PUBLICIDADE

Países rejeitam proibição do comércio de ursos polares

Espécie pode sofrer perda de dois terços da população até 2050

7 mar 2013 - 06h49
(atualizado às 18h43)
Compartilhar
Exibir comentários
Ursos polares Uslada e Menshikov caminham pela área destinada a eles no zoológico de São Petersburgo, na Rússia
Ursos polares Uslada e Menshikov caminham pela área destinada a eles no zoológico de São Petersburgo, na Rússia
Foto: Reuters

Os países membros da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Ameaçadas (CITES) se negaram nesta quinta-feira a proibir o comércio mundial de ursos polares, em uma reunião realizada em Bangcoc.

Apesar de todos os participantes terem reconhecido que o urso branco é vítima do aquecimento global, também aconteceu um intenso debate sobre a ameaça adicional que, para muitos, representa o comércio da pele, ossos e dentes do animal. O maior carnívoro terrestre está inscrito no Anexo II da CITES, o que significa uma regulamentação rígida do comércio internacional, mas sem proibição.

Os Estados Unidos, que compartilham com Canadá, Rússia, Groenlândia e Noruega uma população de 20.000 a 25.000 exemplares, desejavam a inscrição no Anexo I, o que significaria uma proibição do comércio. Mas a proposta, que precisava da maioria de dois terços para aprovação, foi rejeitada com 42 votos contrários, 38 favoráveis e 46 abstenções, entre os 126 países participantes na votação.

"O urso polar enfrenta um futuro sinistro e o dia de hoje trouxe mais uma notícia ruim", lamentou Dan Ashe, diretor do serviço americano de pesca e vida selvagem. A espécie pode sofrer uma perda de dois terços da população até 2050.

Segundo analistas citados pelos representantes dos Estados Unidos, quase metade dos 800 ursos brancos mortos a cada ano alimentam o mercado internacional.

A Rússia e diversas organizações militantes, que acolheram os delegados com ursos de pelúcia, também apoiavam o embargo. Os russos estimam que o forte aumento dos preços, de até US$ 50 mil por uma pele de urso na Rússia, alimenta a caça ilegal.

Estudantes protestam contra comércio de espécies ameaçadas antes da abertura do CITES, em Bangcoc, no último domingo
Estudantes protestam contra comércio de espécies ameaçadas antes da abertura do CITES, em Bangcoc, no último domingo
Foto: Reuters

No entanto, nem a secretaria da CITES, nem algumas grandes organizações, como Traffic e WWF, apoiaram a iniciativa americana.

"A diminuição do habitat devido ao aquecimento climático, e não o comércio internacional, é a primeira razão do declínio antecipado da população" de ursos polares, sustentou a WWF.

O Canadá, que possui a maior população de ursos polares do mundo e único exportador, também se opôs firmemente.

"O urso polar provoca muita emoção, é um ícone do Ártico", reconheceu seu representante, Basile Van Havre. "O Canadá (...) se comprometeu com a proteção da espécie, mas isso não quer dizer que a emoção deva guiar" as decisões.

A lógica canadense está fortemente influenciada pelos inuit, minoria autóctone que vive no norte do país, que enviou vários representantes à reunião em Bangcoc.

Uma eventual proibição "afetaria a sustentabilidade de nossas comunidades nas próximas gerações", declarou Tagak Curley, membro da assembleia do território de Nunavut, antes da votação.

Há 40 anos, graças a uma gestão moderna, o número de ursos polares duplicou no Canadá, insistiu o representante, que fez valer a relação única entre seu povo e o animal. Por sua vez, a conferência retirou seis espécies australianas do Anexo I, pelo fato de já terem desaparecido.

O caso mais emblemático é o do tigre da Tasmânia. A espécie foi massacrada pelos fazendeiros, que acusavam estes animais de matar seu gado. O último exemplar conhecido, capturado em 1933, morreu em 1936 em um zoológico de Hobart.

O futuro incerto do urso polar

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade
Publicidade