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Biblioteca de Harvard dá fim à livro feito com pele humana

Equipe da Universidade Harvard removeu pele humana que foi usada na encadernação de um livro "proibido" francês; o material humano pertencia a uma mulher

28 mar 2024 - 15h51
(atualizado às 18h45)
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Nos Estados Unidos, as prateleiras da Biblioteca da Universidade Harvard "escondiam" um bizarro livro. A publicação era estranha não pelo seu conteúdo, mas pelo material usado na encadernação: pele humana, obtida sem nenhum consentimento em vida ou dos familiares. A obra feria inúmeros princípios éticos e, por isso, a capa encadernada com pele humana foi removida, por uma equipe de especialistas.  

Foto: Blake Cheek/Unsplash / Canaltech

Pouco antes deste livro se tornar alvo de polêmica, o exemplar da obra Des destinées de l'âme, escrita pelo romancista français Arsène Houssaye, nos anos de 1880, podia ser consultada por qualquer interessado na Biblioteca Houghton, em Harvard. 

No entanto, os críticos alegavam que o livro encadernado com pele humana violava inúmeros princípios éticos e não respeitava os direitos humanos. Após uma revisão interna de um comitê de Harvard sobre os restos humanos dentro das coleções da universidade, confirmou-se que era preciso dar um fim digno a essa história.

Após remover a encadernação feita com pele humana neste mês, a equipe da biblioteca está conduzindo pesquisas biográficas sobre a origem do livro. Além disso, busca uma maneira de, respeitosamente, "enterrar" os restos mortais da paciente anônima, que era francesa.

História do livro feito com pele humana

O livro feito com pele humana está no acervo da Universidade Harvard desde o ano de 1934, quando foi incorporado após uma doação. Mas as reais origens da bizarra obra são mais antigas e estão conectadas com a França. 

Segundo a história conhecida, o próprio autor Houssaye entregou uma cópia do seu texto para o médico e bibliófilo francês Ludovic Bouland, nos anos 1880. Para encadernar a obra, Bouland supostamente usou a pele que retirou sem consentimento do corpo de uma paciente falecida em um hospital onde trabalhou — muito provavelmente, era um hospital psiquiátrico francês.

Inclusive, há uma nota escrita, feita pelo próprio Bouland no volume, que confirma a procedência macabra: "um livro sobre a alma humana merecia ter uma cobertura humana".

A encadernação realmente foi feita com pele humana?

A história por trás do livro proibido de Harvard gera muitas suspeitas, afinal é assustador pensar em alguém usando a pele humana para encadernar algo. Tanto é que alguns céticos até duvidavam da narrativa, sugerindo que pudesse ser uma fraude.

Para entender as reais origens do material, em 2014, o tecido usado na capa do livro passou pela análise da impressão digital de massas peptídicas, onde foi realmente confirmada a origem humana daquele material. 

Livro feito com pele humana é removida de biblioteca da Universidade Harvard (Imagem: Emily Karakis/Unsplash)
Livro feito com pele humana é removida de biblioteca da Universidade Harvard (Imagem: Emily Karakis/Unsplash)
Foto: Canaltech

Pedido de desculpas da Biblioteca de Harvard

"A Biblioteca de Harvard reconhece falhas passadas na administração do livro que objetivaram e comprometeram ainda mais a dignidade do ser humano cujos restos mortais foram usados para sua encadernação", afirma a entidade, em nota. "Pedimos desculpas às pessoas afetadas negativamente por essas ações", acrescenta. 

Por enquanto, ainda não se sabe quando e nem para onde os restos mortais da mulher serão enviados. Não há um prazo oficial para a conclusão dos procedimentos, que podem levar alguns meses ainda.

Fonte: Universidade Harvard (1) e (2)

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