogos de tabuleiro, tronos, utensílios, armas etc.

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Posted by Estadão on  Sunday, April 4, 2021

Nos últimos anos, análises apontaram ainda que uma adaga encontrada no túmulo foi forjada com uma lâmina de meteorito, o que pressupõe uma tecnologia de derretimento do ferro bem mais avançada do que se esperava para a Idade do Bronze. São tantos tesouros que, na época em que a tumba de Tutancâmon foi escavada, o Egito começou paralelamente a endurecer suas leis sobre propriedades descobertas no país. "Antes, quem pagava a escavação levava tudo embora", explica Stella.

Por reparação histórica e também investimento na indústria do turismo, um dos pilares da economia do país africano, o Egito agora quer incrementar o acervo do museu com peças e artefatos descobertos na região, mas expostos hoje em outros países. "Hoje, nada pode sair de lá e o que está fora vão pedir de volta. Mas não é algo simples, precisa de um convencimento diplomático. A Unesco (órgão ligado às Nações Unidas) faz a medição desse tipo de coisa, mas a tensão existe e é um assunto de política internacional", diz o arqueólogo.

A Pedra de Roseta está entre as relíquias que o Egito pretende retomar. Hoje parte da coleção do Museu Britânico, em Londres, ela foi descoberta por tropas napoleônicas em 1799, próxima ao Rio Nilo, e sua superfície é repleta de hieróglifos gravados. Foi graças a ela que, um século antes de Tutancâmon ser encontrado, o linguista francês Jean-Francois Champollion conseguiu decifrar o que os símbolos egípcios significavam. Com isso, abriu o caminho para inúmeras descobertas arqueológicas que persistem até hoje.

Estadão
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